O Círculo Agricultura e Natureza, linha de trabalho da Campo Aberto, organizou em 2024 um conjunto de visitas a quintas que praticam uma agricultura amiga do ambiente, da saúde humana e da natureza. São em geral quintas cujos métodos de cultivo são conformes às regras da Agricultura Biológica (AB), embora uma ou outra possa também praticar métodos próprios da agricultura biodinâmica ou inspirar-se de correntes como a agroecologia, agricultura regenerativa, permacultura, agricultura sintrópica, e outras, que são inteiramente compatíveis com a AB quando respeitam os princípios e regras basilares desta.
Em geral, essas quintas situam-se num enquadramento paisagístico e natural que por si só justificou a visita. O que não impede que, em certos casos, a atividade de visita a uma exploração agrícola respeitadora do ambiente pudesse ter sido completada por uma caminhada de dificuldade baixa ou média em zonas de património paisagístico e ecológico.
Segue-se informação sobre a segunda visita do Círculo ao Projeto Húmus, em Arcozelo, Vila Nova de Gaia. Mais abaixo, informação sobre a primeira visita, realizada em 13 de fevereiro de 2024, à Quinta do Pinheiral, Projeto Agrinemus, em Castelo de Paiva.
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Húmus – uma quinta quase dentro da cidade
23 de março de 2024
Para se inscrever nesta visita: contacto@campoaberto.pt
Inscrições até 15 de março.
Começámos o nosso círculo de visitas a quintas de agricultura biológica com um projeto situado numa região ainda bastante rural (região de Castelo de Paiva). Na segunda visita, vamos visitar uma quinta de uma zona que já foi, ainda não há muito tempo, amplamente rural, mas cujo padrão atual podemos classificar como suburbano. O desafio que o Marco Vieira e a Isa, seus criadores, enfrentam é o de cultivar alimentos, dentro, senão da cidade, de uma área metropolitana densamente urbanizada e a poucos minutos da principal cidade da região.
Este jovem casal de agricultores tem como mote: um caminho novo com o cuidado que exige cada vida, cada ser, cada boca.
Situada em Arcozelo, concelho de Vila Nova de Gaia, não longe do mar, a Húmus, reconhecendo a necessidade de voltar a ligar as pessoas à Terra, optou por semear, plantar, colher e levar também até à população urbana, fruta e legumes biológicos. Dedicando a sua própria juventude à terra, o Marco e a Isa decidiram produzir frutos e legumes tratados com especial cuidado, inscrevendo-se numa ética e técnica ancestrais, que procuram recuperar. Não têm a quantidade e o lucro como objetivos, procuram antes um caminho novo que reinventam agora numa modernidade a necessitar de ser superada.
Ao optar pela agricultura biológica, a Húmus decidiu cultivar a terra como cultiva as relações com as pessoas, colaboradores, fornecedores e clientes. A agricultura que nesta quinta se pratica é sustentável e artesanal, baseada em práticas que equilibram o ecossistema e respeitam os ciclos naturais e os habitats. Não recorre a maquinaria pesada nem a adubos e fertilizações químicas, procurando reduzir ao mínimo o impacto sobre o pequeno ecossistema agrícola onde produz grande variedade de produtos hortícolas ao longo das quatro estações do ano.
VARIEDADES TRADICIONAIS E RECUSA DA DITADURA DO MERCADO
Paralelamente, e porque não pode produzir tudo, a Húmus foi ao longo dos anos desenvolvendo parcerias com outros agricultores do país, também eles certificados como agricultores biológicos. O que permite que a oferta semanal que propõem tenha em conta cada estação do ano e cada região, de Trás-os-Montes ao Algarve, sem esquecer os Açores e a Madeira.
A Húmus promove as variedades tradicionais e recusa a ditadura do mercado, que as exclui por não obedecerem ao calibre e outros supostos imperativos incontornáveis. É um projeto que assenta na transparência e na confiança, e fomenta as relações pessoais, a troca de informações valiosas sobre a confeção, propriedade e versatilidade dos alimentos, cujo sabor se pode assim redescobrir. Comprar em produtores locais torna-se assim uma experiência rica e de partilha.
Colocado em 23 de fevereiro de 2024
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Quinta do Pinheiral – Projeto Agrinemus
13 de fevereiro de 2024
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QUINTA DO PINHEIRAL, AGRINEMUS, 13 DE FEVEREIRO DE 2024
[Nota de 5 de março de 2024
Apesar das ameaças de chuva, o sol sorriu-nos nesta primeira visita, à qual se pretende que se sigam mais cinco em 2024. A Liliana Pinto, do Projecto Agrinemus, acolheu-nos com simpatia inexcedível e falando com ardor do seu trabalho na Quinta do Pinheiral. Éramos 19 inscritos, mas três não puderam comparecer por motivos de saúde. Mesmo assim, e apesar de alguns percalços relativos à caminhada da parte da tarde no percurso Ilha dos Amores, em Castelo de Paiva, cremos que todos ficaram satisfeitos. O almoço no restaurante O Geraldo foi memorável.]
