Janeiro de 2012 * Notícias 1
Uma página de vez em quando, com sínteses e comentários de artigos ou notícias relacionadas com o novo interesse, aparente ou real, pela terra e pela ruralidade, recolhidos na imprensa que vou lendo. Pretextos para reflexão, convites à ação, o que se queira. Os recortes completos passarão a estar disponíveis para consulta na sede da associação Campo Aberto, no contexto do Grupo Cidade-Campo (www.campoaberto.pt). José Carlos Marques (jcdcm@sapo.pt)
HORTAS URBANAS SOCIAIS EM LAGOS. A Câmara Municipal de Lagos lançou um programa de hortas urbanas em parcelas de terrenos propriedade do município, com objetivos sociais e ambientais (jornal Costa a Costa, 16 dezembro 2011). Ver também no site da Câmara Municipal de Lagos.
AGRICULTURA BIOLÓGICA EM ODEMIRA. Uma empresa (Vitacress) implantada em Odemira dedica 30 dos seus 300 hectares à produção de hortícolas biológicas, vendo nisso sobretudo forma de penetrar nos mercados do Norte da Europa, depois de ter «furado» pelo mercado espanhol. (Público, 2 janeiro 2012). Como serão os outros 270 hectares? Sabe-se que na região de Odemira existem grandes explorações agrícolas que fazem um uso intensivo da agroquímica. Talvez os 300 hectares venham um dia a ser todos biológicos…
RECONSTRUIR UMA ALDEIA PARA OU PELO TURISMO? No concelho de Vale de Cambra, Trebilhadouro é uma aldeia que perdeu o último morador na década de 1980. Durante 11 anos, a câmara promoveu aí anualmente o Trebilhadouro – Festival Internacional de Artes e Culturas, suspenso em 2011 devido à crise. O seu lema era «Um Festival que Requalificou uma Aldeia». Áurea Santos, que passou parte da infância nessa aldeia, herdou da mãe, aí nascida, cinco habitações. Uma amiga, Isabel Fonseca, comprou lá quatro casas. Ambas têm um projeto de turismo rural apoiado na reconstrução das nove casas e esperam, conservando rigorosamente a traça, dar nova vida à aldeia, através do turismo rural, apoiado em turistas vindos dos países nórdicos (Público, 2 janeiro 2012).
UM BANQUEIRO REGRESSA À TERRA. João Oliveira, antigo presidente do Banco Português do Atlântico, dedicou-se depois à vinha e ao olival em Lamego, onde é agricultor. Num encontro de personalidades na Universidade Católica, uma espécie de think tank, defendeu que é preciso saber porque é que há terras ao abandono, resolver o problema caso haja razões válidas para esse abandono, se as não houver os donos devem ser penalizados e a terra deve ser trabalhada por quem se comprometa a trabalhá-la. A banca devia dar crédito para que isso possa acontecer, mas não é o que agora se passa, diz João Oliveira (Jornal de Notícias, 15 janeiro 2012.
POLÍTICA AGRÍCOLA EUROPEIA EM MUTAÇÃO? Em 12 de outubro de 2012, a Comissão Europeia apresentou um projeto de reforma da PAC – Política Agrícola Comum, uma proposta e uma nova parceria entre a Europa e os agricultores por forma a enfrentar os desafios da segurança alimentar, da utilização duradoura dos recursos naturais e do crescimento económico. A reforma pretende responder também ao desafio ecológico e manter a vitalidade do mundo rural (Commission en Direct, 14-20 outubro 2011). Na consulta pública que precedeu a apresentação deste projeto, as organizações ecologistas manifestaram-se insatisfeitas com o projeto de reforma da PAC em debate. Ver também Legal proposals for the CAP after 2013.
O ÓLEO DE PALMA DESTRÓI A FLORESTA… E O ORANGOTANGO. Carles Puyol, capitão do clube de futebol F.C. Barcelona, aceitou ser porta-voz da luta pela preservação do orangotango na Indonésia, que só será possível preservar pela preservação da floresta que é o seu habitat. Ora esse habitat está ameaçado pela extensão da cultura do óleo de palma (Le Monde, 23 dezembro 2011), uma monocultura típica de «plantation» virada para a exportação e não para a satisfação das necessidades alimentares da população, e a que os biocombustíveis vieram também dar um impulso suplementar.
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