Mais uma viagem da Campo Aberto, a última da «estação quente 2014» – algo fria este ano…
O primeiro sábado de outubro tem dado sorte às visitas e passeios da Campo Aberto – em 2012 e em 2013 fomos brindados com um dos mais belos e esplendorosos dias de cada um desses anos, num caso na Serra da Estrela, noutro caso na Serra da Lousã e Góis.
Será que teremos a mesma sorte este ano, no sábado 4 de outubro, numa nova visita a Terras de Basto, que o celebérrimo Guia de Portugal (iniciado por Raúl Proença, e depois continuado por Sant’Anna Dionísio em volume sobre o Minho, cujas últimas páginas são dedicadas precisamente a esta região) considera o átrio de Trás-os-Montes e uma das mais belas joias do Minho?
Esperemos que sim!
Em todo o caso o programa propõe mais uma vez uma dimensão paisagística, naturalista, cultural e de saúde física – caminhada na freguesia do Rego em Celorico (planalto da Lameira), património construído, artístico, etnográfico, rural e paisagístico em Cabeceiras de Basto e Serra da Cabreira, são alguns dos motivos de interesse da jornada.
Pode ver aqui algumas imagens da visita a Terras de Basto feita em 7 de setembro 2013, a que esta de agora dá continuação.
Condições atmosféricas: nota importante
A visita poderá vir a ser anulada se no dia 1 de outubro as condições atmosféricas e as previsões oficiais indicarem que os três dias seguintes serão muito provavelmente de mau tempo declarado e/ou de chuva persistente. Obviamente todas as contribuições para as despesas que tenham sido enviadas pelos inscritos serão nesse caso devolvidas.
PRAZOS DE INSCRIÇÃO
Primeiro prazo: até sábado 27 de setembro
Segundo prazo (com sobrecusto): 28, 29 e 30 de setembro (nestes dias não se inscreva sem antes ter recebido confirmação de existência de vaga)
Procedimentos de inscrição: veja após o cronograma-programa.
CRONOGRAMA/PROGRAMA
7:50 Agrupamento na praça Velásquez frente ao café Velasquez, com pequeno almoço/café já tomado
8:00 Partida para Terras de Basto
9:30 Chegada ao Largo da Igreja da Freguesia do Rego (Planalto da Lameira, Celorico de Basto)
9:40 Início do percurso pedestre circular na freguesia do Rego seguido de visita aos moinhos recuperados de Argontim.
Nota: esta caminhada é de dificuldade baixa-média, sendo por caminhos relativamente largos, embora com algumas subidas. O guia é Ricardo Ferreira, estudante de engenharia do ambiente, natural da freguesia, que conhece muito bem.
12:00 Almoço opcional num restaurante da freguesia; em alternativa, farnel em local aprazível para quem optar por farnel, a cargo do participante. Nota: ver adiante o menu e preço no restaurante bem como instruções de inscrição
13:0 Partida e Visita à Quinta Biológica da Bouça (Corgo, Celorico de Basto), compra de maçãs biológicas pelos interessados. A Quinta da Bouça pertence aos nossos sócios Aurora Teixeira e José Junqueira, que coorganizam connosco esta atividade. Faça uma visita virtual à Quinta da Bouça.
14:00 Partida para Cabeceiras de Basto
14:25 Chegada a Cabeceiras, visita guiada ao Mosteiro de Refojos candidato a Património Mundial Unesco e ao seu pequeno Museu de Arte Sacra
15:30 Visita ao pequeno museu etnográfico Casa do Tempo e breve passagem pela Festa e Feira Medieval que encerra as comemorações dos 500 anos de atribuição a Cabeceiras do Foral de Vila
16:30 Visita à região das antigas aldeias de Bucos (brandas e inverneiras) e à Casa da Lã; vistas para os vales e Serra da Cabreira
18:30 Curta visita à Casa de Sto Antonino, Cabeceiras de Basto; jardins, interior e vistas
19:00 Regresso ao Porto
20:30 Chegada ao Porto
ALMOÇO
Se não quiser participar no almoço em restaurante, deverá precaver-se com o seu próprio farnel. Se quiser participar no almoço no restaurante local de Rego, deverá indicá-lo no campo Observações do formulário de inscrição, explicitando obrigatoriamente o menu escolhido, o que implica aumentar em €10,00 por pessoa a participação nas despesas (preço da refeição).
O tempo disponível para o farnel ou para o almoço em restaurante é, em ambos os casos, de uma hora, estando os pratos no restaurante previamente encomendados e tendo o restaurante conhecimento de que deverá servir rapidamente.
