Por Amor da Árvore

por | Ago 5, 2015 | sem categoria | 5 Comentários

Um aspeto do Parque do Buçaquinho, perto de Cortegaça, no concelho de Ovar.

Um aspeto do Parque do Buçaquinho, perto de Cortegaça, no concelho de Ovar.

O título desta rubrica inspira-se no título de um livro da grande poetisa sueca Karin Boye (ver revista Ar Livre n.º 18 página 17; e rubrica Por Amor da Árvore 2019)

Atualização

Nesta rubrica:
três novas notícias em 12 de fevereiro de 2016

  1. 14 mil árvores abatidas no Tua, com autorização do Governo
  2. Colocar as acácias invasoras no mapa – para melhor as combater!
  3. Vote até 29 de fevereiro de 2016 – e escolha a Árvore Europeia do Ano!

No final dessas três notícias, reencontra os artigos anteriores, de 20 de novembro de 2015 e outros para trás.

Recordemos o objetivo desta rubrica Pelo Amor da Árvore: defesa da árvore em espaço urbano (sobretudo), seja em ruas, parques ou jardins, e também no território em geral; defesa de conjuntos arbóreos.

Alguns temas já abordados: impacto das árvores na cidade – uma conferência promovida pela Câmara Municipal do Porto; árvore abatida em Matosinhos; árvores abatidas no Campo Alegre, Porto; incompreensão de alguns autarcas a respeito da importância e dignidade da árvore; o Pinhal da Mata do Buçaquinho em Ovar; abate selvático de árvores em Guimarães; dendrofobia, doença portuguesa?

1. GOVERNO AUTORIZA ABATE DE MAIS DE 14 MIL ÁRVORES NO TUA

A agência Lusa noticiou que o Governo autorizou, em 11 de fevereiro de 2016, o abate de mais de 14 mil árvores no Tua para a segunda fase da construção da barragem nesta zona de Trás-os-Montes, invocando a utilidade pública da obra e impondo condicionantes. Alguns consideram essa barragem e suas consequências (como estas) um dos maiores crimes ambientais dos últimos anos em Portugal… pela mão da EDP e com o alto patrocínio do Estado.

2. COLOCAR AS ACÁCIAS INVASORAS NO MAPA

Mapear Acácias

Luta contra as plantas invasoras por amor à árvore? Sim, por amor às árvores que não são invasoras mas autóctones ou bem adaptadas, mesmo se exóticas!

Vamos então colocar as acácias invasoras no mapa? Podemos divulgar o que fazer, e colaborar para esse fim, incluindo nas redes sociais. É o que pedem a todos os cidadãos o Centro de Ecologia Funcional/Departamento de Ciências da Vida, da Universidade de Coimbra, e a Escola Superior Agrária de Coimbra/Instituto Politécnico de Coimbra.

Informam-nos ambas as instituições, por intermédio das especialistas em invasoras Hélia Marchante e Elizabete Marchante, que as várias espécies de acácias invasoras já estão a florir e a «inundar» as nossas paisagens novamente de amarelo!

E sugerem: se já está registado na plataforma de ciência-cidadã de mapeamento das plantas invasoras (se não está, pode registar-se em linha; note-se que todos os dados recolhidos na plataforma estão disponíveis para todos os que tiverem interesse em utilizá-los, inclusive em aplicação para Android), registe no mapa as que encontrar, já que nesta altura as vemos onde geralmente passam despercebidas.

Pode também partilhar diretamente do Facebook e consultar um cartaz elucidativo. Com o objectivo de chegar ao maior número de cidadãos possível, a sua colaboração será uma grande mais valia. Muito obrigado!

3. VOTE NA ÁRVORE EUROPEIA DO ANO ATÉ 29 DE FEVEREIRO

Foto Paula Vidal

Depois de votar envie à Campo Aberto (contacto@campoaberto.pt) duas ou três fotos de uma árvore do seu concelho, freguesia ou distrito que ache que merece ser distinguida e um pequeno texto com a sua história. Podemos assim criar em conjunto um álbum onde dar a conhecer a história de algumas das árvores mais importantes de Portugal!

