«A intervenção em curso na Avenida dos Aliados constitui “mais uma atitude predadora sobre valores” do Porto e é “perpetrada por quem tem responsabilidades” e revela “grande falta de respeito pelo que é emblemático na cidade“.
Esta posição foi assumida pelo deputado socialista Luís Braga da Cruz, num texto anteontem enviado à associação ambientalista Campo Aberto, reflectindo uma posição anteriormente assumida no seio do grupo parlamentar do PS.
Em declarações ao PÚBLICO, o deputado do PS, que foi cabeça de lista pelo círculo do Porto nas últimas legislativas, lamentou que um “lugar simbólico” como aquele tenha sido “estraçalhado” sem que o assunto fosse objecto de debate público. Embora não colocando em causa a eventual valia do projecto assinado por Siza Vieira e Souto Moura, Braga da Cruz considerou, no seu documento, que “não se pode mexer num local que é património sem explicar bem porque se faz, não bastando dizer que se enviou um desdobrável pelo correio”.
O argumento avançado por alguns especialistas de que assim se dará uma maior “coerência” ao referido espaço urbano é contestado pelo parlamentar do PS, que alega ser a coerência “não um conceito formal, mas aquilo que as pessoas construíram na sua memória colectiva”. “Dói ver destruir património impunemente. Corta-se alma à cidade”, afirma. E, lembra, os Aliados são “o ponto de referência por excelência dos portuenses, tendo sido apropriado pelos cidadãos do Porto, como ele é”.
Por outro lado, a justificação do arranjo à superfície como consequência da necessidade de alargar os passeios laterais por causa dos acessos à estação subterrânea do metro não convence o deputado, que garante haver outras “soluções técnicas” para contornar essa alegada inevitabilidade.
Braga da Cruz revela algum pessimismo quanto ao evoluir da situação, mesmo sabendo das iniciativas que um grupo de associações cívicas já moveu no foro judicial. “A maior parte dos portuenses só vai dar conta do estrago físico e moral feito no seu património quando tudo estiver irremediavelmente perdido”, cogita.
O deputado do PS receia que a intervenção nos Aliados já seja um facto consumado. E, mais grave ainda na sua óptica, para um acto como este, que representa “a destruição de algo que tinha valor patrimonial”, “há sempre um IPPAR disponível para se enrodilhar em explicações incompreensíveis”. Decididamente, nesta questão o instituto a quem compete zelar pelo património “não procedeu bem”, considera Braga da Cruz.»
Só faltava acrescentar: pode ler-se texto integral da posição do deputado do PS pelo Distrito do Porto no blogue ALIADOS- em defesa pela Avenida dos Aliados e pela Praça da Liberdade…
O SR. deputado como simples cidadão tem todo o direito de se sentir pessimista, mas na sua função de representante e porta-voz dos cidadãos do POrto não o pode demonstrar. Como deputado deveria ter afirmado alto e bom tom que esperava que as leis se cumprissem neste país!
M.Delgado
Exactamente, parece que ninguém se quer comprometer (indignar) muito.
Bem dizia o José Gil “da não-inscrição”, anda-se sempre nisto. Quem não deve não teme e por isso estas ass. conseguem certeiramente afirmar o que muitos não conseguem.
EP