Ainda a propósito do corte de árvores na circunvalação reproduzimos a seguir uma troca de emails entre Jorge Lira e a Câmara Municipal do Porto que consideramos relevante para esta questão.
De: Jorge Lira
Enviada: quarta-feira, 9 de Junho de 2010 11:59
Para: Gabinete Munícipe CMP
Assunto: Abate de Plátanos na Circunvalação
Importância: Alta
Exº Sr
Presidente da Câmara Municipal do Porto
Dr. Rui Rio:
Será porventura já do seu conhecimento que a EP está em trabalhos na estrada da Circunvalação junto à recta do quartel de transmissões, alegadamente a promover uma “poda” nas árvores – plátanos – quase centenários que aí existem, configurando um conjunto arbóreo a todos os níveis notável, um corredor verde e um maciço paisagístico irreparável.
As árvores em questão estão, a todos os níveis e no referente ao estado fito sanitário, em excelente condição, constituindo um património natural e paisagístico para a Cidade do Porto e Matosinhos, irreparável e único.
Na realidade, a “poda” está a ser realizada … pela raiz.
Solicito, em nome do dever de cidadania a que me obrigo, e em nome dos superiores interesse públicos e da cidade, que Vª Exª, com a autoridade que tem, MANDE PARAR IMEDIATAMENTE COM ESTA BARBARIDADE
Um autêntico CRIME AMBIENTAL
Contra o qual se está a movimentar, em grande escala, a opinião pública Portuense.
De Vª Exª, e do rigor com que conheça a sua governação da cidade, não posso expectar outra atitude que não seja uma intervenção imediata e eficaz contra esta autêntica barbaridade.
Com os Melhores Cumprimentos
Jorge Lira
De: Conta institucional da Divisão de Jardins
Enviada: quarta-feira, 16 de Junho de 2010 10:26
Para: Jorge Lira
Cc: Gabinete Munícipe CMP; Cristina Maria Silveira Azurara da Silva
Assunto: RE:Arvoredo da Estrada Circunvalação
Importância: Alta
Exmo. Senhor
Jorge Lira
Sobre o assunto em epígrafe e em resposta ao contacto estabelecido por Vossa Excelência vêm estes serviços informar que:
O arvoredo em análise é propriedade e responsabilidade da empresa Estradas de Portugal;
Recentemente essa empresa efectuou uma intervenção ao nível da poda de segurança e redução de conflitos com o trânsito de grandes dimensões, bem como de alguns abates de exemplares mecânica e fitossanitariamente preocupantes, alguns deles em estado de pré-morte;
Esta preocupação tem vindo, desde alguns anos, a ser transmitida pelo município, à empresa tutelar, numa tentativa de zelo pela maior segurança dos utilizadores do espaço;
A recente actuação da Estradas de Portugal foi acompanhada por estes serviços em todas as suas fases, desde as podas aos abates das árvores também por nós sinalizadas como mais preocupantes e mesmo perigosas;
Os trabalhos foram efectuados por pessoal qualificado, sendo nosso entendimento que a qualidade final dos mesmos acabou por se mostrar bastante satisfatória.
Paralelamente ao exposto reforça-se a consciência e preocupação deste município, sobre a importância e grande necessidade de manter o património arbóreo do Porto, não só com quantitativos importantes, mas acima de tudo, com um elevado grau de qualidade. Temos por isso e para isso vindo a desenvolver vários trabalhos, sendo uma garantia nossa a continuação de todos os esforços possíveis, orientados para uma cada vez melhor Floresta Urbana, na nossa Cidade.
Com os melhores cumprimentos,
A Chefe da Divisão Municipal de Jardins
(Cristina Azurara, Eng.ª)
———————-
De: Jorge Lira
Data: 16 de Junho de 2010 12:15
Assunto: RE: Arvoredo da Estrada Circunvalação
Para: Conta institucional da Divisão de Jardins
Bom Dia
Srª Engª Cristina Azurara
Chefe da Divisão Municipal de Jardins
Antes de mais,
Agradeço a sua resposta.
Lida a sua mensagem, reitero as minhas preocupações de fundo quanto à gestão efectiva e defesa daquilo a que chama “Floresta Urbana”.
A Complacência – ou concordância – que a sua mensagem manifesta face ao crime ambiental que foi cometido, deixa-me completamente elucidado.
Na realidade, a Srª Engª está completamente equivocada – se não quanto aos factos, sobretudo quanto aos princípios – no que respeita a diversos aspectos da sua mensagem.
Porquanto:
1. O arvoredo será da propriedade “administrativa” da EP: no que respeita à simples posse administrativa. No entanto, o bem comum, a paisagem, o valor ambiental e ecológico que represente, transcende essa posse, sendo um património do colectivo, e por isso mesmo, a sua demolição é um acto de barbárie e de abuso perante os interesses de todos os cidadãos e da “coisa publica”.
2. É completamente mentira que as árvores abatidas estivessem em mau estado fito sanitário ou em estado de pré morte. Eu tenho comigo o “relatório” da EP. Não é um relatório, mas antes um comunicado, e está totalmente eivado de falsidades, verdadeiros disparates onde se, inclusivamente, classifica as árvores em questão como “em risco de queda eminente”- ! – um disparate total. Escrito à medida de quem, por razões que importa apurar, pretendia afinal e ao cabo, deitar as árvores abaixo. Mas também afirma o mesma EP que o abate “havia sido anunciado no seu site” – o que também é totalmente mentira. Não o foi, e com isso cometeu-se senão uma ilegalidade, pelo menos uma irregularidade processual. Convenientemente, convenhamos, pois assim ninguém se pode previamente opor… não é?
3. No que possa haver dúvidas, diversos técnicos – isentos, botânicos, biólogos, arquitectos paisagistas – capacitados para o efeito – cabalmente afirmam o contrário e senão, em limite, as fotografias das árvores abatidas demonstram exactamente o contrário – não só as árvores não estavam em qualquer risco, como estavam em excelentes condições fito sanitárias, como apresentavam todos os sintomas de grande qualidade e excelentes condições, nem só uma apresentava risco de queda ainda que de partes ou de galhos.
