JORNADA PATRIMÓNIO NATURAL, ECOLÓGICO E PAISAGÍSTICO – E CIDADANIA
NO CONCELHO DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS
Depois de cerca de dois anos de preparação entre as duas associações parceiras nesta Jornada, a ADUM – Associação Dona Urraca Moreira, com sede em Oliveira de Azeméis, e a Campo Aberto, com sede no Porto, decorreu no sábado 13 de abril esta Jornada.
Numa manhã de luz esplendorosa, foi precedida de uma caminhada, organizada e orientada pela ADUM, nas cercanias da cidade sede do concelho. De tarde, e com abertura pelo Vereador do Ambiente, Rogério Ribeiro, cumpriu-se o restante programa, em que destacamos as sessões por pequenos grupos, de que apresentamos um resumo.
Resumo dos debates em pequenos grupos
Todo o restante programa tem justificação – mas o ponto forte das Jornadas deste tipo é sem dúvida o debate em pequenos grupos, nos quais todos os participantes têm oportunidade e tempo de se exprimir livremente.
Os grupos, em princípio, tinham um tema setorial dentro do tema geral da jornada. O que se verificou, porém, foi que os participantes tiveram tendência a abordar o tema geral «ambiente» sem fronteiras rígidas.
Agradecemos aos relatores a sua preciosa colaboração, que nos permite agora partilhar com todos os participantes, por escrito, o que já tinham ouvido na parte final da jornada de 13 de abril.
Grupo 1: Educação e Ambiente
Relator: Olímpio Costa
O grupo concluiu:
1) – Que é fundamental na sociedade em geral, e nas Escolas em particular, a Educação Ambiental.
2) – Da necessidade de todos nós sermos educadores, sensibilizadores e agregadores para as questões ambientais, incutindo em todos o respeito pela natureza.
3) – Que as escolas na sua generalidade, na área da natureza, do ambiente, cultura e património, não correspondem a esta educação, e que as aulas de cidadania seriam uma ferramenta importante na abordagem desta temática.
4) – Que a reciclagem dos lixos necessita de educação e sensibilização.
5) – Que o desrespeito pelo ambiente, e toda a panóplia de problemas ambientais que vão ocorrendo, podem desenvolver na população um sentimento de pessimismo quanto ao futuro.
6) – Que a insensibilidade dos poderes, a nível central e local, é um obstáculo. Cabe ao movimento associativo e a toda a sociedade civil intervir, no sentido de alterar esse paradigma.
7) – Que existe a sobreposição da vertente económica em detrimento do respeito pelo ambiente e pelas questões da biodiversidade.
8) – Que o Turismo, sem regras de natureza ambiental, danifica a paisagem.
9) – Da necessidade de incutir nos mais jovens o contacto com a natureza.
10) – Que o ambiente, a cultura e o património devem coabitar de forma umbilical.
Grupo 2-3: Agricultura e Indústria
Relator: Francisco Miguel Ferreira
1 – Os obstáculos que identificamos na preservação ambiental do nosso concelho de Oliveira de Azeméis são a mentalidade que se traduz numa falta de consciência, por desconhecimento objetivo de algumas práticas, relativamente à preservação do meio ambiente.
2 – As medidas a tomar para que se ultrapasse esta situação consistem na informação; só assim se pode criar a consciência. Ações informativas nas escolas e também ações informativas a nível de Juntas de Freguesias e Câmara Municipal. Informar as populações sobre os problemas existentes e as novas estratégias para combater os mesmos.
3 – Individualmente cada cidadão, ao ter conhecimento de um problema, dar a conhecer às autoridades para que identifiquem oficialmente e consequentemente reverter-se a situação.
