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BOLETIM PORTO E NOROESTE EM DEBATE
resumo das notícias de ambiente e urbanismo em linha
Terça-feira, 25 de Dezembro de 2007
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Para os textos integrais das notícias consultar as ligações
indicadas.
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1. Crónica: Os dois Natais
O Menino Jesus, deitado, olhava em volta e não compreendia. Entrevia
difusamente o rosto fatigado da mãe, o vulto de S. José mais atrás,
os grandes olhos da vaca e do burro fitando-o. Chegavam-lhe, de
forma obscura, o murmúrio das vozes e o cheiro acre dos animais;
tinha frio. Via também, ao longe, como num sonho, rostos disformes,
punhos, gente gritando, a enorme sombra de uma cruz; e não
compreendia.
A dor, quando as mãos trémulas da mãe cortaram o cordão umbilical, o
sabor do sangue dela na boca, as primeiras lágrimas, a primeira
carícia, o corpo de Nossa Senhora, branco e transido, junto de si,
era tudo tão estranho! Um deus, sobre húmidas palhas, coberto de
trapos, aprendia naquele instante coisas graves e essenciais o frio,
a dor, o mistério dos sentidos, o medo indistinto de algo que ainda
não podia saber.
O deus transformara-se num frágil e confuso ser de sangue e de
músculos, tocado por um dom extraordinário e novo, o da vida. Os
pulmões do menino enchiam-se de áspero ar, os olhos de
incompreensíveis imagens do mundo vasto e profundo do estábulo e o
sangue corria violentamente nas suas veias, líquido e quente,
ruborizando-lhe as faces. E, quando os seus pequenos dedos afloraram
pela primeira vez o rosto próximo da mãe, o deus aprendeu
subitamente, com uma alegria desconhecida, qualquer coisa densa e
maravilhosa inacessível aos deuses.
Por um singular milagre repetido, um homem igual aos outros homens
jazia imensamente numa tosca manjedoura, no fim de uma longa viagem
interior. Um homem condenado a viver uma tragédia absurda, como a de
todos os homens, um homem solitário e ferido de brusca e humana
vida, tocado pela glória extrema da transformação e da morte. Os
seus olhos olhavam pela primeira vez tudo, incapazes talvez de
compreender o íntimo desígnio divino que o movia. Em algum
improvável lugar, no entanto, os deuses conheciam agora algo único e
absoluto sobre os homens e sobre si mesmos.
Pelo segredo essencial da infância, da «balya», por onde passa o
caminho dos homens para o reino dos céus, passava também, naquele
instante, o caminho dos deuses para a terra dos homens. Um deus
nascera entre os homens, mas um homem como todos os outros homens
nascera igualmente entre os deuses.
E enquanto, no estábulo de Belém, o menino deus sorvia sofregamente
o peito quente da mãe, noutro estábulo, noutro lugar, Adão menino
estendia os braços e chegava sem culpa e sem pecado aos ramos.
Manuel António Pina
https://jn.sapo.pt/2007/12/25/ultima/os_dois_natais.html
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2.Crónica: Espírito de Natal
(…)
É difícil não ver o Natal concreto sob o prisma do consumismo, do
brilho material fugaz, mesmo do esquecimento do que se pensa ser o
espírito natalício, trocado pela apologia das compras e pela festa
do comércio. Qualquer ideia de fraternidade universal ficaria
incompleta, e pobre, se esquecessemos o mundo em que vivemos. O
Ambiente não é mais do que o meio onde a vida humana é viável, no
planeta onde nos foi dado existir.
(…)
Consciência universal, que o Natal nos lembra, é ainda repensar o
direito, a que antes nos arrogávamos, de destruirmos a Natureza e os
seres que connosco partilham a existência no planeta azul. Seremos
os gestores sensíveis da Terra ou os algozes da diversidade da vida?
Boas Festas para todos.
Bernardino Guimarães
https://jn.sapo.pt/2007/12/25/porto/espirito_natal.html
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3. Crónica: Um sonho de Natal
Não sei se ainda assim é mas, nos meus tempos de escola, havia uma
coisa que dava pelo nome de “tarde livre”. Uma tarde inteira para
desentorpecer a moleirinha e a intervalar, entre outras, alvoradas
filosóficas ou inomináveis evocações aritméticas. Eram dias santos,
debruados pela relativa soltura disciplinar que – em plena semana –
a profissão paternal lá nos ia ajeitando. Uma sublimação
emancipatória, ritualizada em gestos simples. Naquele tempo, o
roteiro desembocava, quase sempre, na Baixa da cidade.
(…)
Hoje, as tardes livres – admitindo-se que existem – desfiam-se,
sobretudo, pelas avenidas do Dolce Vita. Como, aliás, as manhã
livres, os dias livres ou, quem sabe, talvez, os lances livres da
Briosa. Lá onde a redundância é, ela própria, um ritual e onde os
limites imanentes da minha adolescente transgressão, se convolaram
na vítrea concretude de um edifício. Descansam os paizinhos com os
meninos “entregues no Dolce”. Onde nenhum mal lhes poderá acontecer.