4. Esse foi um argumento falacioso, uma conclusão deturpada que alguém pretendeu tirar, para fundamentar um crime ambiental e um abate selvagem de árvores quase centenárias, algumas, com copa de mais de 20 metros de diâmetro e fustes lenhosos totalmente sãos de mais de um metro de diâmetro.
5. Sim, eu vi os serviços municipais participando neste hediondo crime ambiental. Pasmado, incrédulo, mas vi. Lamento deveras ser munícipe numa cidade na qual os serviços ditos “competentes” pactuam com este tipo de atitudes anti-ambientais e se permitem, a troco dos argumentos que me envia, proceder ou pactuar com destruição de um bem paisagístico e ambiental totalmente irreparável.
6. Não questiono a qualificação dos funcionários que realizaram o abate! De facto, a (excelente) madeira recolhida e cortada às medidas convencionais para ir para a serração, foi abatida em escassos dias e retirada de imediato. Sim, o abate foi um sucesso de uma eficácia notável: está totalmente de parabéns, a execução foi um sucesso, os carrascos escolhidos foram totalmente competentes.
7. Poderá a Srª Eng.ª informar-me, ou a quem o pretenda saber, em nome da transparência e da não formulação de suspeitas quanto à gestão do bem público, junto de este e de todos os munícipes interessados, sobre o destino ao qual foram votados os cerca de 150 metros cúbicos de madeira de plátano de 1ª qualidade que foram abatidos e recolhidos?
8. Ou melhor dito, esse volume de madeira, adequado à realização de mobiliário e de soalho, que vale no mercado cerca de 90.000,00€, acrescendo ainda as restantes cerca de 100 Toneladas de madeira para lenha, reverteram a favor de quem? Em que condições? Com que concurso ou procedimento? Creio que a opinião pública tem todo o direito de saber isto, a troco de ter perdido as árvores. Ao menos.
A conclusão da sua missiva, no seu último parágrafo, acaba por ser o mais esclarecedor de tudo: os cidadãos podem de facto ficar totalmente “descansados”.
Porquanto a Srª Engª vem assegurar e referir, e transcrevo, que a “… preocupação deste município, sobre a importância e grande necessidade de manter o património arbóreo do Porto, não só com quantitativos importantes, mas acima de tudo, com um elevado grau de qualidade. Temos por isso e para isso vindo a desenvolver vários trabalhos, sendo uma garantia nossa a continuação de todos os esforços possíveis, orientados para uma cada vez melhor Floresta Urbana, na nossa Cidade…”
Ou seja:
Na sua opinião, que pode ser retirada do seu texto – a melhor forma de preservar e manter a Floresta Urbana na cidade do Porto é … abater as árvores!
Critério absolutamente notável!
Ao menos pela sua originalidade… Agradeço imenso que mo tenha enviado, por escrito. Pois se me fosse contado, não acreditaria.
E agradeço novamente a sua resposta: é uma resposta que reputo de lamentável: mas ao menos, tive direito a uma reposta.
O que não posso tolerar, é que falte ao respeito à minha inteligência.
O seu último parágrafo é da mais elementar falta de respeito para com a inteligência – não apenas a minha – mas a de qualquer ser pensante que ler a sua missiva.
Só pode ser uma brincadeira de mau gosto:
Acha mesmo, seriamente, que depois de ter consentido, e pelos vistos, concordado e ajudado a promover com o abate destas 16 (pelo menos)excelentes árvores, tem o direito de vir dizer que com esse acto contribuiu para a “preservação da Floresta Urbana?”
As árvores já caíram, não podem nos podem ser restituídas.
Foram-nos roubadas.
E terão sido roubadas exactamente por pessoas que, tal como a Srª Engª escreve na sua missiva, acreditam que a “propriedade”, ou seja, o direito de as cortar, advém da jurisdição administrativa e se pode e se deve sobrepor à posse colectiva, ao direito colectivo à paisagem e ao ambiente, ao direito ao bem público e colectivo ao património natural e qualidade ambiental.
Veremos se assim é de facto.
Melhores Cumprimentos
Jorge Lira
Caro Jorge Lira.
Sou um dos responsáveis pelos trabalhos de arboricultura que se realizaram na estrada da circunvalação, inclusive os abates referidos. Desde já lhe digo que a sua in (cultura) ou até mesmo ignorância deixa-o muito longe de conhecer como se comportam as árvores mecanicamente. Tem todo o direito em se manifestar, é muito importante para o dinamismo multifuncional de uma cidade. Mas, sinceramente e pelo que escreveu em resposta a minha colega e no que aborda relativamente aos técnicos que executaram os trabalhos, faz com que não mereça que lhe digam mais nada. Poderia ajuda-lo a sair desse egocentrismo e da falta de coragem que demonstra, digo isto, porque esteve no local, tirou as fotografias e fugiu. Não se preocupou em perguntar aos técnicos presentes o motivo do sucedido. Infelizmente são muito poucos os que se preocupam verdadeiramente com as árvores das nossas cidades e não há ninguém que tenha feito mais do que eu na sua defesa e preservação. Não seja cobarde nem fale na 3ª pessoa, divulgue os relatórios dos seus colegas Biólogos e Arquitectos. Lembre-se que as árvores também têm raiz. Árvores em melhor estado de conservação já mataram pessoas, estas não o fizeram por mera casualidade. Se quer ser Presidente da Câmara terá de se esforçar mais…
Cumprimentos,
Paulo Moura
Senhor Jorge Lira,
Não obstante a paupérrima e duvidosa argumentação do senhor Paulo Moura, que pouco mais foi do que um primário recurso ao insulto, penso que se lhe esgotaria a soberba se os tais relatórios dos biólogos e arquitectos fossem divulgados.