A Agrinemus nasceu em 2008 numa propriedade de família, como projeto de agricultura biológica de pequena escala, tendo como motivação a premência da cura da Terra. Com base nos princípios da agricultura biológica, recorre-se também aos saberes locais e às sabedorias ancestrais (por exemplo, orientação astrológica da lua).
Os anfitriões, se as condições se proporcionarem, tentarão que os participantes que o quiserem experimentem realizar tarefas simples do dia-a-dia da Quinta.
Para mais informações sobre a Agrinemus, ver mais adiante, e ainda
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https://www.campoaberto.pt/2023/12/28/visitas-do-circulo-agricultura-e-natureza-2024/
Agricultura regenerativa, permacultura, agroecologia
Há cerca de 15 anos que, neste espaço agrícola e florestal, se tenta todos os dias, através da agricultura biológica, e, desde há três anos, também através da agricultura regenerativa, colocar em prática esses princípios. Foi na fase inicial instalado um pomar de variedades regionais, de pereiras e macieiras e outros frutos de época (ameixas, pêssegos, magnórios ou nêsperas, e outros).
A horta segue a lógica da permacultura em cama elevada. Tenta-se melhorar a fertilidade e a vida do solo, o que se vem verificando a cada ano que passa. São também preservadas algumas variedades de leguminosas. Há uma unidade de transformação de produtos agrícolas, incluindo sumos de fruta, sendo possível adquiri-los na visita.
A colheita da azeitona, no início do outono, ocorre de forma muito tradicional.
Do local e regional…
A Agrinemus defende a soberania alimentar, do ponto de vista da agroecologia, da agricultura familiar e biológica, como um caminho de cura do nosso planeta.
O incremento da biodiversidade da exploração agrícola sempre foi – e ainda é – um dos principais objetivos do projeto. Entendemos que a conservação e aumento da biodiversidade devem ser feitos localmente pelo agricultor, com as plantas mais adaptadas ao local, por isso mais resistentes.
Privilegiamos a utilização de sementes regionais, locais, bem como de variedades tradicionais de árvores de fruto. Por isso acompanhamos o trabalho da Associação Colher para Semear, de que somos sócios, e agimos como guardiões de sementes com vista à preservação de variedades.
… ao mundo todo
Além do pomar, reservámos sempre espaço para a horta de subsistência, que tem vindo a expandir-se nos últimos três anos, bem como para outras culturas anuais. Desde 2012, participamos ativamente como produtores e coprodutores na criação de CSA – Comunidades de Suporte à Agricultura, ou AMAP – Associações para a Manutenção da Agricultura de Proximidade.
Com a introdução de princípios da permacultura desde 2014, demos uma visão mais holística às práticas já implementadas na exploração. À perspetiva local juntou-se o reforço da perspetiva global: como curar o nosso planeta, de como, além de trabalhar a terra, cuidar das pessoas. De como fazer uma partilha justa de recursos, de saberes e vivências. E assim contribuir para criar uma sociedade mais solidária e amiga da natureza.
Lazer e educação
Em junho de 2019 iniciámos a realização de serviços de lazer e educação com base na natureza na Floresta da Quinta do Pinheiral.
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CAMINHADA EM CASTELO DE PAIVA
Percurso Pedeste de Pequena Rota PR 1 Castelo de Paiva «Ilha dos Amores»
É um percurso pedestre de pequena rota, circular e marcado, nos dois sentidos, segundo as normas da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal. Com início e fim no Cais do Castelo, junto à Ilha do Castelo, popularmente conhecida como Ilha dos Amores, tem uma distância de 7,25 quilómetros, um nível de dificuldade médio, com duração de um pouco mais de duas horas, e percorre os caminhos rurais e tradicionais de uma grande parte da Freguesia de Fornos. Entre outros motivos de interesse, está a «várzea» de Fornos, que proporciona uma das mais belas paisagens da freguesia. Depois de vários outros pontos, e já perto do fim, mesmo junto às margens do Rio Douro, existe ainda a oportunidade de passar junto à Quinta de Castelo de Baixo, onde se produz Vinho Verde de qualidade, e um pouco mais à frente já se avista o Cais do Castelo. Uma descrição mais completa será enviada aos inscritos.
Como se preocupam com as árvores, vejam se há hipótese de alertar quem de direito para as que, devido ao vento, estão muito inclinadas no parque ao lado da FEUP. Além do dano nas árvores, um dia podem cair em cima de quem passa.
Sugerimos que alerte a própria FEUP e a Câmara MUnicipal do Porto, chamando a atenção para o problema, contribuindo assim para que possam ser encontradas soluções. É necessário que os cidadãos individualmente se exprimam junto das autoridades locais para reforçar o trabalho das associações.