Uma boa decisão! Imperou, felizmente, o bom senso. A Campo Aberto constatou com agrado que o metro não irá retalhar o Parque da Cidade, evitando fragmentar algo que é uno. De facto não havia qualquer justificação para deixar à superfície apenas o troço do metro no Parque da Cidade (talvez até o troço onde, de forma mais indiscutível, o metro nunca deveria ser à superfície!).
Isto, saliente-se, apesar de continuarmos a considerar que seria mais vantajosa, financeira e ambientalmente, a utilização da infra-estrutura que foi inicialmente construída para esse efeito, que é o viaduto do Parque da Cidade.
O importante é que a Câmara do Porto já se pronunciou e não se deixou condicionar pelas conclusões absurdas do EIA. Se houve tempo para esperar até agora, podemos bem aguardar mais uns meses. Diríamos mesmo: estamos cansados que nos acenem com urgências! Se é tudo tão urgente, a solução é simples: que se comecem a planear estes assuntos com mais antecedência. Contudo, parece-nos mais provável a explicação de que a urgência é sempre um bom pretexto para aligeirar a exigência, para facilitar os procedimentos. Mas esse caminho, cremos, é de evitar a todo o custo.
Será que os portuenses podem desta vez respirar de alívio? A história do Parque da Cidade está cheia de venturas e desventuras. Desde espaço onde seria implantada a Exponor, passando pelo temível Edifício Transparente (infelizmente bem visível!) e, mais recentemente, pela ameaça das Torres da Imoloc. O Parque resistiu, desta feita, à investida do metro. Se não tem 7 vidas, para lá caminha.
Aqui fica a notícia publicada no Jornal de Notícias.
Fonte: Jornal de Notícias. Texto: Carla Sofia Luz.
O metro atravessará o Parque da Cidade em túnel. A decisão da Câmara do Porto foi comunicada à Empresa do Metro. Agora terá de rever o estudo de impacte ambiental da Linha do Campo Alegre, que não tinha contemplado a hipótese do enterramento.
A correcção desta omissão vai contribuir para mais um adiamento da abertura do concurso público que seleccionará o construtor das quatro linhas da segunda fase de expansão da rede. No início do ano, o presidente da Administração da empresa, Ricardo Fonseca, apontou o lançamento desse concurso para Abril, já com sete meses de atraso em relação à data inicial de Setembro de 2009. Mas o prazo não será cumprido.
Fonte da Metro especifica que é obrigatório ter as declarações de impacte ambiental das quatro linhas emitidas, antes de lançar o procedimento. O balanço não é favorável, pois apenas a ligação entre Matosinhos e o Pólo da Asprela (Porto), por S. Mamede de Infesta, possui essa declaração. O prolongamento da Linha Amarela a Vila d’Este, em Gaia, deverá obtê-la a curto prazo, enquanto o traçado da segunda linha para Gondomar, por Valbom, só será submetido a consulta pública no início do próximo mês.
Quanto à Linha do Campo Alegre, o facto de não ter sido incluída no estudo (submetido a discussão pública em Fevereiro) a possibilidade de passagem em túnel no Parque vai atrasar o processo de avaliação ambiental. Face à opção camarária pelo enterramento, a Metro contactará a Agência Portuguesa do Ambiente para saber se a alteração ao traçado obriga à entrega de um aditamento ao estudo. Se for necessário, o mais provável é que o documento seja alvo de nova consulta pública.
Enterrado na Rua de D. Pedro V
A posição da Câmara do Porto é condicionada pela decisão de enterrar as composições na Rua de Brito Capelo, em Matosinhos. O presidente Rui Rio sublinha que “só admitia o atravessamento do metro à superfície” no Parque da Cidade, se circulassem desse modo no concelho vizinho.
“Aí, teria de decidir se enterrava antes da Circunvalação, no Parque ou depois do Parque, porque o professor Sidónio Pardal [projectista do espaço verde] considerava melhor a solução à superfície”, refere o autarca. O arquitecto desenhou as duas hipóteses e nunca fez segredo da sua preferência pelo atravessamento das composições em vale, próximo do mar, com canal protegido por encostas e muros de contenção.
“Como o metro vem em túnel de Matosinhos, seria um absurdo desenterrá-lo só no Parque. É irracional fazer uma trincheira enorme para colocá-lo à superfície e outra para enterrá-lo alguns metros à frente”, assinala Rui Rio. A pedido da Autarquia, a empresa está a analisar, ainda, o atravessamento da Rua de D. Pedro V pelo subsolo, em vez de construir um viaduto. Tudo indica que a ideia é tecnicamente possível com a alteração da cota de circulação das composições no vale.
Logo que o traçado esteja totalmente definido, o autarca garante que apresentará o projecto em reunião do Executivo.
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