Bem, fico espantado pela agressividade do senhor Paulo Moura, ao atacar uma pessoa que se esforçou para pôr as suas convicções em público. Se a melhor maneira de atacar alguém que (porventura) cometeu um erro ao dizer que as árvores estavam em bom estado, é com mais agressividade ainda, então estamos pessimamente mal servidos. Como é que vem um responsável a público, sem revelar pelo que é realmente responsável, atacar com frases tipo “Não seja cobarde…” ou “…faz com que não mereça que lhe digam mais nada.” deixam-me incrédulo. Desde quando é que responsáveis (de entidades públicas ou privadas não sabemos) vem falar com estes modos em público quando simplesmente se temos provas que corroboram o nosso trabalho, só temos de as apresentar e deixar que falem por si. Atitudes destas são inaceitáveis e dispensáveis.
Caro Paulo Moura.
Os seus esclarecimentos são tão esclarecedores como os da Chefe da Divisão Municipal de Jardins da Câmara Municipal do Porto… Numa cidade onde a autarquia se esforça todos os dias por promover a política do uso do automóvel, acontecimentos deste não me deixam surpreendido. Ainda recentemente se abaterem dezenas de árvores no Freixo em frente a um novíssimo condomínio fechado. Espero que o assunto seja devidamente averiguado e julgado, e os (ir)responsáveis punidos.
Cumprimentos,
Sérgio Caetano
Como sempre, não serei eu quem questione um estudo de avaliação de árvores, se este foi realizado por técnicos REALMENTE qualificados. Uma vez que o sr. Paulo Moura é arboricultor, está certamente qualificado para o fazer. Mas a minha questão é esta: quem fez o estudo, esta empresa de arboricultura ou os técnicos da EP?
No caso de ter sido a EP, nos últimos meses têm sido bem patentes as opções preferenciais (casos de Trancoso e de Azeitão): abate indiscriminado. De tal maneira assim é, que no caso de Trancoso foi o próprio Gabinete de Ambiente da EP que veio posteriormente reconhecer, por escrito, o erro cometido.
Felizmente, a população portuguesa está cada vez mais atenta ao seu património arbóreo, como no caso de Colares. Assim, parece que a EP começou a recorrer a verdadeiros técnicos, como empresas de arboricultura e académicos com trabalho reconhecido nesta área, decisão que é de aplaudir. No entanto, poderá também ser uma indicação da já suspeitada incapacidade dos seus próprios técnicos para realizar este tipo de trabalho, ao contrário do que nos foi afirmado por um responsável regional da EP (ver sítio/blogue da Árvores de Portugal).
O que, como sempre, venho questionar, não é tanto a falta de respeito pela árvores, como a flagrante falta de respeito pelas pessoas, ao não se informar ANTECIPADAMENTE dos estudos e planos que irão afectar os arvoredos. Tal como o sr. Jorge Lira questiona, e com toda a razão.
Se as empresas envolvidas nos abates não apresentam os estudos realizados, como é que se vai pedir às pessoas que publiquem o que até podem ser as opiniões não escritas, mas evidentemente ainda assim válidas, de outros? Os botânicos e paisagistas que poderão ter comentado a situação, não podem já realizar qualquer estudo, uma vez que as árvores foram cortadas sem qualquer esclarecimento ou estudo publicado.
A atenção dada as árvores das nossas cidades é tanta e tão tardia que só dão conta da existência delas quando são cortadas.
Mais uma vez reafirmo ter sido um decisor activo no corte das árvores que tanto se fala. Fi-lo com a convicção e discernimento adequado e de acordo com o rigor, que a profissão me exige. Em minha opinião, afirmo ser necessário, noutros pontos da estrada da circunvalação o corte de mais árvores por muitos outros motivos que não os relacionados com doenças ou danos estruturais. Caso não se faça essa gestão a curto prazo comprometerão um número mais elevado de exemplares.
Não sou contra a manifestação de opinião de ninguém, mas há limites. Não aceito lições de Arboricultura Moderna de fundamentalistas e muito menos de pessoas que não estudam nem trabalham na área. Mas aceito que os meus pareceres sejam escrutinados por pessoas com conhecimento efectivo em arboricultura moderna. Lamentavelmente, só se fala de árvores quando estas são cortadas, mas ninguém está atento as condições a que estão sujeitas desde que se plantam.
Atrevo-me a dizer que mais de 70% das árvores que foram e estão a ser plantadas na cidade do Porto desde a capital da cultura, se encontram mal planeadas, mal plantadas, sem qualquer protecção que lhes valha. Os danos estruturais são tantos que irão condicionar o seu futuro e com toda a certeza antecipar a sua remoção.
Conheço muito bem quase todas as árvores da cidade e tenho registos que comprovam esse meu empenho na preservação das mesmas e no desenvolvimento da arboricultura Moderna. Para as pessoas que ainda se encontram com dúvidas acerca dos motivos que levaram ao corte das referidas árvores, disponibilizo-me em ir com elas ao local para que confirmem com os seus próprios olhos o estado das raízes. Acredito que desta forma, entenderão que a sua remoção foi a solução mais equilibrada e que não restava alternativa. Outras questões se poderão por… verdadeiramente o que levou ao seu corte.
Desafio todos os Arquitectos, Engenheiros, Biólogos, Projectistas e todos os que mais interferem com as árvores no espaço urbano, a debater o futuro das árvores da circunvalação e não só. Pois tenho argumentos e informação recolhida suficiente para dizer que os mesmos, salva algumas excepções, são os principais responsáveis pelo mau planeamento e pelas péssimas condições a que estão sujeitas e pelos danos associados que quase sempre antecipam a sua remoção.
Sr. Paulo Moura:
Li o seu texto, que acho notável. É notável porque sem precisar de dizer mais nada, o Sr. tornou público e evidente quem é, como pensa, e quem tiver o cuidado de ler com atenção os seus textos, até vai entender, bastante da sua psicologia e forma de ser.
