in A Quinta do Sargaçal
«Hoje fui à baixa, aproveitei para passar na Livraria Chaminé da Mota e ao descer a Avenida dos Aliados, reparo num detalhe curioso.
No meio daquele empredrado projectado pelo arquitecto Siza Vieira, umas precárias cadeiras, mais que precárias, pindéricas. Umas com mesa, outras sem mesa. Gostei especialmente do detalhe de cada uma ter uma espécie de cabo de bicicleta a prendê-las ao chão.
Mais abaixo, quatro bancos de jardim à antiga portuguesa — com encosto e essas piroseiras –, completamente desenquadrados do chão de Siza Vieira. Chão, que é ao que agora se resume a avenida, se exceptuarmos um tanque que para lá anda, de resto, seco.
Mas pasme-se, cadeirinhas e bancos, tudo ocupado ali no meio daquela desolação. Ainda não é tarde para o arquitecto Siza Vieira reconhecer que errou, a obra é fraca e que está na hora de entregar o projecto a quem está mais vocacionado para este tipo de intervenções. Gaste-se mais algum, mas recupere-se aquela praça para os portuenses e para as muitas pessoas que nos visitam. Como está é o retrato da decadência de uma cidade e uma região.
Ao chegar à Estação de S. Bento, há uma vista desimpedida para a avenida da ponte. Passeios de uma largura que mais do que pouco habituais, devem ser inéditos na cidade. Passeios com real capacidade para acolher árvores de grande porte. Nem uma. Não é difícil adivinhar qual é o arquitecto responsável por mais este projecto.
Siza Vieira é sem qualquer favor um dos melhores arquitectos do planeta, um dos meus preferidos, com obras notáveis espalhadas por todo o lado. É uma profunda desilusão constatar que nada percebe da cidade como espaço público, não entende as pessoas e muito menos o verde como elemento arquitectónico.
Esta predilecção dos autarcas por Siza Vieira e Souto de Moura configura apenas uma situação de falta de ideias, imaginação atrofiada, desresponsabilização política e de se tentarem posicionar num patamar que julgam acima de qualquer crítica.
São dos melhores do Mundo, mas a sua escola é do século XX, estão ultrapassados e não sabem projectar as cidades. Os resultados estão à vista.»
Olá! A luta acabou?
Tenhamos esperança porque as obras mal feitas e/ ou inacabadas vão ser passíveis de recuperação com os fabulosos lucros que a autarquia portuense vai presumivelmente arrecadar no agora revisiteiro Teatro La Ferice. Isto, se o especialista e empreendedor propietário da ópera roqueira lisboeta, muito entendido em “shows-off” de passadeira vermelha, não voltar, entretanto, às suas politeâmicas origens.
O verde faz falta e as flores também. A Praça está descatacterizada e a cidade também. A falta do verde, dizem os entendidos que se deve ao metro. Mas se existe desculpa para isto, pergunto qual a desculpa para ja nao existir a nossa calçada portuguesa. È unica no mundo, faz parte do nosso patrimonio e consta dos guias turisticos. Os turistas foram impedidos de a admirar e as nossas crianças quase não terão oportunidade de a conhecer.
Lamento.
Será que o Social Democrata que habita os conselhareis paços, maila camarilha de amestrados seus servidores, se rala com o facto de ficar na História como o destruidor de uma das mais belas Praças do Mundo?E perante esta realidade,que fizeram os “burgueses”da Urbe onde em tempos idos a nobreza só aqui pernoitava com a sua autorização?Enfim,acha que cada um tem o “rio”que merece!Eu não,que não sou tripeiro…