Desconfio até que muitos destes miúdos nunca foram à Baixa. Porque a
Coimbra que conhecem é uma cidade moderna, claro está. E porque a
Baixa – como se sabe, local de espontânea geração de meliantes – é
insegura e degradada. Um dia, “saberemos”, todos, que sempre foi
assim. A história será contada pelos vitoriosos, como é habitual. E,
um dia, todos os meninos do mundo terão o privilégio de, como em
Coimbra, passar as “tardes-livres” – ou as férias – dentro de um
Centro Comercial. Deixo-vos com este sonho de Natal.
Paulo Valério
https://jn.sapo.pt/2007/12/25/pais/um_sonho_natal.html
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4. Serra da Estrela: Moção reclama construção de túneis
O município de Manteigas não desiste da construção dos túneis
rodoviários na Serra da Estrela. Numa altura em que está em curso a
avaliação dos eixos viários que atravessarão o maciço central, a
Assembleia Municipal aprovou por unanimidade, na sua última sessão,
uma moção em que defende aquela solução como “a que melhor serve a
região”.
A moção vai mais longe e considera que “sem a existência de túneis,
a vila perderá a última oportunidade de integrar o futuro, apesar de
ser o “coração da Serra da Estrela”. Seremos o mais interior do
interior”.
O texto vai ser enviado ao presidente da República, primeiro-
ministro, ministro das Obras Públicas e presidente da Estradas de
Portugal, entre outras entidades. Luís Martins
https://jn.sapo.pt/2007/12/25/pais/mocao_reclama_construcao_tuneis.html
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5. Minho: Diagnóstico revela qualidade do rio
Um projecto de “biomonitorização” do rio Minho, que está a ser
desenvolvido desde Março deste ano pelo Aquamuseu de Vila Nova de
Cerveira, revela que aquele curso de água internacional ainda mantém
níveis de qualidade que permitem a sobrevivência nas suas águas das
espécies piscícolas mais sensíveis. O diagnóstico final apenas será
conhecido depois de concluída a investigação em Junho do próximo
ano, mas os responsáveis pelos trabalhos garantem que os resultados
obtidos até agora são positivos.
O projecto em desenvolvimento no Aquamuseu, deverá dentro de meio
ano apresentar um diagnóstico do rio Minho tendo em vista “a
implementação de medidas adequadas à sua sustentabilidade”. É que
este projecto financiado pela “Ciência Inovação 2010”, através da
Agência Nacional para a Cultura Cientifica e Tecnológica (Ciência
Viva), pretende incentivar os jovens estudantes dos 2.º e 3.º ciclos
e secundário a participarem nas diferentes fases do trabalho,
materiais e métodos utilizados; recolha e observação de amostras e
resultados.
https://jn.sapo.pt/2007/12/25/norte/diagnostico_revela_qualidade_rio_min.html
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6. Freixo de Espada à Cinta: Produção de seda não sai do casulo
O concelho de Freixo de Espada à Cinta poderá ter perdido
oportunidade única de afirmação a nível europeu no que diz respeito
à produção semi-industrial de casulo para a produção de fio de seda.
Tudo porque o anterior Executivo Municipal tinha em curso um
projecto que iria ajudar a União Europeia (EU) a aumentar a sua
produção interna de seda e que não teve continuidade.
O projecto de produção de seda era orientado directamente por
Bruxelas tendo como parceiros a Espanha, Grécia e Itália e Tunísia,
países que tinham como meta ajudar a E U a alcançar um primeiro
objectivo que era o de garantir até 2006, 10% das suas necessidades
internas de seda.
Nas imediações da vila de Freixo de Espada à Cinta chegou mesmo a
ser plantado um campo de amoreiras para a produção de folha, que é o
único a alimento do bicho da seda, no entanto as coisas não correram
da melhor forma e hoje aquele concelho do interior pode ter perdido
a aposta.
Confrontado com esta situação, Pedro Mora, vice-presidente do
município de Freixo de Espada à Cinta, confirma que o projecto não
passou de uma intenção e o actual elenco camarário só, recentemente,
teve conhecimento de toda a situação. “A produção de seda é
importante para a economia do concelho, mas estamos em 2007 e o
projecto acabou por cair. A alimentação do bicho da seda é feita
através de folha de amoreira, situação não foi acautelada. Anda
foram plantadas algumas centenas de árvores mas nenhuma vingou,
situação que desde logo colocou em causa todo projecto,” argumentou
o autarca.
https://jn.sapo.pt/2007/12/25/norte/producao_seda_sai_casulo.html
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Para se desligar ou religar veja informações no rodapé da mensagem.
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Se quiser consultar os boletins atrasados veja
https://campoaberto.pt/boletimPNED/
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INFORMAÇÃO SOBRE O BOLETIM INFOPNED:
Acima apresentam-se sumários ou resumos de notícias de interesse
urbanístico ou ambiental publicadas na edição electrónica do Jornal
de Notícias, do Público e d’O Primeiro de Janeiro (e ocasionalmente
de outros jornais ou fontes de informação).
Esta lista foi criada e é animada pela associação Campo Aberto, e
está aberta a todos os interessados sócios ou não sócios. O seu
âmbito específico são as questões urbanísticas e ambientais do
Noroeste, basicamente entre o Vouga e o Minho.
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Selecção hoje feita por Maria Carvalho
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