Sr. Paulo Moura, eu não pretendo ser presidente da Câmara. Nem de perto nem de longe, e uma das razões para isso é que por experiência própria, sei que os serviços municipais – mau grado muitas pessoas de elevado gabarito e enormes méritos – estão também contaminados com pessoas como o Senhor. Eu não sou cobarde, como me chama, nem fugi do local – acontece que nem fui eu que tirei as fotografias, por acaso… – mas o Senhor escreve no seu texto coisas fantástica sobre isso sem tocar no essencial … que são questões pertinentes e cujas respostas ficam em aberto… saiba o senhor que trabalho com madeiras há décadas, sou Arquitecto e conheço as árvores da plantação ao corte, tenho uma práticaprofissional no campo das madeiras da qual não tenho qualquer vergonha, mas não venho para aqui puxar de qualquer galão, ao contrário do Senhor. Aqui no nosso escritório trabalham arquitectos e paisagistas. No grupo de empresas onde me movimento, há pessoas licenciadas, mestradas e doutoradas e Biologia em várias áreas … o Senhor não é o único “especialista” no mundo – graças a Deus! Se não cortava as árvores todas! – e sem dúvida, não deve tentar tapar o sol com a peneira: JÁ TODA A GENTE PERCEBEU. Sugeria que em vez de atacar de forma sabuja, baixa, caluniosa, explicasse: seria mais útil! Diga lá, então,para onde foram os tais 150 m3 de madeira? E a que Preço? Como foi feita essa licitação? Por exemplo, isto seria útil que se soubesse. Depois, explique lá porque é que as árvores estavam doentes … é que ninguém ainda percebeu … e se nós andamos todos enganados e só o Senhor é que sabe, então, seja pedagógico e explique! Será difícil, porque há coisas que se metem pelos olhos dentro (areia, também) embora para si muito fácil, porquanto elas já foram abatidas e feitas desaparecer – para onde, seria útil saber, repito. Seria útil que um tão grande especialista como o Senhor, que afirma não aceitar lições de ninguém – só não percebo o termo fundamentalista, pois encontrar dois textos mais fundamentalistas, egocêntricos e cheios de soberba e arrogância quanto os seus … será difícil! – mas dizia, uma vez que não aceita lições de ninguém, ensine. Demonstre. Explique a toda a gente, que ainda não entendeu, onde como e porquê essas árvores estavam tão mal… coitadinhas. E sim, as suas raízes podem ser observadas. Disso tenho fotografias! Venha daí essa explicação do inexplicável! E já agora: para analisar a raíz de uma árvore é preciso deitar a mesma abaixo? eheheh… sabendo que o EP anunciou que ia “fazer uma poda” e abater 3 carvalhos (esses sim, coitados, estavam mesmo mal) digamos que foi uma poda … fundamentalista, para usar a sua terminologia.
Não há quem tenha feito mais do que o Senhor na defesa e preservação das árvores da Cidade! Uau. Fantástico! E os outros é que são egocentristas? … enfim: os comentários das outras pessoas que o leram, deixam-me tranquilo. Não é preciso dizer mais: já entendemos quem o Senhor é, e só receio francamente é que possa continuar a fazer o que faz e o que fez, pois se esta é a sua maneira de defender as árvores da Cidade, mal estamos. Por favor, esclareça em vez de amesquinhar e responda franca e abertamente às questões que lhe foram colocadas: não vá alguém, incauto e ignorante como o somos todos à sua beira, pensar que por detrás deste heroi e grande defensor das árvores, que para as defender as abate, se movem outros interesses.
Creia-me disponível para todo e qualquer diálogo interessante, elucidado e fundamentado, creia-me atento e seguidor do que vai fazer a seguir e sobretudo, creia-me indisponível para ser Presidente da Câmara: teria de o demitir, obviamente.
Cumprimentos
Jorge Lira
Sr. Paulo Moura
Depois do meu comentário de ontem, a conversa decorrente com algumas pessoas fez-me enquadrar melhor a sua posição neste assunto – não como funcionário Municipal, como deu a entender no seu texto, quiçá, deliberadamente, quando saiu em defesa da sua “colega” da CMP, mas como agente activo e empresário, participando neste negócio de uma forma que creio, urge esclarecer. Creio que fica pouco a pouco mais clara a sua tentativa de desestabilização lançada pelo seu texto inicial, claramente provocador. Mas para entender a verdade DE FACTO aqui vamos tentar esclarecer tudo.Para isso, fará o favor responder SIM ou NÂO a cada uma das perguntas que abaixo lhe são dirijidas, de forma inequívoca – sem qualquer margem para erradas interpretações.
Reitero que não lhe estou a realizar qualquer acusação, mas apenas e somente a colocar questões pertinentes e oportunas, que para bem da tranquilidade de todos, teremos de ver respondidas. Reitero ainda que espero sinceramente que Vª Exª responda “Não” senão a todas, pelo menso a uma série delas, para podermos ficar todos mais em paz quanto a este assunto sinistro.
Se Vª Exª responder sim, ou se no prazo de 48 horas não responder, perdoar-me-á, mas em nome da defesa do interesse público serei obrigado a tentar saber mais e em última análise, irei proceder ao envio de todas as minhas dúvidas para quem de direito para o Investigar – Polícia Judiciária e Ministério Público.
Aguardo pois o favor da sua resposta verdadeira e categórica às seguintes perguntas:
1. É ou não verdade que Vª Exª é sócio de uma empresa de arboricultura e jardinagem? E que a sua empresa se dedica a podas e abates de árvores, entre outras actividades?
2. É ou não verdade que foi Vª Exª que prestou serviço sendo contratado para emitir um parecer sobre o estado das árvores em questão da Circunvalação?
