«(…) Em que fase está o Porto?
Estamos à espera que apareça alguém com um projecto de cidade e vamos trabalhar para ele. Mais tarde ou mais cedo, acontece. Em Arcas Empoeiradas, Aquilino Ribeiro escreveu: “Aquela praça nova [actual Praça da Liberdade] é que foi a verdadeira universidade, não só do Porto, mas deste país, porque foi nela que se forjaram os homens que fizeram a República”. Era ali que se encontravam intelectuais e políticos. O nosso Liberalismo não surgiu espontaneamente em 1820, foi sendo construído ao longo dos séculos, quando os nossos mercadores saíam nos barcos barra fora para a Flandres, Inglaterra e Norte da Europa. Ouviam conceitos e novas doutrinas que assimilavam e foi por eles que bateram o pé ao bispo quando este lançava impostos. Chegaram a prender o bispo, que quando fugia para Roma mandava de lá excomunhões e anátemas. E os mercadores diziam de cá: “Excomunhão não brita osso”. E foi nas ruelas dessa cidade medieval que eles forjaram o espírito liberal que hoje o portuense usa. »
Como toda a gente com prática de leitura, percorro sempre primeiro os textos (sobretudo os jornalísticos) delizando oblíqua e rapidamente pela mancha gráfica, saltando de parágrafo em parágrafo para um primeiro reconhecimento.
Assim aconteceu com entrevista a Germano Silva publicada (creio que hoje) no Primeiro de Janeiro e de que se transcreve em cima a parte final. Quando deparei com os termos “Praça Nova [actual Praça da Liberdade] ” o meu coração até bateu um pouco mais apressado. “Uáu!” O “jovial jornalista” dignara-se finalmente a sair do seu silêncio e a emitir alguma opinião (sobre a destruição da memória na Avenida dos Aliados e na Praça da Liberdade).
Nada disso. Ou daí talvez não. Ora tornemos a ler. As gerações futuras e as actuais ficarão sempre na dúvida sobre o(s) verdadeiro(s) significados(s) da passagem transcrita. Está de acordo ou não está? Ou assim assim? Não, não fala nada disso. Fala, olha que fala, para bom entendedor meia palavra basta.
Pelo menos sabe-se que estamos (ele e nós todos?) à espera que apareça alguém com um projecto de cidade… É a nossa costela sebastianista, claro.
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De alguém que se diz portuense, e portanto de uma casta corajosa, ousada e sem medo, “que bate o pé, com espinha dorsal levantada, não submissa”, esperava-se maior frontalidade e uma posição inequívoca sobre as obras na Avenida dos Aliados/ Praça da Liberdade. Lamentável.
É
Mas posições inequívocas são, nomeadamente em períodos de incerteza (eleitoral e não só), também posições incómodas.
E essa história do portuense ser esse poço de virtudes, enfim, é chão que já deu uvas 🙂
AMNM