40 ANOS DEPOIS: AMBIENTE, ENERGIA, CONSTRUÇÃO, ALTERNATIVAS, RURALIDADE
Na conclusão de um ciclo comemorativo ao longo do ano de 2015, está convidado para visitar, até 7 de novembro 2015, a Exposição Visual intitulada
1974: 40 ANOS DE ECOLOGIA A PARTIR DO PORTO
Horário de abertura
2ª a 6ª 10:00-13:00; 14:00-18:00
sábado 14:00-18:00
Local: Rua da Fábrica Social s/n.º, Fundação Escultor José Rodrigues, à Fontinha
Sábado 7 de novembro às 15:00 será no mesmo local exibido o filme VOZES DA TRANSIÇÃO (duração: cerca de uma hora), do realizador Nils Aguilar, que será seguida de debate. Das 14:00 às 15:00, antes do debate, ou das 18:00 às 19:00, findo este, poderá ainda ver ou rever a exposição, que encerra no mesmo dia às 19:00.
A inauguração em 17 de outubro teve o seguinte programa:
15:00 Ante-estreia do filme À PORTA DA HISTÓRIA – PADRE HIMALAYA, do realizador Jorge Paixão da Costa
16:00 Abertura da EXPOSIÇÃO VISUAL: coleção de livros Viver é Preciso, 1974; Experiências Solares e Alternativas a partir de 1975, na ESBAP, sob impulso do Professor Jacinto Rodrigues; GAIEP – Grupo Autónomo de Intervenção Ecológica do Porto, 1975; Cooperativa Pirâmide, 1976; Centro de Ecologia e Alternativas Renascimento Rural, 1978; e seus prolongamentos noutros pontos do país e ao longo dos anos
17:00 EXPOSIÇÃO VERBAL E DEBATE: como pequenos grupos pioneiros com origem no Porto intervieram no nascente movimento ecoambiental português sobretudo entre 1974 e 1982 — informação, pensamento e edição ecológicos, intervenção autónoma, cooperativa de alimentos integrais, cozinha macrobiótica, livros, alternativas, conservação da natureza, luta antinuclear, renascimento rural e regresso às aldeias
Está em estudo a possibilidade de esta exposição, na totalidade ou parcialmente, vir a ser exibida, após o seu encerramento em 7 de novembro, noutros espaços, para o que estão a decorrer contactos nesse sentido com as câmaras municipais de Vila Nova de Gaia e Porto. A exposição conta com a colaboração do Parque Biológico de Gaia.
ENTRADA LIVRE E GRATUITA
Se tenciona estar presente, por favor envie um email com o seu nome, email e telefone de contacto (e de outras pessoas que convide a acompanhá-lo/a) para: tertuliasca@gmail.com
Local: na Fundação Escultor José Rodrigues, rua da Fábrica Social, s/n, à Fontinha
Esta iniciativa (de que fizeram parte dois debates já realizados, um em 17 de janeiro, a cargo do biólogo, criador do Parque Biológico de Gaia, Nuno Gomes Oliveira, outro em 23 de maio; sobre este último ver mais abaixo) resulta de uma colaboração entre a Fundação Escultor José Rodrigues e a Campo Aberto – associação de defesa do ambiente
Comissão Organizadora:
Jacinto Rodrigues, Rosa Oliveira, Ana Caldas, Franklin Oliveira, José Carlos Costa Marques
No que se refere à exposição, consta de painéis e vitrinas realizados por Jacinto Rodrigues e Rosa Oliveira e painéis e vitrinas realizados por Franklin Pereira e José Carlos Costa Marques. Estará disponível um pequeno folheto gratuito com indicação dos conteúdos e croquis para facilitar o percurso de visita. Brochuras de enquadramento mais completas poderão ser adquiridas a preço simbólico.
A exposição estará patente até sábado 7 de novembro, encerrando nesse dia com a projeção, seguida de debate, do filme Vozes da Transição (Voices of Transition), de Nils Aguilar. A projeção inicia-se às 15:00. Nele se abarcam movimentos de transição para uma era pós-combustíveis fósseis e de agricultura sustentável nas cidades e nos campos. Em Portugal, de Monchique a Famalicão, passando por Coimbra e Aveiro e outras localidades, existem já grupos de transição ativos. Também os movimentos da agricultura biológica e da permacultura, igualmente já atuantes em Portugal, têm presença neste filme.
No sábado 24 de outubro, no âmbito da exposição e em seu apoio, decorrerá às 21:00 um concerto musical.