3. É ou não verdade que esse serviço lhe foi adjudicado por ajuste directo? Se assim não foi, por favor esclareça qual o processo de consulta pública a que se submeteu.
4. Posteriormente à emissão do seu parecer – cujo teor nos abstemos de comentar pois já sabemos a sua opinião – é ou não verdade que foi contratada uma empresa para proceder ao abate dessas árvores?
5. E, nesse contexto, é ou não verdade que essa contratação se fez, novamente, pelo processo de ajuste directo? Se desconhece, por favor informe, se conhece e não foi por ajuste directo, por favor descreva o processo de consulta pública.
6. É ou não verdade que a empresa afinal contratada para abater e remover as árvores foi, afinal e ao cabo nada mais nada menos do que a empresa de Vª Exª? Por favor informe se assim não foi, e nesse caso, explique o seu envolvimento no assunto.
7. É ou não verdade que desse abate, a empresa de Vª Exª (ou outra que Vª Exª irá informa qual)se apoderou ao final da operação de cerca de 150 m3 de madeira de plátano com secções de tronco variando entre 1m e 30cm?
8. É ou não verdade que além dessa madeira, a empresa de Vª Exª (ou outra que Vª Exª irá informa qual)se apoderou ao final da operação também de cerca de 100 toneladas de lenha, com aproveitamento comercial?
9. É ou não verdade que a madeira de Plátano, em termos de mercado e em termos comerciais, comercializada em prancha atinge valores da ordem média de 600€ por m3?
10. É ou não verade que a lenha com valor comercial é coercializada em termos correntes e de mercado por valores da ordem de 100€ / m3?
11. É ou não verdade, portanto, que o valor das árvores abatidas e removidas pela empresa – que Vª Esclarecerá se foi a sua ou outra – ascende estimativamente a 90.000€ em madeira + 10.000€ em lenha, numa valor estimativo total de 100.000€?
Queira por favor Vª Exª produzir comentário e escalrecimento
Sobre o conteúdo do relatório emitido, e para que não restem dúvidas, fique sabendo que exsite um “contra-relatório” elaborado por técnicos competentes e sibscrito por técnicos capacitados e divulgado sob a responsabilidade da QUERCUS que em tudo contradiz a sua opinião, considerando o abate totalmente errado, abusivo e fundamentado em pareceres de todo descabidos face à real situação das árvores.
Noutro contexto, esta situaçãopoderia não ter qualquer importância, tratando-se apenas de dois pareceres técnicos contraditórios. Mas patentes as dúvidas que acima importa esclarecer, reconhecerá que é da mais elementar importância saber se o seu relatório manifestava, de facto, a sua opinião técnica sincera, e por isso poderemos considerar ou não que Vª Exª, em limite, poderá ter sido incompetente, ou se porventura o seu parecer foi dirigido intencionalmente para que o abate fosse realizado de facto, conduzindo o assunto para que de uma forma ou de outra, houvesse produto ou participação sua em negócio inerente ao respectivo abate. E se assim for, poderemos tirar conclusões e afinar procedimentos, não apenas contra Vª Exª mas contra todos os que, eventualmente, de foram activa ou passiva alinharam neste assunto que conduziu ao abate.
Saiba que o sentimento colectivo é que as árvores nos foram roubadas. De facto, o público perdeu-as.
Desejo, sinceramente, que se venha a apurar que nos foram roubadas por 3 razões, de ordem decrescente:
1ª – porque Vª Exª tem razão e mesmo aparentando vender saúde, estariam moribundas
2ª – por incompetência, pois mesmo estando a vender saúde, Vª Exª foi capaz de as considerar moribundas, sem qualquer interesse nisso
3ª – por interesse patente, manifesto e demonstrável de um ou mais intervenientes no processo de abate, sendo um dos intervenientes e assumidos, Vª Exª.
Fique ciente que isto irá ser apurado, tanto quanto o possível – e espero a sua melhor contribuição para esse efeito.
Melhores Cumprimentos
Jorge Lira
Boa tarde,
subscrevo as preocupações do senhor Arquitecto Jorge Lira e também eu, como Portuense e defensor da natureza, gostaria de conhecer as respostas do senhor Paulo Moura.
Cumprimentos
HC
A Associação Árvores de Portugal pediu, formalmente, à Estradas de Portugal, a divulgação, na íntegra, do estudo que, supostamente, fundamentou a decisão de abater estas árvores.
Caso estejam interessados em conhecer a resposta da EP e a nossa contra-resposta, por favor consultem: https://www.arvoresdeportugal.net/2010/06/resposta-da-ep-ao-pedido-pedido-de-informacao-a-estradas-de-portugal-%E2%80%93-platanos-da-circunvalacao/
Obrigado.
Cumprimentos.
A Chefe da Divisão Municipal de Jardins da CMP diz que “O arvoredo em análise é propriedade e responsabilidade da empresa Estradas de Portugal”.
No entanto, a resposta do Gabinete de Ambiente da EP que recebemos na Árvores de Portugal, refere que o motivo para a debilidade das árvores (debilidade ainda por provar, pois continuamos a aguardar a publicação do relatório das análises) se deve às várias obras lá efectuadas. Quem fez ou autorizou estas obras?! Tanto quanto me parece, a CMP e a CMM que, depois da resposta transcrita neste texto, se remetem ao silêncio. Aliás, esta Chefe de Divisão assume que foi a CMP que pediu a intervenção.
Ou seja: destroem as árvores e as suas raízes e depois vão pedir à EP que as corte. A EP contrata uma empresa que dá um parecer (ainda por fundamentar) e que abate as árvores, enquanto os serviços da Divisão Municipal de Jardins acompanham os trabalhos, que tiveram uma “qualidade final bastante satisfatória”.
Sinceramente estou cansado de trabalhar e não tenho mais tolerância para alimentar polémicas injustificadas e imaginárias. Não devo justificações a ninguém nem temo o que dizem de mim.
Tenho um grande sentido de orientação. Só que… perco-me muitas vezes.
