Plataforma Transgénicos Fora
www.stopogm.net
2010/09/24
Comunicado
Herbicida de soja transgénica pode causar defeitos de nascimento
NOVOS ESTUDOS CIENTÍFICOS DEMONSTRAM IMPACTOS NEGATIVOS
Uma equipa internacional de cientistas conceituados publicou este mês um relatório sistematizando as provas acumuladas sobre os riscos ambientais e para a saúde humana do Roundup (o herbicida mais vendido no mundo) e respectivo cultivo de soja transgénica Roundup Ready (manipulada para receber a aplicação desse herbicida).
O relatório “Soja GM: Sustentável? Responsável?“(1) realça a investigação pioneira(2) do cientista do governo argentino, Professor Andrés Carrasco, que prova que o glifosato causa malformações e defeitos de nascimento em animais de laboratório, mesmo em dosagens muito inferiores às usadas na pulverização agrícola. “Os resultados em laboratório são análogos às malformações observadas em embriões humanos expostos ao glifosato durante a gravidez”, aponta o Prof. Carrasco.
Este relatório é lançado em conjunto com testemunhos filmados(1) de aldeões argentinos cujas vidas foram destruídas pelo cultivo da soja transgénica (GM). Na Argentina e no Paraguai, médicos e habitantes das zonas de produção da soja GM relatam efeitos nefastos na saúde resultantes da pulverização de glifosato, incluindo índices elevados de malformações, abortos espontâneos, cancros e aumento de casos de nados-mortos.(3) Os estudos científicos reunidos no novo relatório confirmam a ligação entre a exposição ao glifosato e numerosíssimos efeitos nefastos para a saúde, incluindo danos no DNA e órgãos reprodutores.
Carrasco diz que “as pessoas que vivem nas zonas de cultivo de soja na Argentina começaram a reportar problemas em 2002, apenas dois anos após as primeiras colheitas em grande escala da soja GM Roundup Ready”. Residentes das áreas afectadas relatam também danos ambientais resultantes do uso do glifosato, como a contaminação das culturas agrícolas e ribeiros cheios de peixes mortos na sequência da sua aplicação. Estas observações são sustentadas por estudos científicos trazidos a lume pelo novo relatório que demonstram que o glifosato é tóxico para o meio ambiente.
O relatório “Soja GM: Sustentável? Responsável?” refuta fundamentadamente as afirmações da indústria sobre a sustentabilidade do cultivo da soja GM e a segurança dos herbicidas à base de glifosato como o Roundup. Mas a Mesa Redonda sobre Soja Responsável (Round Table on Responsible Soy, RTRS), um fórum misto com representantes da indústria e algumas organizações não governamentais para a produção sustentável de soja, planeia lançar a nível internacional um rótulo para essa soja, dita “responsável”, cujo objectivo é assegurar aos consumidores e distribuidores com preocupações éticas que a soja foi produzida tendo em conta as pessoas e o ambiente. Certificará também a soja GM pulverizada com glifosato como sendo responsável.
A RTRS reúne multinacionais tais como ADM, Bunge, Cargill, Monsanto, Syngenta, Shell e BP, e associações – muito contestadas – como o WWF e Solidaridad.
Claire Robinson, da GMWatch, comenta assim essa intenção:
“É uma farsa cruel chamar sustentável e responsável ao modelo de agricultura que envolve a soja transgénica e o seu herbicida Roundup. Os critérios da RTRS convêm à indústria mas são tão fracos que não protegem a população local dos riscos conhecidos da soja GM e do Roundup, documentados no relatório. Nem sequer protegem a floresta tropical, um dos objectivos iniciais. A RTRS também ignora os problemas sociais causados pelas monoculturas de soja GM. Os meios de subsistência locais e a segurança alimentar são erodidos à medida que as terras usadas para produzir alimentos são entregues às monoculturas desta soja tóxica, maioritariamente exportada para a Europa para alimentar o gado.”
O relatório mostra que a proporção de pessoas pobres e famintas na Argentina subiu de 15% em 1996 – o ano da introdução da soja transgénica – para 47% em 2003.
A soja GM Roundup Ready é também importada para Portugal, onde alimenta vacas, galinhas e porcos que mais tarde fornecem a carne que comemos. Além disso, é utilizada para produzir lecitina de soja, usada em centenas de alimentos humanos. Por isso Margarida Silva, coordenadora da Plataforma Transgénicos Fora, afirmou já que “A soja transgénica é uma ameaça global e os estudos científicos mais recentes demonstram que a realidade é bastante pior do que se suspeitava. Portugal não pode continuar a importar esta soja transgénica como se nada fosse. Os bifes e galinhas que comemos, quando provenientes de produção intensiva, trazem consigo um rasto de sangue, doença e muitas famílias desfeitas. O Roundup tem de ser proibido e as Medidas Agro-Ambientais que o apoiam têm de ser desde já reformuladas.”(4)
Adaptado do comunicado internacional do GM Watch: www.gmwatch.org
Contacto do GM Watch: Claire Robinson 0044-1363 773787 Email: claire@gmwatch.org
Contacto da Plataforma Transgénicos Fora: 91 730 1025
Notas
1. O relatório “Soja GM: Sustentável? Responsável?”, testemunhos de aldeões, entrevista com o Professor Andrés Carrasco, imagens e mais informações disponíveis no site da GM Watch, por este link: https://www.tinyurl.com/39hsj4e
2. Paganelli, Gnazzo, Acosta, Lopez, Carrasco (2010) Glyphosate-Based Herbicides Produce Teratogenic Effects on Vertebrates by Impairing Retinoic Acid Signaling. Chem. Res. Toxicol. DOI: 10.1021/tx1001749 Disponível por este link: https://www.tinyurl.com/3ymshvo
3. Os cientistas e todos os que contestam o modelo de agricultura baseada em soja transgénica reportam ser alvo de censura e assédio. Em 2010 a Amnistia Internacional chamou a atenção e apelou à investigação de um ataque violento na vila argentina La Leonesa de um grupo organizado sobre pessoas reunidas para ouvir o Professor Carrasco falar sobre a sua pesquisa.
