Defensores dos Jardins do Palácio acreditam que Assembleia do Porto aprovará referendo
Movimento entregou ontem as assinaturas necessárias ao presidente da assembleia municipal
O Movimento em Defesa dos Jardins do Palácio de Cristal está confiante de que a Assembleia Municipal do Porto vai aprovar a realização de um referendo sobre a construção de um centro de congressos nos terrenos do Pavilhão Rosa Mota/Palácio de Cristal. Isto apesar de uma consulta efectuada pelo PÚBLICO, anteontem, colocar dúvidas sobre o desfecho desta votação. Só CDS e Bloco de Esquerda desvendaram o seu sentido de voto: os centristas estão contra a concretização do referendo e os bloquistas a favor. Já os partidos com maior representatividade, PSD e PS, assim como a CDU, não revelaram ainda as respectivas posições.
Ontem, quatro membros do Movimento em Defesa dos Jardins do Palácio de Cristal entregaram um abaixo-assinado, com 5572 assinaturas, a Valente de Oliveira, presidente da Assembleia Municipal do Porto. Na perspectiva de Soares da Luz, um dos impulsionadores do movimento de defesa dos jardins, a Assembleia Municipal do Porto deverá, após a análise de todas as conformidades – nomeadamente a regularidade das assinaturas – votar a realização do referendo daqui “a 45 dias ou dois meses”. Soares da Luz nem sequer equaciona a hipótese de este órgão chumbar a realização do referendo. “Não me passa pela cabeça que seja a Assembleia Municipal do Porto a infligir essa derrota”, comentou. Soares da Luz garantiu ainda que o movimento irá aceitar a vontade popular, seja ela a favor ou contra a construção do centro de congressos.
Quanto ao encontro com Valente de Oliveira, Soares da Luz descreveu que a recepção dos representantes do movimento e do abaixo-assinado “não foi calorosa, foi muito fria”, acrescentando que o líder da assembleia lhe pareceu “apressado e nervoso”. Ao contrário do que esperava, por estar em causa um sinal de “que a cidadania está a mexer”. Valente de Oliveira entrou na Câmara do Porto em passo apressado e saiu, decorrido pouco tempo, no mesmo ritmo, recusando-se a falar com os jornalistas.
No caso de a Assembleia Municipal do Porto aprovar a realização do referendo, este terá ainda de passar pelo “crivo” do Tribunal Constitucional, que decidirá sobre a realização, ou não, da consulta, e se autoriza, ou não, a pergunta. Por enquanto, a redacção proposta pelo movimento é: “Concorda com a construção de edifícios nos jardins do Palácio de Cristal para um centro de congressos?”
A presidente do Movimento em Defesa dos Jardins do Palácio de Cristal, Graça Lucena, lembrou que este espaço do Porto é um ex-líbris da cidade, reconhecido na região e em todo o país. A líder do movimento chamou ainda a atenção para valores, nem sempre referidos, que , em na sua opinião, correm risco: o bucolismo, naturalismo e tranquilidade daquele espaço podem ser postos em causa, alega, pela presença de muitas pessoas em ritmo de trabalho ou dos necessários camiões para cargas e descargas.
Público, 26-02-2011
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