Sr, Paulo Moura
Patente a sua “resposta”, imagino que sim, que esteja cansado de trabalhar quiçá em preparação de novos abates na Circunvalação (ou quejandos – o Sr. bem sabe que não são exemplo único) pois como o Sr. afirma no seu segundo texto – será a preparar o terreno? – ipsis verbis diz que “…afirmo ser necessário, noutros pontos da estrada da circunvalação o corte de mais árvores por muitos outros motivos que não os relacionados com doenças ou danos estruturais…”
Imaginamos que esses motivos sejam de facto outros, que lhe interesam, mas em que nada importa a saúde da próprias árvores. Imaginamos, patente o sucedido e a sua falta de clarificação temos o direito de imaginar tudo.
Fique ciente que as árvores em questão estão a ser todas fotografadas e catalogadas uma por uma, para que no futuro o Sr. não possa novamente, com um relatório … diria, para ser brando … anómalo, vir afirmar que as mesmas estão em “die back” em 60% da copa!!! Estamos a realizar, com técnicos capacitados, um levantamento desas árvores uma por uma, para que “In perpetuam rei memoriam” à data de 2010 o Sr. não possa no futuro vir elaborar relatórios fantásticos ou fantasiosos sobre o estado das mesmas, em antecipação do abate dos mesmos por uma empresa que resta saber ainda se é sua… ou não!
Por isso, ao contrário do que afirma, o Sr. e perante o que aqui escreveu, não se tratando de nenhuma polémica injustificada, deve de facto justificações a toda a gente.
Trata-se de um assunto de manifesto interesse público em que o Sr. assumiu responsabilidades pessoais publicamente e por escrito e por isso as justificações são devidas – e quiçá muito mais do que justificações.
Não é a sua pessoa que está em questão, mas as suas acções e as suas ligações bem como a legalidade (no mínimo, a ética subjacente) que está em questão.
Já agora: por favor informe do que é feito das análises de diagnóstico prévio que supostamente terá sido realizado e que seriam subjacentes ao seu relatório e o suportariam: é que ninguém as encontra!
E conviria esclarecer onde é que as fotografias que constam do relatório foram tiradas… porque estão identificadas pelo EP como sendo suas: mas analisando-as há indícios evidentes que (por um edifício que aparece em fundo e que reconhecemos) … as fotos … não são da zona do abate!
Enfim, tudo assuntos que o seu “sentido de orientação” lhe dirá se deve esclarecer ou não…
Poderá não o esclarecer aqui por falta de tolerância: mas esperamos bem que tenha de o esclarecer em breve perantes as instâncias adequadas.
Porquanto:
Como no prazo de 48 horas o Sr. não esclareceu ninguém sobre o que lhe foi solicitado, fique ciente que o grupo de cidadãos que aqui represento remeterá – ou em alguns casos já remeteu – a devidas instâncias toda a documentação que possui acompanhada dos respectivos pedidos de investigação sobre este assunto.
Não apenas às instâncias de investigação adequadas, do foro cível e criminal, mas a todo e qualquer fórum público adequado para promover amplo debate sobre este caso: para que o sacrifício destas árvores abatidas por si e pelas suas decisões – assim o assumiu o Sr. – sejam, ao menos, um altar sobre o qual se possa fundar um novo enquadramento de protecção e salvaguarda deste património publico, mantendo-o no futuro bem longe das mãos de pessoas como o Senhor.
Se no caminho for apurado alguma matéria de carácter cível ou criminal, – as tais justificações que o Sr. diz não ter que prestar -pois bem, que as preste se for disso o caso.
Seja como for, a partir deste momento, passaremos à acção e deixaremos a palavra. O assunto já não está nas nossas mãos, subiu a quem de direito.
Acreditamos no direito e na justiça.
Recomendaria, por fim, que se mantenha afastado dos restantes plátanos da Circunvalação: eles estão mais vigiados, estudados, fotografados, catalogados e analisados do que o Sr. possa pensar, em prevenção dos seus futuros eventuais “relatórios” em abono do seu abate.
Jorge Lira
Tal como pediu o senhor Rui Valente, seria de todo o interesse que estes estudos que o senhor Jorge Lira refere, fossem disponibilizados e tornados públicos, de forma a que a EP perceba que o universo de pessoas informadas é agora muito maior. Para isso, creio que este espaço da Campo Aberto seria uma possibilidade, bem como o nosso blogue/sítio da Árvores de Portugal, o portal da Quercus entre outros. Assim, fica o convite a que se facultem os dados obtidos até ao momento, bem como os autores desse meritório trabalho.
Através de contacto telefónico com o Gabinete de Ambiente da EP e reenvio da mensagem que publicamos no dia 29 de Junho (uma vez que esta não tinha chegado ao destinatário naquela data), renovamos o pedido de que o relatório pormenorizado da avaliação das árvores seja tornado público.
Convém salientar que estes exemplares são propriedade da EP, sendo esta a última e principal responsável pelas acções que os afectem.
Uma das principais incógnitas de toda esta situação e que é urgente esclarecer, é saber quem foi responsável pelas acções que levaram à alegada fragilidade das árvores. Como a EP tem a seu cargo esta via, poderá dar indicações sobre este assunto, indo o meu primeiro pensamento para as câmaras municipais, neste caso do Porto e/ou de Matosinhos.
No entanto, quem conseguir apurar informação fidedigna sobre esta matéria, seria de todo o interesse que a partilhasse, fazendo uso dos canais que mencionei acima.
Boa tarde, Miguel Rodrigues
Fragilidade das Copas?
Dificilmente se encontrariam árvores de tão boa saúde! É uma treta! Passo ali todos os dias, de há anos a esta parte, é tudo um embuste!… Die Back 60% das copas? Agora, que já foram abatidas, é fácil fazer crer que sim, mas essa não é a realidade! É Falso! e se atentar nas fotografias do relatório vai ficar esclarecido! … As fotografias nem sequer são dali! – pode-se concluir isto pelas fotos que apanham edifícios que não são dali!