4. Em Portugal, o Roundup e muitos outros produtos comerciais tambem à base de glifosato, são abundantemente utilizados na agricultura e em zonas urbanas, sendo até recomendados para a prática agrícola da não mobilização ou mobilização mínima do solo. O objectivo de proteger o solo contra a erosão é louvável, mas o uso de Roundup não pode ser financiado pelas Medidas Agro-Ambientais, com subsídios da União Europeia e do Estado português. Os dados contrariam a posição das empresas fabricantes – que divulgam o glifosato como um herbicida biodegradável – mostrando que no solo o glifosato se transforma numa susbtância ainda mais tóxica, mais persistente e poluente para os solos e para as águas – o AMPA (ácido aminometilfosfónico).
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A Plataforma Transgénicos Fora é uma estrutura integrada por doze entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura (ARP, Aliança para a Defesa do Mundo Rural Português; ATTAC, Associação para a Taxação das Transacções Financeiras para a Ajuda ao Cidadão; CAMPO ABERTO, Associação de Defesa do Ambiente; CNA, Confederação Nacional da Agricultura; Colher para Semear, Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais; FAPAS, Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens; GAIA, Grupo de Acção e Intervenção Ambiental; GEOTA, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; LPN, Liga para a Protecção da Natureza; MPI, Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente; QUERCUS, Associação Nacional de Conservação da Natureza; e SALVA, Associação de Produtores em Agricultura Biológica do Sul) e apoiada por dezenas de outras. Para mais informações contactar info@stopogm.net ou www.stopogm.net
Mais de 10 mil cidadãos portugueses reiteraram já por escrito a sua oposição aos transgénicos.
Plataforma Transgénicos Fora é uma estrutura integrada por doze entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura (ARP, Aliança para a Defesa do Mundo Rural Português; ATTAC, Associação para a Taxação das Transacções Financeiras para a Ajuda ao Cidadão; CAMPO ABERTO, Associação de Defesa do Ambiente; CNA, Confederação Nacional da Agricultura; Colher para Semear, Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais; FAPAS, Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens; GAIA, Grupo de Acção e Intervenção Ambiental; GEOTA, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; LPN, Liga para a Protecção da Natureza; MPI, Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente; QUERCUS, Associação Nacional de Conservação da Natureza; e SALVA, Associação de Produtores em Agricultura Biológica do Sul) e apoiada por dezenas de outras.
Para mais informações contactar info@stopogm.net ou www.stopogm.net.
Se vcs não sabem,vai lá uma informação. Hoje ,quem faz plantio direto,que é tido como sustentável, conservacionista etc,USA GLIFOSATO como herbicida descecante.è impossivel plantar sem ele,a não ser que voltamos ao tempo do trabalho escravo,Alhás foi para o plantio direto que o glifosato foi feito,
Maos uma ,planto Soja convencional, no Brasil,sou vizinho de compatritas seus ,PRIO,uso 4 litros de glifosato por hectare,mais 1 litro de 24d,um herbicida hormonal,tudo para não arar a terra,fazendo plantio direto na palha.Além desses dois,usamos tbem 1 litro de Imazetapir,para hervas monocotiledôneas,e 0,5 l de cobra,para dicotiledôneas,para disecar na colheita ,mais 3 l de glifosato,ou 2 l de Gramoxone.Nos Transgênicos ,o uso se restringe ao glifosato 6 l por Ha.É por isso que nós agricultores estamos aderindo aos transgênicos,nós que ficamos espostos aos produtos damos preferencia ao sistema que diminui consideravelmente o risco .Os TRANSGENICOS.
Porque não denunciam as empresas que insistem em nos vender IMAZETAPIR, que leva dois anos para poder-mos plantar milho,ou 24D,com certeza cancerígeno,e Gramoxone,que quando inalado destroe alvéolos pulmonares? e este ultimo usado para dessecar a cultura 8 dias antes da colheita?Isso não dá lucro/
Este relatório Impacts of Genetically Engineered Crops on Pesticide Use: The First Thirteen Years, Charles Benbrook, November 2009 disponível na net, mostra que nos EUA a quantidade de herbicida necessário no cultivo de milho, soja e algodão OGM é muito maior do que a soma de todos os químicos utilizados no cultivo tradicional. Isso pq algumas plantas tornam-se resitentes ao glifosato.
A dminiuição de uso de químicos só aconteceu nos primeiros anos. É preciso investir na agricultura biológica (orgânica, termo brasileiro) de produção de pequena e média escala em detrimento de uma produção intensiva em químicos e em grandes superfícies de terra.