Posição assumida pelo Deputado Luís Braga da Cruz
«Depois de ler com cuidado todos os elementos que foram produzidos sobre a audição das ONG’s do Porto, na Comissão Parlamentar de Educação e Cultura da Assembleia da República, relativa à intervenção perpetrada na Avenida dos Aliados pela empresa Metro do Porto, a pedido da Câmara Municipal do Porto, assumo a posição seguinte:
1. Na resposta da Câmara é assumido que a responsabilidade é da Câmara e não do Metro, o que é positivo.
2. Porém, também fica claro que as indicações que podem ser consideradas como orientação, ou programa dado aos arquitectos, são de tipo formal e meramente técnicas.
3. O que é grave, na minha opinião, é não se identificarem nesta preocupação considerações que possam ser entendidas como opções de natureza política, em relação ao valores de carácter patrimonial.
4. A Praça dos Aliados é o ponto de referência por excelência dos Portuenses. Foi apropriado pelos cidadãos do Porto, como ele é. Não se pode mexer num local que é património e que tem valor simbólico, sem explicar bem porque se faz (não basta dizer que se enviou um desdobrável pelo correio).
5. A maior parte dos portuenses só vão dar conta do estrago físico e moral feito no seu património, quando tudo estiver irreparavelmente perdido.
6. Trata-se de mais uma atitude predadora sobre valores da cidade e perpetrada por quem tem responsabilidades e que actua em atitude de grande falta de respeito pelo que é emblemático na cidade.
7. Os argumentos que são usados garantindo que a intervenção procura conferir coerência a uma série de espaços urbanos que nunca tinham experimentado um esforço de integração, não me parece válido porque a coerência não é um conceito formal, mas sim o que as pessoas construíram na sua memória colectiva.
8. Repare-se que em toda a argumentação se sucedem considerações técnicas que se implicam em sequência, sem se demonstrar que era inevitável a primeira opção, que desencadeia todo o processo – de implantar as bocas do metro nos passeios, quando havia outras soluções para o problema.
9. Fala-se muito em mimetismo, para dizer que não se podia rematar o novo com o padrão anterior, mas no entanto o que resulta é uma obra de intervenção radical e não de uma intervenção pontual ou de uma recuperação.
10. Dói ver destruir património impunemente. Pode ficar formalmente correcto, mas corta-se alma à cidade.
11. O que está em causa não é a qualidade do projecto, mas a legitimidade de um acto de destruição de algo que tinha valor patrimonial… e há sempre um IPPAR disponível para se enrodilhar em explicações incompreensíveis!
12. Estes comentários poderão ser entendidos como desabafos, mas são sentidos e produzidos por alguém que não gosta da forma como se estão a manipular questões muito sérias na cidade do Porto.
Luís Braga da Cruz -(Deputado do Partido Socialista, pelo Distrito do Porto)
23.Novembro.2005 »
“Links” da nossa responsabiliadade.
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Se acharem mal eu tiro 🙂
AMNM
Levar a mal?! Pelo contrário- é o que mais pretendemos: que se divulgue, que se comente, que se debata! O Porto agradece.
Tenho ideia de aqui há anos (15/20)haver alguém também com esse apelido Braga da Cruz, à frente da CCRN, pessoa de muito bom senso e simpatia pelas coisas ecológicas (e ainda se falava pouco de ecologia. Que tal envolvê-lo já que tão bem conhece a nossa região?
EP
Ó EP: é exactamente a mesma pessoa, que diabo!…