UM SUPER-QUARTEIRÃO EM LISBOA?
Colocado em 16 de outubro de 2023
Apresentamos a seguir uma síntese dos objetivos do Movimento Metro no Jardim da Parada (Campo de Ourique, Lisboa), que nos enviou o Arq. Jorge Farelo em 16 de setembro de 2023. Jorge Farelo representou esse Movimento em reunião promovida pela Campo Aberto em 28 de janeiro de 2023, na qual estiveram representados diversos outros movimentos e pessoas a braços com problemas como abates de árvores, mutilação e destruição de jardins, ameaças à Reserva Agrícola Nacional, rejeição de propostas de novos jardins e questões semelhantes.
MINIMIZAR IMPACTO+POTENCIAR OPORTUNIDADES
O projecto do Prolongamento da Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa entre S. Sebastião e Alcântara, originou a formação de diversos movimentos de fregueses de Campo de Ourique, com o objetivo de contribuírem e participarem na discussão alargada.
Tiveram lugar apresentações públicas pelo Metro, e da análise da documentação disponível resultou a formação de um Grupo de Moradores, que considerou ser fundamental para a vida do bairro, que sofre de problemas crónicos de acessibilidade, mobilidade e de estacionamento, a construção duma estação de Metro que proporcione menos carros, e mais cidade.
Os moradores ficarão mais libertos da dependência do automóvel, com todos os benefícios (individuais e globais) que isso pode acarretar, contribuindo para a redução de emissões de CO2, do trânsito e do ruído urbano.
Este Grupo decidiu elaborar uma Petição, que reflete os objectivos de reduzir e minimizar o impacto negativo da obra do Metro, nomeadamente proteger o Jardim da Parada, quer de eventuais riscos, quer de ser utilizado como estaleiro durante a obra, e que fique garantida a preservação e as características do património arbóreo.
Super-quarteirão
Complementarmente, a obra do Metro em Campo de Ourique é a grande ocasião de potenciar oportunidades, isto é, concretizar um super-quarteirão, que consiste em criar uma zona de coexistência, integrando os 8 quarteirões que envolvem o Jardim da Parada, e ao mesmo tempo, promovem-se ruas mais seguras e tranquilas, a pacificação do trânsito, que o bairro se torne mais pedonal, e se aumentem os espaços de lazer.
O Jardim da Parada, como centro nevrálgico de um «super-quarteirão», passará de um espaço público com 5 450m2 para
9 600m2, em que a supressão da circulação rodoviária no seu perímetro, dando prioridade ao peão, representará maior liberdade para as crianças e uma enorme mais-valia para o comércio ali existente.
Será um caso piloto, que coloca problemas de supressão de lugares de estacionamento, mas, atendendo a que estão previstos dois parques de estacionamento no bairro, há que garantir a sua disponibilidade antes do fim da obra do Metro.
Entretanto já ocorreram ensaios de «super-quarteirão» em dois domingos passados (25 de Junho e 23 de Julho) e, entre os próximos dias 9 a 17 de Setembro, será uma semana em que não haverá trânsito atravessando o Jardim da Parada.
Estaremos atentos ao desenrolar dos acontecimentos, para alem de engajar e aliciar adeptos para a causa, fregueses em geral, e em particular os moradores potencialmente mais renitentes.
Nota de atualização
De acordo com o jornal de Notícias de 15 de setembro de 2023, durante a semana de 14 a 21 de setembro, os carros e os táxis que normalmente ocupam as ruas à volta do Jardim da Parada (Campo de Ourique, Lisboa) desapareceram e deram lugar a espaços de convívio, mesas de pingue-pongue, tabuleiros de xadrez, um parque canino e insufláveis para crianças. Segundo alguns moradores, as famílias nessa semana convivem mais, as crianças conhecem outras do bairro, aproveita-se mais a vida ao ar livre.
Soubemos ainda, também junto de Jorge Farelo, que a ampla maioria dos utentes do bairro manifestou uma enorme adesão. O movimento fez um inquérito e a Junta de Freguesia uma avalição que o confirma. Está prevista também uma aferição dos resultados. Entretanto o Metro lançou o concurso internacional de ampliação da Linha Vermelha, prevendo-se que as obras terão o seu início em 2024.
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