Março de 2012 * Natureza 1
«As criaturas selvagens, como os seres humanos, precisam de um lugar para viver.
À medida que a civilização cria cidades, constrói autoestradas e enxuga pântanos, ela apodera-se,
pouco a pouco, da terra favorável à vida selvagem. E à medida que se estreita o espaço
para viverem, as populações selvagens elas próprias declinam.»
Rachel Carson, celebrada autora de Primavera Silenciosa, livro que, em 2012,
completa 50 anos de sua primeira edição.
Uma página de vez em quando, com sínteses e comentários de artigos ou notícias de temas de natureza, recursos naturais e conservação de ambos!, recolhidos na imprensa que vou lendo (José Carlos Marques: jcdcm@sapo.pt). Pretextos para reflexão, convites à ação, o que se queira. Os recortes completos passarão a estar disponíveis para consulta na sede da associação Campo Aberto (www.campoaberto.pt), no horário que consta em: https://www.campoaberto.pt/2012/01/17/horario-de-abertura-da-campo-aberto/
ESTUÁRIO DO DOURO INEXISTE EM LISBOA.
A Reserva Natural Local do Estuário do Douro, a primeira área protegida a nível local criada no país, ainda não parece existir aos olhos do ICBN – Instituto de conservação da natureza e da biodiversidade, pois não consta da rede nacional de áreas protegidas no mapa da página internet daquele instituto, que invoca razões processuais para a omissão. A integração nessa rede facilitaria o acesso a fundos comunitários e possibilitaria a referenciação em publicações nacionais e estrangeiras sobre as áreas protegidas nacionais. Ver: Jornal de Notícias, 21 fevereiro 2012.
ÁGUIAS DE BONELLI PARAM PARQUE FOTOVOLTAICO.
Suspensas oito licenças de construção de painéis solares do maior projeto de parque fotovoltaico em França, por este colidir com a proteção da água de Bonelli, foi a sentença recente do tribunal administrativo de Marselha. Razão: o parque é incompatível com espaços naturais e florestais sensíveis protegidos. As entidades queixosas (LPO – liga de proteção das aves, e Conservatório dos espaços naturais da Provença-Alpes-Côte d’Azur) lamentam a contradição: «Para nós é doloroso termos tido que nos opor a um projeto de energia renovável, pois normalmente apoiamos esses projetos.» Compreende-se: o parque ia ser construído num local chave de uma zona Natura 2000, declarada também zona natural de interesse ecológico, faunístico e florístico. De facto, as energias renováveis podem ter também algum impacto negativo sobre o ambiente e a natureza, e quando esse impacto é importante surge o dilema. É esperançoso que um tribunal reconheça, como aconteceu neste caso, a primazia de valores naturais excecionais em perigo. Ver: Le Monde, 19 e 20 fevereiro 2012.
DESAPARECEM OS GIGANTES DA FLORESTA.
Árvores que atingem várias dezenas de metros de altura em rápido desaparecimento. Estas árvores, os maiores organismos vegetais da terra, desempenham uma função ecológica essencial, sendo em volta delas que se ordena a arquitetura das florestas. As florestas tropicais e as florestas boreais, sobretudo a Sibéria e o oeste do Canadá, estão a ser fortemente abaladas, sobretudo devido a uma exploração florestal abusiva, nelas se verificando uma preocupante diminuição destas «árvores catedrais». O especialista dos meios tropiciais William Laurance, professor da universidade James-Cook de Cairns (Austrália), considera que, para as salvar, é preciso começar por impedir a exploração florestal que abate prioritariamente esses espécimes, além das outras causas do seu declínio. Ver entrevista: Le Monde, 16 fevereiro 2012.
NOVA LEI DE BASES DO AMBIENTE.
Mais curta e mais simples, quer o Governo. Com 25 anos de existência, a Lei de Bases do Ambiente vai ser objeto de revisão. O Governo pretende uma lei mais curta e menos regulamentadora, tendo nomeado um conselho consultivo de especialistas convidados a dar a sua opinião sobre a nova lei. O conselho integra os antigos secretários de estado do ambiente Carlos Pimenta e Carlos Borrego e mais oito personalidades, algumas delas com largos serviços prestados à cidadania e ao associativismo ambiental, como Filipe Duarte Santos, Helena Freitas e Viriato Soromenho Marques. Ver: Público, 10 fevereiro 2012
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