Avistada dos passeios a única zona ajardinada que resta da Avenida dos Aliados exerce um fascínio compreensível: apetece ver de perto os canteiros cuidados oferecendo combinações dos mais diversos cambiantes de verde, ou o colorido das flores sazonais; os bancos “amigáveis”– que aqui não se encontram ocupados pelas pombas– convidam a um pouco de descanso; os próprios Meninos da estátua, favorecida pela moldura de folhagem e pela luz que sobre ela incide, dir-se-ia estarem a chamar-nos…
E é no mínimo estranho (para não dizer irritante) ouvir ultimamente certas pessoas -que parecem ter descoberto agora este local- afirmar que ninguém vem (ou vai) à Baixa e declarar em tom displicente que a Avenida dos Aliados é um mero ponto de passagem para quem apanha autocarros e vai aos correios… Poderá ser “apenas” isso, para as centenas, milhares de pessoas que diariamente por ali “apenas” passam, quando “meramente” vão para o trabalho ou dele vêm. Nesse vaivém muitas há que apreciam a zona ajardinada ainda existentes e que até transpõem a barreira das três vias de trânsito intenso e barulhento; no entanto, (talvez) a grande maioria não faz a mínima ideia do que está previsto para este local: “Aquelas obras ali em cima? Foram para o metro. Não tarda nada que reponham os jardins… “
Todavia são cada vez em maior número as pessoas que começam a estar a par do que está projectado e que não se coibem de exprimir a sua indignação, nomeadamente assinando o manifesto em defesa da Avenida dos Aliados e da Praça da Liberdade.
Com efeito não chega discordar é preciso (pelo menos) assinar!
“E é no mínimo estranho (para não dizer irritante) ouvir ultimamente certas pessoas -que parece terem descoberto agora este local- afirmar que ninguém vem (ou vai) à Baixa e declarar em tom displicente que a Avenida dos Aliados é um mero ponto de passagem para quem apanha autocarros e vai aos correios…”
Não é que eu queira enfiar esta carapuça, mas eu disse uma coisa vagamente parecida, apenas para notar que é prioritário, para que a Baixa viva e para que estas causas façam sentido, fazer com que sítios como a Avenida dos Aliados (local que descobri há 38 anos) deixem de ser palco desse vaivém impessoal. Só podemos defender a cidade como local de bem-estar se nela plantarmos pessoas, pois cidade é sinónimo de gente.
Concordo com o que diz em parte, apenas porque não considero “impessoal” o vaivem quotidiano, o reencontro diário com os espaços e com quem os habita. Este “vaivem” cria laços, afectos, memórias. Claro que acho importante sim, que se “plantem” (mais)pessoas Avenida.