APOIOS
Esta exposição conta com o apoio da Porto Editora, Idealbio – Loja de produtos biológicos, Câmara Municipal do Porto e Associação Engenho e Obra:
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IdealBio, loja de produtos biológicos (960424711).
DEBATE 17 DE OUTUBRO
O debate de 17 de outubro, às 17:00 (encerramento previsto às 19:30) será moderado por Franklin Pereira e José Carlos Costa Marques, partindo de uma breve exposição verbal de cada um e generalizando-se em seguida aos presentes.
O texto que vai abaixo foi escrito por Franklin Pereira e está presente nesta mesma página deste e-sítio desde há alguns meses. Nele se circunscreve assim o âmbito dos grupos pioneiros que serão objeto desta sessão:
INTERVENÇÃO ECOLÓGICA, COOPERATIVA PIRÂMIDE, RENASCIMENTO RURAL
Criado em 1975 (final de 1974), o GAIEP – Grupo Autónomo de Intervenção Ecológica do Porto publicou o primeiro número da sua revista Alternativa em Fevereiro de 1976. Logo no editorial se esclarece o tema: «a degradação do ambiente, o inquinamento e destruição dos sistemas vivos que são o suporte imprescindível da vida humana».
Mais do que uma revista de proteção ambiental, a Alternativa apontava o dedo aos «ambientalistas» que se limitam a lutar contra a «poluição», ignorando (ou querendo ignorar) a verdadeira origem do mal», e adiante esboçando diretrizes: «descentralização máxima, autogestão a todos os níveis, descolonização dos homens e da natureza, frente a todos os poderes opressivos».
Realizar na prática a crítica do falso progresso
Nesse número inicial, um artigo sobre experiências ecológicas no curso de arquitetura da Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) pretendia «romper com o academismo tradicional. Uma vontade de realizar na prática impunha-se para a rutura com a passividade da escola burguesa.» Noutro parágrafo se refere que «cabe ao proletariado, aos técnicos revolucionários, aproveitarem-na [à energia solar] como energia fundamental de um processo revolucionário antecipando-se à tentativa de apropriação capitalista (…)».
O segundo número, publicado em Abril do mesmo ano, apresenta no editorial outras críticas ao «progresso»: «Para os ecologistas estas distorções não passam de sintomas da irracionalidade inerente ao funcionamento da sociedade industrial contemporânea». Contudo, o «fim da contradição capital-trabalho (definidora do sistema capitalista) … não é, no entanto, condição suficiente para atingir a sociedade ecologicamente equilibrada pela qual lutamos, como aliás o demonstram as experiências sociais do Leste» europeu.
Num artigo sobre os domes [construções leves de tipo especial que fazem lembrar cúpulas ou domes, então em voga nos meios ecológicos internacionais], apontam-se críticas ao «saber ‘esotérico’ de especialistas», pois que «separa o criador do produtor, eterniza a contradição entre trabalhador intelectual e trabalhador manual, perpetua a transmissões de um poder de classe».
Nasce uma cooperativa
O número três, de Outubro de 1977, apresenta já a Cooperativa Pirâmide, nascida «pela passagem da Livraria Contra a Corrente a pessoas ligadas ao GAIEP». Se anteriormente neste grupo e na revista estava mais evidente que emanavam bastante de alunos e professores do curso de Arquitetura, a partir de agora é a Cooperativa Pirâmide a centralizar as ações.
Plano de ação em seis pontos
Em seis pontos, a revista revela um «plano de ação»: «a transformação do regime alimentar no sentido de o adaptar mais corretamente ao meio, segundo a ordem do universo natural; a produção agrícola biológica e integral; a utilização de fontes de energia não poluentes e naturalmente renováveis; a produção artesanal de tudo aquilo que nos é indispensável; a utilização de medicinas paralelas; a compreensão de uma filosofia cósmica…» Daí a inclusão de um artigo sobre alimentação macrobiótica e uma entrevista a um massagista de shiatsu. Com sede na rua do Breyner, a Cooperativa Pirâmide incluía um restaurante macrobiótico, venda de produtos alimentares e livros. Essa edição de Alternativa incluía ainda o poster do Festival Pela Vida e Contra o Nuclear que iria ter lugar em Ferrel/Peniche, em Janeiro de 1978.
Marca anti-nuclear
Daí o número quatro ter sido publicado pouco antes desse festival, marca incontornável do movimento ecológico em Portugal, onde convergiram diversos grupos nacionais e esforços locais, tendo-se conseguido eliminar a ameaça nuclear.