Grupo 4 – Biodiversidade e Conservação da Natureza
Relatora: Maria Helena Moreira
Conclusões
1- Obstáculos apontados à preservação ambiental no concelho de Oliveira de Azeméis:
– vícios e hábitos da população local na forma como se relaciona com o meio ambiente (cortam árvores das margens do rio; usam herbicida; direcionam os esgotos para linhas de água; as ervas e os insetos são um incómodo…); falta de consciencialização para a problemática ambiental;
– falta de conexão com a «Natureza Natural» e valorização da mesma (excessiva importância da Natureza Urbana – parques urbanos);
– a propriedade rural ou florestal mais afastada das zonas habitadas não tem acessibilidades, sendo marginalizada, ao invés de ser aproveitada enquanto «Natureza Natural»;
– falta de contacto da população com a Natureza Natural, em especial dos mais jovens;
– falta de planeamento e identificação de zonas protegidas por parte dos organismos públicos…
2 – Medidas que a comunidade pode adotar para ultrapassar esses obstáculos:
– promoção de eventos sobre estas temáticas;
– dar a conhecer e valorizar a biodiversidade local e autóctone através de exposições, ou outro tipo de ações;
– agricultar os terrenos;
– criar espaços para a população estar e usufruir da Natureza envolvente;
– não ser radical, tentar envolver a comunidade no processo de defesa do ambiente natural, ecológico e paisagístico, reeducando e dando o exemplo;
– criar acessos, sinalética informativa, ações de formação…
3 – Como posso individualmente contribuir para a defesa do nosso património natural, ecológico e paisagístico:
– colaborar com o associativismo, ser voluntário;
– adotar medidas de proteção do ambiente, praticando-as, em casa e em comunidade;
– educar os mais novos para a necessidade de proteger o meio ambiente envolvente;
– dar o exemplo…
Colocado em 16 de abril de 2024
INSCRIÇÕES AINDA POSSÍVEIS
[Devido a razões de força maior, foi necessário reorganizar parte do programa desta Jornada, pelo que pedimos desculpa.]
No âmbito da nossa linha de trabalho (e título de um livro por nós editado) Espaços Verdes e Vivos – um futuro para a Área Metropolitana do Porto, a Campo Aberto – associação de defesa do ambiente constituiu uma parceria com a ADUM – Associação Dona Urraca Moreira, sedeada em Oliveira de Azeméis e dedicada à defesa do património cultural e natural, parceria essa com vista à realização de uma Jornada que decorrerá no sábado, 13 de abril de 2024.
A Jornada tem o apoio da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis.
Para se inscrever nessa jornada, sobretudo se reside ou trabalha naquele concelho ou num concelho limítrofe, preencha por favor o formulário adequado.
ORGANIZADORES
ADUM – Associação D. Urraca Moreira é uma associação sem fins lucrativos, fundada a 16 de agosto de 2011, com sede na casa e moinho do Ginete em Madail. Tem como missão a conservação da natureza e proteção do património histórico e arqueológico do concelho de Oliveira de Azeméis. Desde a sua fundação que a ADUM está no terreno com projetos de controle de espécies invasoras e recuperação de ecossistemas. Com um pequeno viveiro florestal, a ADUM já plantou centenas de árvores, sensibilizando proprietários para a importância da floresta nativa como de toda a fauna e flora natural do território. A ADUM, como parceira da Associação do Parque Temático Molinológico – APTM também tem contribuído para a recuperação e manutenção da Paisagem Protegida ao longo das margens do rio Ul.
CAMPO ABERTO – associação de defesa do ambiente não tem fins lucrativos, e é de duração ilimitada, com personalidade jurídica, que visa debater e promover o exercício da cidadania no domínio do ambiente, sobretudo nas suas dimensões natural, rural e urbana. Foi fundada a 27 de Dezembro de 2000 e está registada na Agência Portuguesa do Ambiente, na qualidade de ADA – Associação de Defesa do Ambiente. Com sede no Porto, não se restringe no entanto a esse concelho, interessando-se pelos problemas ambientais de todo o país e, em particular, do Norte e Noroeste, com destaque para os 17 concelhos da Área Metropolitana do Porto. Desde 2006, lançou uma campanha permanente intitulada «Espaços verdes em perigo espaços verdes a preservar», de que resultou o livro Espaços Verdes e Vivos – Um Futuro para a Área Metropolitana do Porto, que exprime a linha de trabalho em que se inscreve a organização da presente Jornada Património Natural, Ecológico e Paisagístico.
PROGRAMA E CRONOGRAMA
Jornada Património natural, ecológico e paisagístico – e cidadania
no concelho de Oliveira de Azeméis
13 de abril de 2024
A parte principal desta jornada decorre durante a tarde. Qualquer pessoa que se inscreva na Jornada, pode, no entanto, inscrever-se também para a parte da manhã constituída por uma caminhada. Nesse caso, preencher os campos relativos a nome completo e data de nascimento, para efeitos de seguro coletivo (legalmente obrigatório).
Manhã
10:00 / 12:15
Agrupamento: junto à Biblioteca Ferreira de Castro.
Sob orientação de André Santos (ADUM – Associação Dona Urraca Moreira – de proteção e defesa do património cultural e natural)
Percurso fácil, até à Casa e Moinho do Ginete, local da futura sede da ADUM
Cerca de 4km circular.
Participam na caminhada os inscritos na jornada da tarde que optaram por se inscrever também na caminhada.
Após a foto, veja o programa da jornada propriamente dita (de tarde).
