J. Tenreiro comentando aqui escreveu:
«O que Rui Rio não sabe, ou melhor, não diz, é que o arquitecto Souto Moura já tinha feito um projecto em que apenas se intervinha na placa superior.
O desenho original era reinterpretado e mantinham-se os canteiros.
Neste projecto, publicado na revista de arquitectura 2G nº5 , embora já apareçam as saídas do metro nos passeios laterais, a placa superior mantinha as dimensões, sendo a via automóvel reduzida para 2 faixas.
Isto quer dizer que a reposição do desenho era possível e foi Rui Rio que pediu um novo projecto ou o arquitecto que o sugeriu…
Por outro lado já em 2000 o então presidente da câmara Nuno Cardoso tinha encomendado ao arq. Álvaro Siza um projecto de remodelação (apenas) da Praça da Liberdade*.
Não sei se o projecto foi mesmo realizado pois não foi divulgado nenhum desenho.
Na época foi apenas divulgado que Álvaro Siza propunha o alargamento dos passeios, e que estes passariam a ser em paralelo de granito.
Nao me recordo se já era proposta a mudançaa de local da estátua de D. Pedro IV.
Pelo que sei a proposta para a Pr. da Liberdade não foi aceite por três razões:
Só previa UMA faixa em cada sentido (nao tenho certezas pois nunca vi nenhum desenho);Falta de dinheiro ; Mudança de executivo
Rui Rio disse ainda na inauguração da Pr. D. João I que não voltariam a haver requalificações como a dos Leões e da Batalha e que os espaços que faltavam requalificar, nomeadamente Carlos Alberto, seriam reconstruidos como eram antes do início das obras… »
J. Tenreiro comentando aqui
Nota: Pode ler-se aqui o estudo prévio do arquitecto A. Siza Vieira para a Praça da Liberdade no âmbito da Porto 2001 (em pdf).
Que “modernidade” o facto dos espaços urbanos andarem a ser “reclassificados” ao GOSTO dos autarcas – e vem outro e muda ge “gosto”.
Estou a aprender como se faz cidade e história, memória e património e orgulho da identidade do local de habitar.
Hà universidades de curso de “gosto” ??
Se for como lisboa, em cada semana há mais um quarteirei derrubado, mais um tapume feio a esconder os buracos, mais uma pedras no eio do caminho, mais umas placas e anotar “desvio” e os passeios continuam há anos com as pedrinhas encostadas às paredes à espera que alguém tropece e parta um pé.Pobres cidades de pobres e tão BOM GOSTO de autarcas que desfazem as áreas que lhes são dadas gerir protegidos por lei “autárquica”
Por outroa lado grandes arquitectos dão resposta a estes “pedidos” de mudança de “gosto” – quanto custa mudar de gosto ??
Que Rui Rio goste ou não goste, é-me indiferente. Que mais tarde as pessoas se habituem e gostem, não duvido. Sempre houve mudanças, aquele espaço não foi sempre assim ao longo dos séculos, e sempre houve reacções a favor e contra as mudanças. O que me preocupa e o que me interessa é saber se realmente havia necessidade de mexer no que estava e que marca um período da história da cidade do Porto, da nossa memória colectiva, da nossa identificação como portuenses. Ou seja, se a cidade é história viva ou se a história ficará para a consulta de umas imagens de arquivo em álbuns depois publicados a bom preço? Porventura, edição da C.M….
E mais: quando passeio no centro da cidade, eu não quero pensar que estou a ver outras cidades da Europa. Eu quero ver o Porto!
Ou será que, como somos “pobrezinhos”, e não podemos viajar tanto como gostamos, criamos aqui uma “Europa dos pequeninos” para nos consolarmos?