Ainda acredita que foi mesmo feito um diagnóstico preliminar que tenha sustentado esse “relatório”? Pois eu não! Esse diagnóstico não aparece! Ninguém o publica! E por isso,até ver…
No restante, não cito nomes de pessoas individuais, nomeadamente, de arquitectos paisagistas que opinaram sobre as árvores, pois os mesmo(a)s se pronunciarão e se identificarão aqui se necessário e se assim o entenderem. Mas a opinião de técnicos qualificados da Quercus que representam a posição Quercus, fica aqui, para que não haja dúvidas:
Abate de plátanos na Estrada da Circunvalação (EN 12 – Porto):
uma decisão lamentável e injustificada
A Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza, vem por este meio manifestar a sua discordância em relação ao abate de um conjunto de 18 plátanos de grande porte na Estrada da Circunvalação (EN 12 – Porto), realizado no passado dia 9 de Junho pela empresa Estradas de Portugal (EP). Esta discordância releva do interesse público e ambiental das árvores em questão, considerados os seguintes aspectos:
1. FALTA DE DIAGNÓSTICO ADEQUADO
Uma intervenção em árvores no espaço público deve fundamentar-se num diagnóstico técnico adequado mas, ao contrário do que seria de esperar, não é conhecido um Relatório especializado de diagnóstico dos exemplares em causa. Um Parecer emitido pela EP em 14-04-2010 apenas contém uma indicação genérica dos danos aparentes, acompanhado de algumas fotos ilustrativas. Da informação contida neste Parecer deduz-se que:
– Não terá sido aplicada uma metodologia de diagnóstico fitossanitário e análise da estabilidade biomecânica de cada árvore afectada.
– Não terão sido adequadamente prospectados problemas radiculares e do tronco, dado não ser referida a medição de eventuais podridões internas nem a colheita de amostras para análise laboratorial.
– Não terá sido realizada a caracterização dendrométrica das árvores em causa, nem indicada a sua localização em planta topográfica.
2. UM ABATE SEM JUSTIFICAÇÃO
Faltando um relatório de avaliação da sanidade e segurança dos 18 plátanos em questão, e não tendo sido apresentadas medidas alternativas para o tratamento dos danos que afectam estas árvores, como técnicas de cirurgia de árvores, não existe uma fundamentação aceitável que justifique o abate de todas as árvores em causa.
Por outro lado, a informação disponibilizada publicamente à data do abate cingiu-se a uma breve nota no site da EP, referindo a necessidade de proceder ao abate de “três Carvalhos” na Estrada da Circunvalação.
3. UM LAMENTÁVEL RELATÓRIO DE ABATE
Após o abate, a EP emitiu em 14-06-2010 um Relatório sucinto, no qual o “estado muito debilitado” dos plátanos abatidos e o seu “perigo de queda eminente”é exemplificado com a imagem de uma das árvores cortadas. Porém, a imagem escolhida leva a crer que se tratava de uma árvore com cerne em bom estado de conservação, apenas com uma pequena zona de podridão periférica, não se podendo deduzir que o tronco “não assegura a capacidade de suporte do exemplar”. Igualmente se estranha que este Relatório considere que o cerne da árvore – uma zona de deposição interna cuja madeira está geralmente inactiva – seja a única parte do tronco constituída por “madeira viva”.
O Relatório de abate da EP indicia assim que as árvores terão sido insuficientemente avaliadas, encontrando-se em estado fisiológico e fitossanitário que não justifica o abate realizado. Além disso, não é feita qualquer referência ao volume da madeira abatida nem ao seu destino e o relatório limita-se a referir que está programada uma plantação de novos exemplares “para a próxima época”.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A Quercus lamenta profundamente a decisão de abate de 18 plátanos de grande porte na Estrada da Circunvalação tomada pela EP, sem que tenha sido apresentada uma adequada fundamentação. O efeito regulador destas árvores no ambiente urbano, a sua capacidade para absorver os impactes da circulação rodoviária (ruído e poeiras, p. ex.) e ainda o seu efeito cénico e estético, foram implacavelmente aniquilados, sem que tenham sido consideradas alternativas para a conservação deste património arbóreo.
A Quercus considera que o estado fitossanitário e a estabilidade biomecânica das árvores existentes no espaço público urbano devem ser periodicamente avaliados, de modo a garantir os efeitos benéficos da sua presença a longo prazo. A existência de danos na copa, no tronco ou nas raízes deve ser tratada com técnicas de arboricultura que restabeleçam a vitalidade das árvores afectadas. O abate de uma árvore, enquanto bem público, deverá ser um último recurso, ponderado de forma fundamentada e criteriosa.
A Quercus considera ainda que é urgente melhorar as práticas de gestão das árvores no espaço público e, sempre que o abate de uma árvore seja inevitável, deve ser efectuada a sua substituição e implementadas medidas de compensação adequadas. É este perfil de actuação que se espera das Estradas de Portugal e de outras entidades, como as Autarquias Locais, com competências de conservação do património arbóreo público.
Porto, 17 de Junho de 2010
Para mais esclarecimentos:
Ricardo Marques |T. 939992185
Manuel Fernandes | T. 961204658
Suponho que para quem não tinha conhecimento do parecer da Quercus, o post anterior seja esclarecedor. Jorge Lira
Informo ainda qu estamos a proceder ao levantamento exaustivo e fotográfico de todos os restantes plátanos, antes que o Sr. Paulo Moura – que já aqui o ameaçou fazer – os abata, para poder depois demonstrar que nem estão em Die Back, nem ameçam cair, e que estão absolutamente magníficos. Encorajo todos a fazer o mesmo. É porque estamos tão habituados a poder contar coma as árvores, que não guardamos delas registo. Depois vêm algums que as roubam, afirmando que estavam doentes, e dificilmente provamos que não era verdade. Que da próxima vez não nos apanhem desprevenidos!