Tarde
Local: Biblioteca Municipal Ferreira de Castro, Oliveira de Azeméis
14:00 / 14:30
Receção dos participantes
14:30 / 14:40
Abertura
14:40 / 16:15
Comunicações seguidas de debate, sobre o tema geral da jornada
(No final deste artigo, um resumo das comunicações e uma nota sobre quem a apresenta).
14:40 José Carlos Costa Marques: Espaços Verdes e Vivos: um Futuro para a Área Metropolitana do Porto
15:00 André Santos: Biodiversidade, espécies invasoras e regeneração ecológica
15:20 Miguel Ferreira: Agricultura, ambiente e ruralidade
15:30 Debate sobre as comunicações apresentadas e outros aspetos relativos ao título da jornada
16:00 / 16:25: PAUSA
16:30 / 17:15 Debate em 4 pequenos grupos de acordo com opção feita pelos inscritos
17:15 / 17:55 Partilha de resultados em plenário, incluindo debate
18:00 / 18:15 Encerramento
Pequenos grupos de debate
1 / EDUCAÇÃO E AMBIENTE
(escolas, educação cívica, cidadania ecoambiental, promoção do cidadão, acesso à
cultura e salvaguarda ambiental)
2 / AGRICULTURA, ALIMENTAÇÃO E BEM-ESTAR ANIMAL
(resíduos, biorresíduos, limpeza urbana, agricultura, hortas urbanas e
comunitárias, qualidade alimentar)
3 / INDÚSTRIA E QUALIDADE AMBIENTAL
(indústria, qualidade do ar, poluição, ruído, transportes, mobilidade, energia)
4 / BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
(espaços verdes formais e informais, rios e bacias hidrográficas, água: qualidade e
abastecimento; zonas protegidas, estrutura ecológica municipal, biodiversidade)
COMUNICAÇÕES
Biodiversidade, espécies invasoras e regeneração ecológica
André Santos
Espécies exóticas são plantas e animais originários de outras partes do mundo, ou seja, que não pertencem aos ecossistemas naturais de Portugal. Por serem espécies estrangeiras, dizemos que são exóticas, mas nem todas as espécies exóticas são invasoras. As espécies invasoras são aquelas que têm um impacto negativo na natureza, nos sectores económicos ligados à agricultura e floresta, e ainda no bem-estar das pessoas. São espécies de animais e plantas que se adaptaram facilmente
ao nosso clima, mas como não estão nos seus ecossistemas de origem, não têm controladores naturais – propagam-se facilmente, ocupando cada vez mais território sem qualquer controlo. As nossas espécies de animais e plantas não estão preparadas para lhes fazer frente e vão, assim, sofrendo uma invasão silenciosa. O avanço destas espécies, que pouco ou nada oferecem para o equilíbrio da nossa fauna e flora, estão a destruir ou a alterar consideravelmente os nossos ecossistemas, que são fundamentais para a sustentabilidade da natureza, do meio ambiente e do bem-estar de todas as pessoas. No concelho de Oliveira de Azeméis, principalmente nos últimos 20 anos, temos assistido a um avanço descontrolado de várias espécies
invasoras, que já ocupam grande parte da floresta e das zonas ribeirinhas do município. Mesmo que a maioria das pessoas não esteja bem consciente do problema que acarreta para o futuro, estamos hoje, na verdade, numa situação sem precedentes. Se não agirmos, estamos a comprometer o equilíbrio natural das coisas, prejudicando seriamente o nosso bem-estar e das futuras gerações.
André Santos, natural de Madail, sempre viveu em contacto com a natureza. Cedo se interessou pela fauna e flora, bem como pelos seus ecossistemas. É presidente do Conselho Executivo e um dos fundadores da ADUM – Associação D. Urraca Moreira, que tem como missão a conservação da natureza e proteção do património histórico e arqueológico do concelho de Oliveira de Azeméis.
Agricultura, ambiente e ruralidade
Miguel Ferreira
A palestra aborda o uso de herbicidas no meio rural e urbano e suas possíveis consequências. Os herbicidas, apesar de aumentarem a produtividade das colheitas, podem levar à contaminação do solo, da água e do ar, além de contribuir para a redução da biodiversidade. Também se menciona a preocupação com a saúde humana, pois a exposição a certos herbicidas tem sido associada a vários problemas de saúde. Considerar os impactos dos herbicidas e buscar alternativas mais sustentáveis.
Miguel Ferreira reside na Ecoquinta do Pinheiro, concelho de Oliveira de Azeméis
Colocado em 11 de fevereiro de 2024,
revisto em 1 de março de 2024.
Reformulado em 28 de março de 2024
Atuakizado em 08-04-2024
0 comentários