O objetivo do concurso da Árvore Europeia do Ano é destacar as árvores velhas e interessantes, como um importante património natural e cultural que devemos valorizar e proteger, evidenciando também a sua história e ligação com o povo.

A árvore considerada símbolo de Portugal, o sobreiro, foi também escolhida por votação tempos atrás. O sobreiro é uma Quercus (suber), portanto, um carvalho. Pode assim votar em «oak» (carvalho, em inglês), estará pelo menos a votar num género arbóreo que representa bem o nosso país, e também a Europa visto estar bem representado no continente.

Vamos então votar? 

Atualização de 20 de novembro de 2015

Três novas notícias, abaixo: (1) Sessão de esclarecimento – Dos benefícios aos números: Qual o impacto das árvores na Cidade? promovida pela Câmara Municipal do Porto; (2) Árvore abatida na parte sul da Rua Brito e Cunha, em Matosinhos (atualização); e (3) Árvores abatidas junto à VCI ao Campo Alegre (a seguir ao viaduto, do lado esquerdo de quem desce).

Recordemos o objetivo desta rubrica Pelo Amor da Árvore: defesa da árvore em espaço urbano (sobretudo), seja em ruas, parques ou jardins; defesa de conjuntos arbóreos.

Na sessão promovida pela CMP, decerto de grande interesse, reflete-se, se bem compreendemos pelo perfil do primeiro orador, a metáfora dos «serviços» prestados ao Homem pela Natureza, que há alguns anos teve expressão notável num relatório do britânico Sir Nicolas Stern. Embora essa perspetiva se tenha mostrado útil para morigerar algumas intervenções desastrosas sobre a natureza, idealmente deveria ser completada por algo mais essencial, neste caso concreto a consciência de que a árvore, sendo útil para o ser humano, tem uma autonomia e dignidade próprias irredutíveis aos referidos «serviços». Sem essa visão, apenas se conseguirá evitar parte das agressões, o que de forma alguma é desprezível, mas será ainda talvez insuficiente.

20 de novembro de 2015
Sessão de esclarecimento
Dos benefícios aos números: Qual o impacto das árvores na Cidade?

Divulgamos uma iniciativa da Divisão Municipal de Jardins da Câmara Municipal do Porto que certamente interessará aos que seguem com atenção o que se passa no concelho relativamente ao respeito ou desrespeito pela dignidade, beleza e integridade das suas árvores. Os interessados deverão inscrever-se (a entrada é gratuita mas sujeita a inscrição obrigatória). A presença está limitada pela disponibilidade de lugares e a DMJ-CMP alerta-nos que a procura está a ser muita:

«O Município do Porto reconhece e valoriza a importância do arvoredo urbano da Cidade, encetando todos os esforços para o incremento das suas reais funções, no espaço de todos nós.

Maximizar estas funções e serviços implicará, não só, pensar e trabalhar a floresta urbana ao nível do planeamento, gestão e manutenção, bem como, de suma importância, esclarecer e investir na consciência dos Munícipes sobre o valor deste património, suas particularidades e constrangimentos.

Potenciar a relação harmoniosa entre a Árvore e o Utilizador da Cidade passará inevitavelmente por uma tomada de consciência sobre os reais benefícios do arvoredo no espaço urbano, muitos deles já quantificáveis por ferramentas de modelação e valorização, como por exemplo, o i-Tree.

Com vista à elucidação e análise partilhada desta temática e em parceria com InBIO / CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, da Universidade do Porto, é com todo o prazer que convidamos Vossa Excelência para a sessão de esclarecimento sob o tema “Dos benefícios aos números: Qual o impacto das árvores na Cidade?”, que acontecerá no próximo dia 1 de dezembro, às 14:00, no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett.

