JORNADA PATRIMÓNIO NATURAL, ECOLÓGICO E PAISAGÍSTICO
– E CIDADANIA NO CONCELHO DE MATOSINHOS
SÁBADO, 19 DE OUTUBRO DE 2024
Com o apoio da Junta de Freguesia de Matosinhos e Leça da Palmeira
Colocado em 12 de setembro de 2024, revisto em 7 de novembro de 2024
Veja no final deste artigo os relatos dos diversos pequenos grupos de debate que decorreram no âmbito do programa da Jornada.
no Salão Guilherme Pinto
Sede da Junta de Freguesia de Matosinhos e Leça da Palmeira
Rua Augusto Gomes, 313
4450-053 Matosinhos
Para ver fotografias da visita ao CIIMAR e aos Charcos Com Vida:
https://campoabertoimagens.blogspot.com/2024/10/19-de-outubro-de-2024-jornada-de-debate.html
Graças à colaboração de alguns designers da ESAD – Escola Superior de Arte e Design, foi elaborado um cartaz e um folheto digital com o programa e outras informações, que podem ser vistas em imagem logo a seguir, e mais abaixo em texto corrido (neste, com algumas correções).
A página da frente do folheto digital acima, encontra-se no final do artigo.
Organização
Campo Aberto – asssociação de defesa do ambiente
em parceria com
ESAD-idea – Escola Superior de Arte e Design
Associação VIPA 1051
CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental
APOIO
Junta de Freguesia de Matosinhos e Leça da Palmeira
PROGRAMA
14:00/14:30 Receção dos participantes
14:30 Abertura
14:40 Início dos trabalhos: Espaços Verdes e Vivos (apresentação sucinta,
pela Campo Aberto – associação de defesa do ambiente)
14:50 Primeira intervenção
ESAD – Escola Superior de Arte e Design
José Simões
A água e a Blue Design Alliance
15:05 Segunda intervenção
Humberto Tomás Silva – impulsionador do movimento
Um movimento de cidadãos: «Diz Não Ao Paredão»
15:20 Terceira intervenção
Pedro Rocha
Diretor do Departamento de Ambiente da Câmara Municipal de Matosinhos
(Nota: a Presidente da Câmara não pôde estar presente por razões de última hora)
Matosinhos: política ambiental, problemas e soluções
15:35 Quarta intervenção
José Teixeira (CIIMAR)
A Biodiversidade em Matosinhos
15:50 Pequenos grupos de debate (quatro: educação ambiental; agricultura e natureza; indústria, mobilidade e natureza; biodiversidade e conservação da natureza)
1. EDUCAÇÃO E AMBIENTE (escolas, educação cívica, cidadania ecoambiental, promoção do cidadão, acesso à cultura e salvaguarda ambiental)
2. AGRICULTURA, ALIMENTAÇÃO E BEM-ESTAR ANIMAL (resíduos, biorresíduos, limpeza urbana, agricultura, hortas urbanas e comunitárias, qualidade alimentar)
3. INDÚSTRIA, OCEANOS, ÁGUA E DESIGN, MOBILIDADE (qualidade e abastecimento, qualidade do ar, poluição, ruído, transportes e energia).
4. BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA (espaços verdes formais e informais, rios e bacias hidrográficas, zonas protegidas, estrutura ecológica municipal, biodiversidade).
16:30: Pausa para café
17:00 Relatores dos grupos apresentam resultados dos trabalhos de cada grupo
17:30 Debate em plenário sobre toda a jornada
18:15 / (18:30) Encerramento
Os inscritos na jornada puderam também inscrever-se numa visita, da parte da manhã, ao CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, e ao projeto Charcos Com Vida no concelho de Matosinhos
Sob orientação do biólogo José Teixeira.
Foi visitado o edifício do Terminal de Cruzeiros, de traça muito original, e que foi depois adaptado para nele funcionar o CIIMAR. Podem ver-se imagens no álbum de fotografias da Campo Aberto:
O ponto de encontro foi às 9:45 no CIIMAR. A visita durou até às 12:30, de modo a que os participantes se tivesse, podido apresentar entre as 14:00 e as 14:30 na Junta de Freguesia (Salão Guilherme Pinto), para a receção na Jornada.