No Verão de 1978 publica-se o número cinco da Alternativa, totalmente manuscrito pelos colaboradores. É o último número, agora como revista da Pirâmide – Cooperativa Cultural para o Desenvolvimento de uma Sociedade em Harmonia com o Universo. Além de uma série de contactos e informações internacionais, a revista apresenta textos sobre agricultura, bioenergia, fabrico de pão, ecologia mental e objeção de consciência. A par das refeições macrobióticas, a Cooperativa Pirâmide realizou algumas workshops de alimentação e shiatsu, geriu uma horta em terreno do Porto, e recebeu Lanza del Vasto na sua visita.
Viver é Preciso e Renascimento Rural
Em 1978, fruto da colaboração com a coleção de livros Viver é Preciso, das Edições Afrontamento (Porto), foi criado na aldeia de Barão de São João (concelho de Lagos), o Centro de Ecologia e Alternativas Renascimento Rural. No Verão, diversos colaboradores da Pirâmide organizaram um campo de trabalho, centrado na construção de uma casa ecologicamente integrada: construção em pedra, taipa e adobe, com sistemas de ventilação e aquecimento de baixo impacto ecológico, e materiais da zona. Havia ainda a gestão de uma biblioteca e da revista A Urtiga, anterior a este projeto.
Os campos de trabalho continuaram e, entretanto, a Cooperativa Pirâmide, no Outono de 1978, tomou outro rumo, tornando-se centro budista, vindo-se a extinguir em 1983. A Urtiga começou a publicar-se em Fevereiro de 1978 (um mês após o Festival pela Vida e Contra o Nuclear, em Ferrel e Caldas da Rainha). No seu n.º 4, de Setembro/Outubro desse ano, está uma página dedicada ao «Renascimento Rural – um projecto de longo fôlego». Em pinceladas largas, traçam-se os bastidores/passagens por outras terras: «O atraso do país, em vez de uma condenação, poderia tornar-se um ponto de partida para a busca da nossa nova Índia: um desenvolvimento harmonioso no qual haveria colaboração entre o homem e a natureza, e não a destruição desta».
O centro Renascimento Rural apetrechou-se ainda com uma pequena tipografia (para edições mais baratas de A Urtiga, e de outros trabalhos), de uma oficina de artesanato em couro, e de um tear. O campo de trabalho do Verão de 1979 integrou um seminário sobre agricultura biológica.
(txeto escrito em abril de 2015)
DEBATE 23 DE MAIO, 15:50, NO PORTO
[Mais de 40 pessoas participaram nesta sessão, tendo cerca de 30 permanecido até cerca das 19:00; alguns dos livros de autoria de Jacinto Rodrigues então expostos estão disponíveis para venda na associação Campo Aberto]
Apresentação e tertúlia de entrada gratuita mas sujeita a inscrição, de preferência até ao dia 20 de maio, quarta-feira.
Para a inscrição, envie por favor nome, email e telefone de contacto de cada uma das pessoas a inscrever, para: tertuliasca@gmail.com
ECOLOGIA, ARQUITETURA, ENERGIA, CONSTRUÇÃO
com Professor Jacinto Rodrigues
Arq. Carlos Fonseca
Arq.ª Joana Gonçalves
Dando sequência às comemorações de «40 anos de ecologia a partir do Porto – 1974-1982», iniciadas em 17 de janeiro de 2015 com a apresentação, pelo biólogo Nuno Gomes Oliveira, criador e diretor do Parque Biológico de Gaia, seguido de debate, do tema «Noroeste e Norte – 40 anos em defesa da Natureza», vai decorrer no sábado 23 de maio nova apresentação e debate, desta vez conduzidos pelo Professor Jacinto Rodrigues, subordinado ao tema «Ecologia, Arquitetura, Energia, Construção», com destaque para o trabalho desenvolvido no âmbito da ESBAP (Escola de Belas Artes do Porto) no período 1974-1982.
A sessão começa às 15:50 e decorrerá nos locais da Fundação Escultor José Rodrigues, com quem a Campo Aberto promove em parceria estas comemorações, sob o impulso de uma comissão organizadora constituída por Jacinto Rodrigues, Rosa Oliveira, Franklin Pereira, Ana Caldas e José Carlos Marques.
ABORDAGEM MODERNA, INOVADORA E… TRADICIONAL
As questões de arquitetura e energia têm nesta sessão um ângulo de abordagem moderno e inovador mas cruzam-se e articulam-se com a referência a técnicas tradicionais precursoras, que foram redescobertas e revalorizadas por pioneiros modernos.