As opções do menu, que contém sempre entradas ou sopa e como sobremesa fruta da Quinta de Bouça, são as seguintes:
(1) Vitela assada em forno a lenha proveniente de animais dos Lameiros do Planalto
(2) Bacalhau cozido com batatas e grão de bico
(3) Prato vegetariano (se não aceitar composição ovolactovegetariana, ou seja, se optar por vegana integral, assinalar)
PROCEDIMENTO DE INSCRIÇÃO
ANTES DE SE INSCREVER
Convém, no seu próprio interesse, tomar conhecimento das nossas condições gerais de participação.
DOIS PRAZOS DE INSCRIÇÃO
Até 27 de setembro: contribuição para as despesas – sócios, e crianças e jovens até aos 18 anos (sejam acompanhados por sócios ou por não sócios): € 18,00; não sócios (a partir dos 18 anos): €25,00. Se optar por almoço em restaurante, adicionar €10,00 por pessoa.
Em 28, 29 e 30 de setembro (nestas datas não se inscreva sem antes ter inquirido se ainda há vagas e ter recebido confirmação, usando o endereço: atividadesca@gmail.com): contribuição para as despesas – sócios e crianças e jovens até aos 18 anos (sejam acompanhados por sócios ou por não sócios): €23,00, não sócios €30,00. Se optar por almoço em restaurante, adicionar €10,00 por pessoa.
A Campo Aberto incentiva a presença de crianças e jovens nas suas atividades de ar livre. Porém, o adulto acompanhante é responsável por considerar compatível a presença da criança ou do adolescente, tendo em conta a idade e respetivo desenvolvimento, a extensão das caminhadas previstas e o seu grau de dificuldade.
PARA SE INSCREVER
A inscrição é feita preenchendo e enviando o formulário próprio.
Por motivos técnicos, e pedindo desculpa do pequeno incómodo suplementar, o formulário tem que ser preenchido na íntegra mesmo por parte dos sócios ou de não sócios que participam frequentemente nas visitas da Campo Aberto.
Em caso de dúvida ou dificuldade no preenchimento ou envio:
Tentaremos ajudar. Comunique as suas dúvidas ou dificuldades para
atividadesca@gmail.com
ou contacte tm 918527653
PARTICIPAÇÃO NAS DESPESAS DA ATIVIDADE
A inscrição só é válida se, no próprio dia da inscrição, for acompanhada de comprovativo do envio da participação nas despesas de organização.
Veja como fazer o envio do montante da participação nas despesas e do comprovativo.
Por favor, preste especial atenção, nessa página, à rubrica «Descritivo, referência ou comentário». Será para nós uma grande ajuda na organização da atividade Pedimos especial cuidado no que se refere a facilitar a identificação de transferências, depósitos ou outras modalidades de envio. Sempre que possa, prefira fazê-lo em linha (online) em modalidade que permita um descritivo, devendo este seguir o modelo indicado na referida rubrica.
Em caso de dificuldade, contactar: atividadesca@gmail.com ou, se necessário, tm 918527653
A partir daqui, inserimos algumas informações complementares sobre aspetos do programa da visita, já não indispensáveis para efetuar a sua inscrição.
TERRAS DE BASTO NO GUIA DE PORTUGAL
Ocupando as páginas finais do II tomo do IV volume (já organizado por Sant’Anna Dionísio) do Guia de Portugal, criado por Raúl Proença, as Terras de Basto surgem nele assim sintetizadas num retrato de meados do século XX:
«A chamada Terra de Basto, genuíno átrio de Trás-os-Montes, é um quadrilátero montanhoso e austero (de uns 15 a 20 km de lado), recortado por alguns vales verdejantes de recatada feição rústica, humedecidos por frescos regatos afluentes do rio Tâmega e pelo próprio Tâmega. De Poente para Norte esse rincão montanhês é dominado pelas altas cumeadas das serras da Cabreira e Barroso; de Nascente a Sul, pela imponente corda orográfica da serra do Alvão e pela modesta montanha de Lameira, divisória das terras de Margaride e de Fafe. Dois dos concelhos de Basto – Cabeceiras e Celorico -, situados na margem direita do Tâmega, consideram-se ainda dentro do velho Entre Douro e Minho; na margem esq., o concelho de Mondim de Basto diz-se já em Trás-os-Montes, muito embora não se situe para lá do Marão, mas, sim, para cá e no sopé da serrania.»
JARDINS DE BASTO
Os jardins de Basto apresentam aspetos muito curiosos, que no mesmo Guia são explicados pelo Eng. Agrónomo e Arquiteto Paisagista Ilídio de Araújo, grande especialista em questões de paisagem e de jardins. Começa assim:
«A nenhum viajante apreciador das belezas da Arte e da Natureza passará despercebido, ao atravessar a região de Basto, o carácter peculiar dos jardins que frequentemente se deixam adivinhar por detrás dos muros que guardam dos olhares devassadores do transeunte os recatados quintais dos seus solares armoriados. Nos terraços desses quintais, os tabuleiros de plantação quase desaparecem afogados por uma profusão de esculturas verdes, em que, a par de algumas curiosas formas geométricas talhadas em buxos, teixos, camélias e cedros do Buçaco, aparecem, por vezes empoleiradas nelas, outros de feitio zoomórfico estilizado, em composições plásticas de um efeito com seu quê de estranho e maravilhoso.»