No formulário de inscrição na Jornada, os interessados na visita assinalaram que se inscreviam também na parte do programa da manhã. As deslocações entre o CIIMAR, os Charcos com Vida e o local onde decorreu de tarde a Jornada propriamente dita foram feitas no sistema de lugares partilhados em carro próprio («boleias»). Os inscritos nessa parte do Programa receberam informações para a efetivação desse sistema.
RELATOS DOS DEBATES EM PEQUENOS GRUPOS
GRUPO 1. EDUCAÇÃO E AMBIENTE (escolas, educação cívica, cidadania ecoambiental, promoção do cidadão, acesso à cultura e salvaguarda ambiental)
Relatora: Diana Tuna
a) Garantir no plano educativo de Matosinhos a criação de espaços verdes com árvores e biodiversidade e hortas comunitárias em cada uma das escolas de Matosinhos, garantindo a educação sobre as árvores, hortícolas, biodiversidade, o que pode incluir visitas a espaços verdes no concelho ou fora.
b) Garantir que há verbas específicas para atividades que promovam a literacia ambiental.
c) Garantir um programa que leva às escolas pessoas da comunidade que intervêm positivamente na comunidade (ex: projetos de plantação de árvores, projetos de limpeza, projetos de transformação de materiais, projetos de alimentação mais vegetal, etc).
d) Os adultos não podem ser esquecidos no papel que têm na mudança de hábitos e deve haver um programa consistente e permanente de sensibilização, educação e promoção da literacia ambiental dirigida a adultos, sobre cada uma das espécies existentes em Matosinhos, sobre as aves, sobre os charcos, etc; atividades que despertem o interesse e que formem pessoas que vão ser guardiões, protetores, impulsionadores, etc. Esse programa pode ter diferentes formas de alcance e a comunicação com as pessoas é fundamental: sempre que o município intervém no espaço público, seja a plantar, seja a podar árvores, tem de conseguir comunicar às pessoas o que está a fazer e porque o está a fazer.
GRUPO 2. AGRICULTURA, ALIMENTAÇÃO E BEM-ESTAR ANIMAL (resíduos, biorresíduos, limpeza urbana, agricultura, hortas urbanas e comunitárias, qualidade alimentar)
Relatora: Bebiana Cunha
O que considera o grupo que o Município de Matosinhos deverá fazer:
a) Metas até 2030 para garantir uma aposta numa agricultura regenerativa/ biológica, com vista a garantir o uso adequado do solo, sem pesticidas e encontrando estratégias em articulação com o governo para a reconversão da agricultura lesiva para os solos.
b) Programa de literacia ambiental que vai desde as boas práticas agrícolas até à educação para a biodiversidade (atividades de observação de répteis, aves, etc).
c) Plano para os Charcos com Vida.
d) Plano de combate às invasoras, nomeadamente a erva das pampas que se encontra em muitos solos agrícolas. Este plano deve incluir a sensibilização, educação e consciencialização sobre a problemática.
e) Desenvolver um plano para a existência de uma floresta autóctone transformando o eucaliptal em floresta autóctone.
f) Garantir a fiscalização das condições em que os animais que se destinam a consumo humano se encontram.
g) Programa para o desacorrentamento de animais em Matosinhos.
h) Sinalização das colónias de gatos com placas que indiquem a presença das colónias de gatos esterilizados e por quem são cuidados.
i) No programa de voluntariado de Matosinhos incluir a criação de rede de acolhimento temporário de animais abandonados para quando o canil não pode recolher.
j) Criar um programa que permita às pessoas uma interação saudável com os animais em diversos espaços ou serviços públicos.
k) Garantir formação em comportamento animal para quem adota um animal no canil municipal.
l) Facilitar a nível municipal a recolha de animais selvagens em Matosinhos com a criação de um posto de apoio ou similar (se qualqur pessoa recolher um animal selvagem ferido teria que o levar ao Parque Biológico de Gaia).