Por isso convidámos também a intervir nesta sessão o Arq. Carlos Fonseca, que anima o Centro de Artes e Ofícios Casa da Sra Aninhas, em Guimarães. Carlos Fonseca criou o conceito de «arquitetura sensível» e promove a redescoberta de uma série de técnicas e artes tradicionais, quer no âmbito da arquitetura quer no de outros ofícios.
Convidámos igualmente a intervir a Arq.ª Joana Gonçalves, autora de um trabalho de levantamento intitulado Tradição em Continuidade: Levantamento das Quintas da Terra Fria Transmontana e Contributos para a Sustentabilidade. Nascida em Bragança há 24 anos, Joana Gonçalves voltou às origens para realizar este levantamento, que foi distinguido com o Prémio Ibérico de Investigação da Arquitetura Tradicional, promovido inicialmente pela Fundação Convento da Orada, portuguesa, a que viriam juntar-se, como já nesta edição, a Ordem dos Arquitectos, em Portugal e o Colegio Oficial dos Arquitectos de Leon e a Fundación Antonio Bedoya, em Espanha.
Estas três intervenções ocuparão a primeira hora da sessão. A partir das 17:00 será generalizado o debate à assistência, estando o encerramento previsto para as 18:30.
Para contextualizar este debate no âmbito das comemorações referidas atrás, recordamos o início de um artigo presente neste mesmo e-sítio (ver versão completa).
UM PERÍODO MUITO ESPECIAL: 1974-1982
Não, não se pretende fazer a história do movimento ecológico ao longo de quatro décadas – a partir do Porto. Mas sim evocar um período muito especial que se iniciou há quarenta anos, e grosso modo durou oito anos, embora tivesse deixado algumas marcas que perduraram, entre elas, até certo ponto, a própria Campo Aberto (apesar de só ter sido fundada em 2000!).
40 anos de ecologia a partir do Porto – 1974-1982
Quando, no 25 de abril de 1974, Portugal mudou de uma ditadura para uma democracia, poucos seriam os portugueses que teriam ouvido falar em ecologia e problemas ambientais. Menos ainda os que viam na ecologia um questionamento e uma crítica da sociedade contemporânea dita desenvolvida.
O desenvolvimento era aliás o sonho e a ambição do país, que os esperava ansiosamente como dádiva do novo regime. Tendo por modelo a imitar o que se passava nos países prósperos da Europa, ignorava-se que nesses países muitos punham em causa como precário e em vias de esgotamento precisamente o modelo que agora se pretendia seguir em Portugal.
No entanto, embora poucos, havia já alguns que entendiam desse modo a ecologia. A nível nacional, e sobretudo na região de Lisboa, agia já o Movimento Ecológico Português. No Porto, em 1974 e 1975, constituiu-se com essa perspetiva o Grupo Autónomo de Intervenção Ecológica do Porto – GAIEP, ao mesmo tempo que na ESBAP (Escola Superior de Belas Artes do Porto, que então incluía também os cursos de arquitetura) o Professor Jacinto Rodrigues e um grupo de alunos seus, alguns dos quais membros do GAIEP, concebiam experiências alternativas semelhantes às que nos Estados Unidos, na Alemanha, Inglaterra, França e outros países prósperos então decorriam.»
SEQUÊNCIA EM 2015
Um terceiro e último debate irá realizar-se no sábado 17 de outubro de 2015, em redor das relações cidade-campo e da revalorização do mundo rural, do movimento alimentar alternativo e da intervenção ecológica autónoma em termos de sociedade e cidadania, tal como se esboçou nesse mesmo período 1974-1982 e se repercute hoje ainda no movimento ambiental e alternativo atual. Serão referidas sobretudo quatro iniciativas desse período, a coleção de livros Viver é Preciso /Ecologia e Sociedade, o GAIEP – Grupo Autónomo de Intervenção Ecológica do Porto, a Cooperativa Pirâmide, também do Porto, e o Movimento Renascimento Rural, iniciado com pessoas do Porto ligadas a essas duas iniciativas e que teve uma tentativa de concretização no concelho de Lagos.
EXPOSIÇÃO
Está em preparação uma exposição visual sobre esse período e sobre essas iniciativas, que se espera poder inaugurar no mesmo dia da sessão final das comemorações, ou seja, 17 de outubro. Sobre tudo isso iremos oportunamente dando notícias.
Fotografia do Padre Himalaia, Pioneiro Solar Português e Mundial
Parabéns pela iniciativa & no Dia 23 de Maio aparecerei.E se possível nas subsequentes.
Obrigado.