UM ENCONTRO PARA CONHECER E CELEBRAR O
PARQUE DAS SERRAS DO PORTO
No sábado 30 de junho de 2018, Valongo, Gondomar e Paredes, ou a sua associação de municípios Parque das Serras do Porto, celebram a criação do Parque e a próxima conclusão de um processo participativo intenso e que mobilizou todos os setores da sociedade desses três concelhos, e ainda parceiros externos. Todos podem participar embora seja necessária inscrição.
Não obtivemos um programa em forma de texto corrido mas ele pode ser visto nas ligações que acompanham esta notícia.
O cartaz põe em evidência, como símbolo deste encontro, a imagem da vaca-loura, um escaravelho que é espécie protegida na União Europeia e portanto em Portugal. E é uma excelente escolha simbólica: é que a vaca-loura está estreitamente associada (embora se encontre também junto de outras espécies arbóreas) ao carvalhal, e em especial ao carvalho-alvarinho. Proteger a vaca-loura não pode deixar de passar por proteger e reconstituir largamente o carvalhal em Portugal.
Apraz-nos interpretar (porém, o risco da interpretação é só e apenas nosso), que esse símbolo representa uma vontade, não só de preservar o carvalhal, como de o restabelecer como a espécie dominante nas Serras do Porto que integram a Paisagem Protegida. Excetuando os locais de Rede Natura 2000 que fazem parte do Parque, e os resquícios e sobrevivências de arvoredo dos vários Quercus, e pouco mais, Paisagem Protegida aqui só em caricatura se poderia considerar como equivalente a manter tal como está a atual paisagem dessas Serras, hoje quase inteiramente dominada pela monocultura do eucalipto. Aqui Paisagem Protegida, se não queremos passar gato por lebre, só poderá querer dizer, a longo prazo, Paisagem Reconstituída. É claro que não se pretende recuar ao tempo de Viriato, até porque a agricultura faz também parte da história dessas Serras e alguma, para além do pouco que ainda sobra, deverá igualmente ser reconstituída em alguma proporção. Mas se o carvalhal reconstituído (com todas as espécies arbóreas e toda a outra flora e fauna a ele associada, que fazem dele um fomentador de biodiversidade) não for ganhando desde já, gradualmente, o seu espaço de reconstituição, então alguma coisa soará a falso nesta Paisagem Protegida.
Estamos certos que os criadores e inspiradores deste Parque (que – e embora se deva destacar a Associação de Municípios e os autarcas dos três concelhos, com merecido relevo para José Manuel Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Valongo – remontam a décadas e incluem setores expressivos do movimento ecológico conservacionista nacional e da região do Porto) têm esse ideal como bússola.
José Carlos Costa Marques
presidente da direção da Campo Aberto – associação de defesa do ambiente
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