GRUPO 3. INDÚSTRIA, OCEANOS, ÁGUA E DESIGN, MOBILIDADE (qualidade e abastecimento, qualidade do ar, poluição, ruído, transportes e energia).
Relator: Gustavo Pelayo
a) Problema da globalização e poluição marítima: Reflexão sobre o impacto da mobilidade global de navios, que contribuem para a poluição marítima, afetando negativamente o ecossistema.
b) Impacto do transporte automóvel na biodiversidade urbana: Discussão sobre a poluição atmosférica, sonora e luminosa causada pelo uso excessivo de automóveis, prejudicando a biodiversidade da cidade. Destacou-se a necessidade de uma mudança de mentalidade para promover o uso de transportes públicos e métodos de mobilidade sustentáveis. O papel das bicicletas foi considerado essencial, por serem uma alternativa ecológica e eficiente, contribuindo para reduzir a poluição, o congestionamento, e melhorar a qualidade de vida, protegendo o património natural urbano.
c) Falta de acessos a parques industriais: Sugestão de implementar um serviço de autocarro dedicado, facilitando o transporte entre a cidade e os parques industriais, reduzindo a dependência dos carros particulares.
d) O papel dos jovens na transição para uma mobilidade verde: Reflexão sobre a mentalidade mais sustentável das novas gerações, que estão focadas em promover a mobilidade verde e o uso de transportes coletivos sustentáveis, ajudando a preservar o património natural da cidade.
e) Tempo de deslocação de Matosinhos ao Porto e vice-versa: Debate sobre a lentidão dos transportes públicos entre Matosinhos e Porto, o que leva muitas pessoas a optarem pelo uso do carro devido à falta de opções de transporte público fiáveis, especialmente nas áreas periféricas.
f) Porto de Leixões e a preservação do património natural de Matosinhos: Reflexão sobre o impacto dos grandes navios que entram no Porto de Leixões e o seu papel na preservação do património natural, ecológico e paisagístico de Matosinhos.
g) Falta de planeamento urbano e concentração de CO2: Discussão sobre como a falta de planeamento urbano adequado leva a grandes concentrações de carros em certas zonas, resultando em elevados níveis de emissão de CO2, com impacto negativo no ambiente.
h) Uso eficaz da água e perda de água: Reflexão sobre a importância de otimizar o uso da água, minimizando perdas e garantindo a alocação adequada de diferentes tipos de água para funções como irrigação, uso industrial e doméstico. Embora o processo seja demorado, a Câmara Municipal está a trabalhar ativamente para implementar sistemas de gestão hídrica mais sustentáveis.
i) Promoção de comunicação entre a Câmara de Matosinhos e os cidadãos: Proposta de criar uma aplicação móvel ou website para melhorar a comunicação direta entre a Câmara e os cidadãos, promovendo um maior sentido de comunidade, cidadania e preocupação com a proteção do património ecológico e paisagístico.
GRUPO 4. BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA (espaços verdes formais e informais, rios e bacias hidrográficas, zonas protegidas, estrutura ecológica municipal, biodiversidade).
Relatora: Filomena Ventura
a) Primeira questão – Identificar desafios e obstáculos na proteção da biodiversidade em Matosinhos
– turismo em massa
– expansão e pressão urbanística
– densidade populacional
– tráfego automóvel
– ausência de espaços verdes na malha urbana e dificuldade na preservação dos existentes
– espaços recentemente libertados com terrenos de baixa qualidade: Petrogal em Leça da Palmeira e terrenos a seguir ao CEiiA
– sobrevalorização da linha de costa
– reduzido envolvimento da comunidade local
– impreparação dos técnicos que executam trabalhos de manutenção dos espaços verdes, eventualmente de empresas externas
– deficiente articulação entre os diferentes serviços da Câmara
– deficiente comunicação por parte da Camara
b) Segunda questão – oportunidades
– repensar o ordenamento do território
– vontade política
– preservar o que há
– ações de sensibilização para todos – crianças, jovens e adultos
– melhorar rede de transportes públicos
– fazer pressão sobre as autoridades
– melhorar a comunicação com os munícipes
– fazer acontecer a Linha de Leixões
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