Como oradores convidados teremos a honra de contar com a presença de:

  • Dr. David Nowak, investigador americano, de referência mundial, com inúmeros trabalhos sobre o impacto da vegetação na saúde e qualidade da vida urbana. Impulsionador e coordenador principal do i-Tree, uma ferramenta de modelação e avaliação, que permite quantificar, avaliando, os efeitos do arvoredo.
  • Arq. Paisagista Marisa Graça, arquiteta paisagista desde 2004, responsável pelo desenvolvimento e coordenação de vários projetos de áreas verdes urbanas, públicas e privadas. É atualmente investigadora no InBIO / CIBIO e doutoranda na Universidade do Porto, com o tema de tese “Desempenho das Áreas Verdes Urbanas na Proficiência dos Serviços de Ecossistemas: O caso de estudo do Porto”.

Todo o evento terá tradução simultânea.

Em formalização da inscrição prévia necessária, solicita-se contacto para dmj@cm-porto.pt ou 225 320 080, com referência às seguintes informações: nome completo, instituição que representa (caso se aplique) e contactos (telefone/e-mail).

Desde já gratos por todo o interesse e acolhimento no convite formulado, despedimo-nos com os melhores cumprimentos, A Chefe da Divisão, Cristina Azurara».

20 de novembro de 2015
Árvore abatida na parte sul da Rua Brito e Cunha, em Matosinhos (atualização)

Os leitores desta rubrica estarão lembrados da série de notícias que aqui colocámos em agosto, sob o título «Salvar uma árvore em Matosinhos» (ver mais abaixo).

Citamos o que escrevemos em 17 de agosto: «Note-se que o Presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, a quem a Campo Aberto tinha na altura contactado por email, nos tinha respondido agradecendo e dizendo que iria ver a situação. Até agora ainda não recebemos nenhuma outra notícia. Continuamos a aguardar os resultados da sua verificação.»

Passados três meses recebemos, com data de 28 de outubro de 2015, assinada pelo Diretor Municipal de Ambiente, Equipamentos e Investimentos, Eng. José Manuel Pires, a seguinte carta: «Relativamente ao assunto identificado em epígrafe (Danos causados em árvore situada na parte sul da Rua Brito e Cunha), informo V. Exas que a árvore em questão se encontrava frágil em termos de estabilidade e foi alvo de análise por parte dos serviços competentes, os quais decidiram o seu abate por motivos de segurança.»

A carta, no entanto, não menciona o que era do total conhecimento do Presidente do município: que a árvore tinha ficado em lastimável estado após obras na referida rua (com vista à abertura da Avenida dita Broadway), sendo pois da Câmara Municipal de Matosinhos a responsabilidade da falta de estabilidade da árvore. Logo a CMM poderia ter evitado o seu abate se não tivesse consentido por ação ou omissão nos maus tratos de que a árvore foi objeto. O Presidente foi alertado antes do seu abate mas não mais nos deu qualquer explicação. Ou seja, a responsabilidade de um abate por negligência parece neste caso caber por inteiro aos serviços do mesmo município.

20 de novembro de 2015
Árvores abatidas junto à VCI ao Campo Alegre (a seguir ao viaduto, do lado esquerdo de quem desce)

Recebemos de um correspondente algumas fotografias que documentam o que a ele se afigura ser uma agressão ambiental sem sentido: «As árvores que foram cortadas (porquê ?) faziam uma barreira ao ruído e à poluição provenientes da VCI, próxima do prédio que se vê numa das fotos. Creio que a responsabilidade do terreno é da CMP. Será que vão plantar árvores para fazer uma barreira ambiental natural e barata ou vão colocar «muros»?»

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16 de setembro de 2015
Recebemos em 12 de setembro um longo comentário de Celeste Ramos, de que destacamos alguns aspetos. Arquiteta paisagista, aluna do Prof. Francisco Caldeira Cabral, tendo trabalhado no ateliê de Gonçalo Ribeiro Telles, primeira mulher paisagista em Portugal, lamenta muitos esforços feitos ao longo de décadas, por si e por colegas seus, e que ficaram sem concretização suficiente devido à incompreensão, entre outros, do público e de autarcas. Viu com sofrimento a serem destruídas as paisagens e ecossistemas, e até viveiros que criou, e viu plátanos decepados por autarquias. Viu abater sobreiros para implantarem campos de golfe. Aponta o que considera a prepotência das câmaras municipais que não conhecem as leis do ambiente e ordenamento biofísico. Apoia a ideia de alguém que disse que todos os autarcas antes de tomar posse deveriam fazer estágio para aprender conceitos de ordenamento e ecologia. Quanto à conservação da paisagem rural, lamenta que tenhamos hoje eucaliptal até nos locais mais insólitos. Também de outros aspetos da evolução do país biofísico e agro-silvo-pastoril traça um diagnóstico sombrio, analisado à luz de uma longa experiência, muito saber e contacto próximo com os mestres.