Se a empresa contratada pelo Ministério da Educação para fazer a aplicação informática dos concursos de professores realizar um trabalho duvidoso, eu devo pedir explicações não à empresa mas ao ME, entidade responsável pelas colocações. E depois eles que se entendam. Aqui creio que se deve aplicar o mesmo princípio. As árvores estão à exclusiva responsabilidade da EP, pelo que deve ser esta empresa a fornecer as informações, ainda que possa recorrer aos técnicos da empresa que deverá ter feito a avaliação.
Por outro lado, continuo a insistir em saber qual foi o papel, se algum, das CMP me CMM nas obras que afectaram as árvores.
No interesse das árvores, seria muito útil que o registo fotográfico e o levantamento por técnicos capacitados que os senhores estão a realizar, pudesse ser disponibilizado. Quantas mais pessoas tiverem dele conhecimento, melhor para as árvores.
Sim, isso é verdade. Mas estou em crer que é estranho que o técnico que elabora o parecer seja o mesmo que realiza o abate. Até desmentido ou prova formal em contrário foi isso que aconteceu aqui, pelas palavras do sr. Moura.
Justamente o que irá ser investigado, e devidamente, espero eu, é se há ou não um deliberado e dirigido parecer para que as árvores fossem abatidas – que o parecer é totalmente errado, é meu convencoimento, resta-me é descobrir se é pura incompetênica ou puro interesse em negócio – e isso estravaza, decerto a EP. Obviamente devem ser pedidas responsabilidades a esta empresa. mas o Sr. Moura – convém ler com muita atenção o segundo texto dele! fala como se as árvores fossem dele. E pelos vistos, actua como se fossem… e foram de facto! Não acha, Miguel Rodrigues?
Sr. Paulo Moura,
Divulgue o que vai abater a seguir e terá uma barreira de pessoas a defender as arvores que tanto faz questão de matar.
se tiver coragem para isso.
se a avaliação das arvores foi feita como são feitas a maioria das avaliações neste país, está tudo dito! Pois, ganham por abater as arvores e provavelmente ganham com a venda da madeira, lucro², por isso cortam, cortam, cortam… mas felizmente há pessoas que não se calam e agem!
Discussão interessante onde vim ter…
Eu quero podar uns plátanos enormes que podem dar cabo da minha casa, tais são as suas dimensões.
Não quero matá-los !
Quero fazer ou mandar fazer uma poda de formação de qualidade, de modo a mantê-los bem vivos, mas sem a altura (enormérrima) que têm.
Quem posso contactar ?
Aqui não me safo.
Se me puderem ajudar agradecia.
Obrigado
Caro “Zé”
Não percebi a ligação que faz entre o risco para a sua casa e o tamanho dos plátanos.
Caro “Zé dos Plátanos”,
O seu comentário retrata, infelizmente, um dos mais entranhados mitos urbanos portugueses, o de que as árvores são perigosas por serem altas.
Sim, é certo que quanto mais volumosa for uma árvore, maiores estragos poderá fazer ao cair. No entanto, uma árvore não é mais perigosa simplesmente por ser alta ou, utilizando a sua designação, por ser “enormérrima”.
Uma árvore de 10 metros pode ser mais perigosa do que uma árvore de 20 ou de 30 metros, dependendo do seu estado de conservação.
Passadosdois anos sobreos escandalosos abates dos platanos na circunvalação, e continuand assar por lá todos os dia duas a quatro vezes ou mais por dia, não quero deixar de lavrar aqui uma simples e curta reflexão: a queixa que apresentei na Judiciária foi provida, o ministério Público investigou, o que, pelo menos, terá servido para motrar aos inquiridos, que deveriam tomar cuidado, mas ao final de um ano, recebi um enorme relatório e a informação que muito embora a queixa apresentada demonstrasse fundamento nas suas permissas, não tiha sido possivel obter provas cabais ou conclusivas de que houvesse ocorrido crime ambiental (pudera.. as árvores foram abatidas e de imediato removidas, como seria possivel provar que sim, estavam doentes, ou que não, não estavam doentes…) nem possivel provar qualquer outro de caracter criminal. e o processo foi encerrado por falta de provas. Porém duas coisas ficaram no vazio total. As questões que então levantei ao Sr Moura e que este nunca respondeu. E o maior vazio, o das árvores perdidas. Agora plantaram lá uns platanos juvenis que se não falecerem antes, vão demorar 80 chegar ao tamanho dos seus antecessores.
As nossas árvores urbanas estão pois nas mãos dos “Mouras” e quejandos, e o colecivo que somos todos só pode agir após. No entanto, o facto de ter ocorrido uma investigação judicial, ainda que inconclusiva sobre este barbaro abate, por si apenas já foi um grande avanço. Só de imaginar os senhores, e um em particular, que esreveu neste blog o que escreveu, ter sido obrigado a “sentar no mocho” já de si foi um enorme avanço.
Para a próxima pensarão melhor. Porque desta vez o processo foi arquivado por falta de evidências. Mas da proxima… não se sabe.
Os platanos da circunvalaçao, os restantes, ficaram pois um pouco mais protegidos.
E se ainda sinto a dor da falta dos que foram vitimas de uma barbarie com eventuais (não provados) interesses privados, quando olho os restantes, regozijo, pois acredito que seja hoje muito mais dificil deitar esses monumentos abaixo.
Obrigado a todos os que se interessaram pelo assunto, e parabéns à Policia Judiciária. Agiu. Com devia.
A todos os apreciadores dos platanos da circunvalação, sugiroqe se crie um grupo no FB e que cada um deposite lá a sua foto dos platanos para ficarem todos inventariados: não vá o Sr. Moura acordar um dia e lembrar-se de abater mais alguns inventando estarem em “die back”.
Cumprimentos
Jorge Lira