Gandhi nasceu na Índia, Poorbandar, em 1869, e é considerado um dos principais expoentes do pacifismo e da luta não-violenta pelo respeito e realização dos direitos humanos e da justiça.
A pertinência de toda a sua mensagem adquire ainda maior valor no actual contexto de acentuado belicismo e violência a nível global, em que conflitos armados são desencadeados com a maior impunidade política e em que existem inúmeros indivíduos e grandes empresas a lucrar à custa desse negócio tão hediondo como é o do armamento e da guerra, enquanto milhares de pessoas, e populações inteiras, continuam a sofrer as consequências, longe da nossa vista e coração.
Particularmente grave, constituindo terrível ameaça para toda a humanidade, é a proliferação nuclear. O Instituto de Investigação para a Paz, de Estocolmo, calcula que existam no mundo aproximadamente 13 470 ogivas nucleares activas. Se se incluir o número de ogivas neste momento inactivas, esse número subirá para os 27 600.
Curiosamente, virada que está a nossa atenção para o perigo que representam as novas potências nucleares, tendemos a esquecer que é na posse de algumas das mais poderosas nações do mundo, auto-proclamadas estandartes da democracia, que essas ogivas se encontram, algo que é um tanto paradoxal dado o seu suposto comprometimento com os valores da paz e do desarmamento a nível mundial. Só uma política generalizada e multilateral de desarmamento nuclear, cujo exemplo terá que ser dado pelas potências que efectivamente detêm essas armas, poderá afastar o perigo, que é real, de outros Estados menos democráticos, ou até grupos privados, recorrerem à arma atómica.
O eixo central do pensamento de Gandhi é a Não-violência (Ahimsa) definida como: «A atitude de renúncia a matar e a causar danos aos outros seres por meio de pensamentos, palavras ou acções». Assim qualquer objectivo, por mais supostamente benéfico que seja (e infelizmente é sempre relativamente fácil inventar argumentos que possam «convencer» a opinião pública), não justifica o uso de meios violentos ou contrários à moral. E a guerra no seu essencial é imoral, cruel e um dos maiores horrores criados pela humanidade, que nunca poderá ser combatida se não for vista como o horror que verdadeiramente é.
O pacifismo gandhiano está escorado numa filosofia e numa prática de libertação individual e social, bem como na reforma e mudança das estruturas sociais que oprimem o homem. Hoje, mais que nunca, é importante assumirmos o seu legado e visarmos, a todos os níveis, a Paz e a Não-Violência como valores essenciais naquilo que nos define enquanto seres humanos e indivíduos, renegando, desse modo, qualquer forma de violência, seja ela praticada a nível institucional e político, com o recurso a exércitos e armamentos cada vez mais sofisticados e mortíferos, seja a nível individual, no nosso dia-a-dia e relacionamentos sociais.
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