Veja: 12 de setembro de 2015, mais adiante – Uma sugestão: visite o Pinhal da Mata do Buçaquinho.  – Anteriormente (21 de agosto) o alerta, que se pode ler após este novo artigo, por motivo de derrube de árvores em Guimarães, e, mais abaixo, atualização de 17 de agosto do caso da árvore abatida em Matosinhos.

CONVITE A VISITAR O PINHAL DO BUÇAQUINHO
Por Amor da Árvore é o lema desta rubrica, mas amor também da árvore em matas ou bosques, como é o caso do Pinhal do Buçaquinho.

Por sugestão de Cláudia Cardoso, aconselhamos a visita à Página Oficial do Parque Ambiental do Buçaquinho.

O Parque do Buçaquinho ocupa uma extensa área florestal protegida, de grande valor ambiental e com uma biodiversidade rica ao nível da fauna e da flora. É um espaço atraente e passível de atividades de lazer e ao ar livre, integrando-se numa área de pinhal e seis lagoas que contempla uma cafetaria, parque infantil, jardim de plantas aromáticas, torre e posto de observação da avifauna, espaço multimédia e Centro de Educação Ambiental com um programa de atividades dinâmicas ao longo de todo o ano e para vários públicos, como o programa «À descoberta do Parque», com momentos de descoberta e exploração de atividades laboratoriais no Centro de Educação Ambiental – CEA do Parque Ambiental do Buçaquinho.

Em 12 de setembro, a associação Amigos do Cáster, com base em Ovar [com quem a Campo Aberto já realizou um belo passeio conjunto na ria de Ovar, em 2011], empreendeu desta vez um passeio ao parque do Buçaquinho no qual teve a colaboração da Unidade de Vida Selvagem, do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro.

A Unidade de Vida Selvagem integra investigadores especializados na gestão e conservação de recursos naturais, estando a trabalhar em vários locais em Portugal e no estrangeiro. Durante o último ano, uma equipa de biólogos investigadores efetuou um intenso trabalho de caraterização da fauna da região norte do concelho de Ovar, do Parque Ambiental do Buçaquinho ao Pinhal Litoral e às Dunas de Ovar, sem esquecer a Barrinha de Esmoriz e outros importantes habitats. As descobertas são surpreendentes mas demonstram a elevada diversidade biológica que vive na região. Nessa atividade foram discutidas as principais conclusões dos estudos efetuados, bem como apresentadas algumas medidas de conservação que se sugerem para preservar ou melhorar as condições locais para a vida selvagem.

Anteriormente
21 de agosto

Recebemos via facebook e em termos sintéticos um alerta proveniente de Carlos Fonseca, de Guimarães, que divulgamos nos termos em que a recebemos: «Abate de árvores selvático no Hospital de Guimarães. Cinco frondosos pinheiros silvestres.», acompanhado desta fotografia:

abate árvores guimarães

Ver também adiante atualização (de 17 de agosto de 2015) do caso da árvore maltratada e depois abatida em Matosinhos. 

POR AMOR DA ÁRVORE

Esta é uma nova rubrica neste e-sítio, inspirada em rubrica com o mesmo título na nossa revista Ar Livre. Tal como aí, dedica-se
– à defesa da árvore em espaço urbano (sobretudo), seja em ruas, parques ou jardins
– à defesa de conjuntos arbóreos

Se souber de algum abate de árvores em perspetiva, se for testemunha de algum deles (nesse caso é desde logo conveniente obter fotografias e remetê-las), ou para qualquer outro assunto relacionado com a dignificação e preservação de árvores, maciços de árvores, parques e jardins, comunique para:

contacto@campoaberto.pt

SALVAR UMA ÁRVORE EM MATOSINHOS

Imagem de conjunto da árvore, ainda de pé, bela e imponente. Matosinhos, rua Brito e Cunha, parte sul.