E Ilídio de Araújo refere exemplos: Casa do Campo (Molares), Casa do Prado (Britelo), Casa de Pielas (Painzela), Casa da Boavista (Veade), Casa da Igreja (Mondim), Casa da Gandarela (S. Clemente), Casa da Igreja (Corgo), Casa do Telhô (Arnoia)… e várias outras, incluindo a Casa de Sto Antonino, que integra o nosso programa.
CASA DE SANTO ANTONINO
Sobre esta, escreve Sant’Anna Dionísio: «Moradia antiga e solarenga», convertida numa «espécie de casa-museu», encostada «a um socalco ajardinado, com buxos e alegretes». Do lado Norte «se oferece a melhor vista da casa. Ao longe, recorta-se o perfil bronzeado da serra do Alvão, destacando-se na frente o inconfundível monte da N.ª S.ª da Graça. Ao nível do jardim está um interessante mirante, assente em colunas finas.»
BUCOS DE ANTIGAMENTE
A Bucos descrita por Sant’Anna Dionísio existirá ainda? O certo é que o município atual se orgulha da sua ruralidade. No e-sítio de Cabeceiras, lemos o seguinte:
«Aldeias turísticas da Serra da Cabreira
Resultante da parceria estabelecida entre os Municípios de Vieira do Minho e Cabeceiras de Basto, surgiu o Guia das Aldeias da Serra da Cabreira, projecto integrado no CIASC – Centro de Interpretação e Animação da Serra da Cabreira. Trata-se de uma publicação que pretende despertar a curiosidade do visitante e desafiá-lo para uma visita às aldeias da Serra da Cabreira, contactando desta forma com a realidade serrana, com «os seus tesouros e sobretudo com as suas gentes».
Vinte e três aldeias acolhem as gentes que aqui vivem há gerações, que aqui trabalham e enfrentam as agruras da Serra da Cabreira.
Bucos, Cabeceiras de Basto
Aldeia antiga, mencionada em 1258 na «inquisitio eclesie sancti Salvatoris de Cabezeriis», levanta a hipótese de se tratar de uma «villa» agrária anterior à Nacionalidade. Famosa pelo seu artesanato em lã, com destaque para as mantas tecidas no pisão, as colchas, as meias e o capucho de burel, Bucos é também famosa pela prática do jogo do pau, local onde existe uma escola que tenta manter viva esta antiga e peculiar arte de defesa pessoal. Bucos é ainda referência pelo património edificado, pela caça, pelos percursos de BTT e pelas actividades agrícolas e pecuárias que desenvolve.
Ali se está a desenvolver um projeto de valorização da lã, em breve disponível ao público na Casa da Lã.»
Mas voltemos ao Guia de Portugal, algumas décadas anterior à internet:
«Bucos. Aldeia alta e serrana, de feição quase primitiva. Quem sai de Cabeceiras de Basto pela velha e sinuosa estrada de Rossas, tem, logo à saída desse antigo recanto monástico, a visão de vários pendores e perfis alcantilados, que lhe prendem os olhos pelo seu carácter, ora silvestre, ora pedregoso e ascético. Andando cerca de meia légua, surge, à esq., o serro da Orada, denticulado e mirrado, como uma espécie de Sinai ibérico e sobre o qual nas noites fundas e negras do Inverno, fuzilam os relâmpagos logo seguidos de formidandos acordes cavernosos. A partir de certa altura, nesse esquálido serro, não se descobre a mínima sombra vegetal. É a penedia extrema, só conhecida dos milhafres e de um ou outro caçador de boa têmpora. [… … … Deixando, um pouco além, etc … … …] Em breve estamos na primeira das três aldeias sobrepostas e serranas do mesmo nome: Bucos, Vila Boa de Bucos e S. Bartolomeu de Bucos. A primeira, e a mais baixa, é Bucos. Mais acima, a uns 400 metros de altitude, no meio de algumas brandas revestidas de erva húmida, está Vila Boa de Bucos, com os seus casinhotos denegridos, muito chegados uns aos outros, como que para se defenderem melhor da sensação de frio universal que vai do céu escuro, nas intermináveis noites de invernia. Vencendo mais uns dois lanços de encosta pastoril, alcança-se, finalmente, a uns 600 m de altit., a aldeia mais típica das três gémeas serranas: é S. Bartolomeu de Bucos.»
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