Por Alexandra Malheiro-Porto
No Público de 24.10.2007
«Há já mais de um ano que o Porto se viu privado da área verde e de calçada portuguesa naquela que é tida como a sua sala de visitas – a Avenida dos Aliados. Transformada que foi numa plataforma cinzenta, impessoal e fria – decerto belíssima em revistas de Arquitectura, ou não fosse ela assinada por Siza Vieira -, foi transmitida aos portuenses a ideia de que a aridez da reformulada avenida permitiria que o povo acorresse à mesma, às golfadas, aquando das grandes festividades da urbe; como, aliás, já ocorria apenas com manifestos danos para o relvado. Era então encontrada a higiénica solução para aglomerados na avenida!
Aos poucos, dois ou três envergonhados bancos de jardim foram plantados nos seus extremos e, a pouco e pouco, a população começou a fazer uso deles. Feia ou bonita, era atravessada diariamente por centenas de pessoas.
Eis senão quando a placa central da mesma se encontra intransitável, inusitadamente ocupada por um estaleiro gigante com o fim de construir uma igualmente agigantada árvore de Natal, visando tornar-se o megalómano vegetal metálico na mais alta árvore de Natal da Europa.
Não sei se é esperado um surto de turistas de toda a parte do mundo com o objectivo de mirar o mamarracho luminoso na época natalícia, mas o que me é dado ver é que o enorme esqueleto de metal já impede (e ainda vai a meio) a visualização do belo edifício da câmara, este sim, um símbolo da cidade e digno de visita nos roteiros culturais. O pouco espaço que sobra na placa encontra-se ocupado por uma barraca com o pomposo título “O Porto a Ler” que mais parece a liquidação total do fundo de catálogo da Editorial Caminho (sem desprimor para os escassos títulos que lá são vendidos).
Quando o estaleiro for retirado, a avenida estará irreconhecível, com um trambolho cuneiforme que há-de encantar gerações de europeus embasbacados. O bom gosto e o cuidado pelos ícones da Cultura impera. Sugiro que abaixo da arvorezinha se instale uma tenda de circo com palhaços e trapezistas!»
A ler: O impacte ambiental da maior árvore de Natal (metálica) da Europa…
Em defesa do Jardim e Monumento da Rotunda da Boavista
PEDIDO DE INFORMAÇÃO À EMPRESA METRO DO PORTO S. A. E À CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO Colocado em 12...
Eu diria que é um gigantone com pés de barro, um mamarracho! É autenticamente uma “sala de visitas” altamente poluída e como tal sem graça. Aquilo parece a morada do “homem do saco” tão assustador se torna olhar para aquela abantesma! Até pode acontecer que uma vez iluminado o monstro se torne menos assustador, mas, para mim, “cheira-me” a que alguém se está a pôr em bicos de pés. riqismo
Naquele que foi um nobre espaço agora vale tudo, até um carrocel eu já lá vi. Quanto aos palhaços esses ao menos ainda nos fazem rir porque o que dá vontade é de chorar.
Saudações, antonio
escrevi hoje sobre isso no meu blog.