Imagem de conjunto da árvore, ainda de pé, bela e imponente. Matosinhos, rua Brito e Cunha, parte sul.

Um grupo de sócios da Campo Aberto residentes em Matosinhos alertou-nos para uma árvore, antiga e bonita, em perigo e já maltratada devido aos trabalhos de abertura da nova avenida dita Broadway. Ignoram se há ou não intenção de abatê-la.

A árvore, situada na parte sul da rua Brito e Cunha, encontrava-se ainda de pé no dia 20 de julho de 2015.

A Campo Aberto inquiriu por email a Câmara Municipal de Matosinhos sobre este assunto e irá dando aqui notícias sobre o evoluir da situação. Nesta fase, não atribui responsabilidade a autarcas ou quaisquer outros, apenas aguarda esclarecimentos.

A violência feita às raízes é bem visível nesta imagem. Matosinhos, rua Brito e Cunha, parte sul.

A violência feita às raízes é bem visível nesta imagem. Matosinhos, rua Brito e Cunha, parte sul.

Árvore na Broadway. Matosinhos, rua Brito e Cunha, parte sul.

Árvore na Broadway. Matosinhos, rua Brito e Cunha, parte sul.

A imagem mostra a exposição das raízes maltratadas após os trabalhos na via. Matosinhos, rua Brito e Cunha, parte sul.

A imagem mostra a exposição das raízes maltratadas após os trabalhos na via. Matosinhos, rua Brito e Cunha, parte sul.

Comentários recebidos em 5 e 6 de agosto 2015:
Em Portugal, onde reina a política oficial do ódio à árvore, zelosamente posta em prática por quase todas as autarquias e outros serviços públicos e também por particulares, não se tomam medidas nenhumas de salvaguarda das árvores ornamentais durante obras nas suas proximidades. É frequente até, como há dias vi num dos nossos concelhos, passarem-lhe a motoserra ao tronco e já está o problema resolvido. No entanto, vejam na foto anexa como se faz em França. Carlos Coutinho

Obras em perspetiva? Protejam-se as árvores! Mas é Paris... Paris de França, Senhores. Cá ainda não chegou disto...

Obras em perspetiva? Protejam-se as árvores! Mas é Paris… Paris de França, Senhores. Cá ainda não chegou disto…

Obrigada à Campo Aberto por estar sempre atenta. É inacreditável como se podem cometer verdadeiros assassinatos, em nome da vaidade de se ter uma Broadway.  Será que Matosinhos tem pretensões a equiparar-se a Nova Iorque…? Judite Maia-Moura

A ignorância é uma infelicidade. Uma árvore desta dimensão e porte e no espaço urbano (natureza viva dentro da cidade) é património natural. ÁRVORE suporte do mundo e da vida (e da beleza?). Os autarcas são mais do que ignorantes – é pena. Uma árvore leva muitos anos a crescer e pode durar centenas de anos com o mesmo genoma do que eu, apenas com 10 por cento de genes diferentes. A árvore ensina, a quem quiser aprender o que é vida, em 4 estações do ano, os benefícios urbanos em termos estéticos e ecológicos. E não ladra, SUPORTA a vida. Celeste Ramos, arquiteta paisagista

Atualização em 17 de agosto de 2015
A árvore maltratada em Matosinhos que aqui referimos há dias (ver abaixo, 5 e 6 de agosto) acabou por ser abatida no dia 11 de agosto de 2015. Um morador enviou-nos estas imagens tristes. Note-se que o Presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, a quem a Campo Aberto tinha na altura contactado por email, nos tinha respondido agradecendo e dizendo que iria ver a situação. Até agora ainda não recebemos nenhuma outra notícia. Continuamos a aguardar os resultados da sua verificação.

Sabemos que os autarcas não podem fazer com que tudo corra bem no seu concelho, nem podem por vezes evitar abusos por parte de subalternos ou de empresas contratadas. No entanto, os autarcas sabem também que, se há cidadãos que gostariam de ver abatidas todas as árvores ao menor incómodo que suponham causar-lhes, outros há a quem o descuido nesta matéria desgosta e indigna. Sem alienar os primeiros mas fazendo-lhes ver que estão errados, os autarcas muito ganhariam, quer em benefícios para o seu concelho quer em respeito por parte dos cidadãos mais atentos a este património natural que são as árvores, se passassem a seguir estes assuntos mais de perto para evitar novos abusos.

Já depois do alerta que a Campo Aberto veiculou proveniente de moradores de Matosinhos, a árvore maltratada mas então ainda de pé foi abatida sem mais explicações do município.

Já depois do alerta que a Campo Aberto veiculou proveniente de moradores de Matosinhos, a árvore maltratada mas então ainda de pé foi abatida sem mais explicações do município.

Eis os restos mortais da árvore abatida na futura avenida Broadway, em Matosinhos. Maus auspícios para tão famoso nome!

Eis os restos mortais da árvore abatida na futura avenida Broadway, em Matosinhos. Maus auspícios para tão famoso nome!

Nas imagens mais adiante, selecionadas entre várias outras de idêntico teor, o mesmo morador aponta exemplos da forma como são maltratadas algumas árvores no concelho, contra o que as boas práticas recomendam: árvores a servir de encosto a contentores de lixo e entaladas entre objetos, ou mostrando sinais de entorse.

O grande agrónomo Joaquim Vieira Natividade, num dos textos recolhidos no livro O Culto da Natureza, editado em 1976 pela Secretaria de Estado do Ambiente por iniciativa do Professor Manuel Gomes Guerreiro, um dos grandes pioneiros do ambientalismo em Portugal, dizia que grassava entre portugueses, incluindo em responsáveis municipais, a dendrofobia, o horror à árvore, e denunciava a facilidade com que entre nós se cometiam arboricídios. Isto em meados do século passado. Hoje, infelizmente, seis décadas depois, o diagnóstico mantém-se tristemente atual. É certo, por outro lado, que tem crescido o número de cidadãos com outra atitude e carinho pelo património arbóreo nas cidades e outras povoações. Cabe aos autarcas esforçar-se por forma a que essa atitude de respeito e carinho se generalize entre os munícipes e antes de mais nos serviços camarários e nas empresas por eles contratadas.

Segundo o morador de Matosinhos que nos forneceu estas imagens, no município é frequente encontrar casos de árvores que não são tratadas com os cuidados que mandam as regras de boas práticas.

Segundo o morador de Matosinhos que nos forneceu estas imagens, no município é frequente encontrar casos de árvores que não são tratadas com os cuidados que mandam as regras de boas práticas.

Do mesmo fotógrafo, uma árvore jovem e entortada que se vê à nora para sobreviver em condições pouco favoráveis.

Do mesmo fotógrafo, uma árvore jovem e entortada que se vê à nora para sobreviver em condições pouco favoráveis.

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Outras Notícias

5 Comentários

  1. lucia oliveira

    Ex.ma CÂMARA MUNICIPAL DE MATOSINHOS

    Simplesmente lamentável!

    Vivo no PORTO, mas apelo aos matosinhenses que reclamem!

    Responder
  2. Carlos Coutinho

    Muitos destes nossos autarcas são, no essencial, uns medíocres ignorantes.

    Responder
  3. João Azevedo

    Sobre a manutenção de árvores em obras e outros aspetos da conceção e manutenção de espaços verdes em cidades recomendo a leitura deste manual que editamos há alguns anos:
    https://bibliotecadigital.ipb.pt/handle/10198/2929
    Boas leituras.
    Joao

    Responder
  4. Belmiro Cunha

    Sugiro o envio de uma petição á Assembleia da República para criminalizar os responsaveis por estes verdadeiros casos de arboricídio a exemplo do que já está em vigôr em relação aos maus tratos aos animais.

    Responder

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