Boletim PNED de 31 de Agosto de 2007

por | Ago 31, 2007 | PORTO E NOROESTE EM DEBATE | 0 Comentários

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BOLETIM PORTO E NOROESTE EM DEBATE
resumo das notícias de ambiente e urbanismo em linha

Sexta-feira, 31 de Agosto de 2007

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Para os textos integrais das notícias consultar as ligações indicadas.

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1. Bruxelas autoriza barragem do Sabor

A barragem do Baixo Sabor pode começar a ser construída em 2008 e será explorada pela EDP, gerando mais de mil empregos. O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho. Surgiu depois de ser conhecida a decisão da Comissão Europeia de arquivar o processo de infracção contra Portugal, devido à intenção de construir aquele empreendimento hidroeléctrico, no concelho de Torre de Moncorvo (distrito de Bragança). Por questões processuais, o arquivamento definitivo só deverá ocorrer em Outubro, mas os ambientalistas já contestaram a decisão.
“Foi uma vitória para Portugal, para os portugueses e para o Governo”, sublinhou Manuel Pinho, manifestando-se satisfeito por ver desbloqueada “uma situação que se arrastou 10 anos”. Sentimentos que acredita serem os dos portugueses “Gostam da ideia de produzirmos electricidade através da água e do vento, muito melhor do que ficarmos dependentes do carvão, do petróleo ou do nuclear”.
Depois de Pinho, Nunes Correia, ministro do Ambiente, também sublinhou os seus méritos “Tudo fizemos para que o processo fosse arquivado”, disse, contando que, “em quase dois anos de trabalho, procurámos mostrar à Comissão Europeia que, apesar dos prejuízos ambientais, o nosso esforço foi dirigido para a minimização desses prejuízos e a sua compensação, para que, num balanço global, não ficássemos a perder”.
Ao gaúdio governamental contrapõem-se autarquias e ambientalistas, não obstante terem reagido como se adivinhava. “Muita satisfação por uma decisão esperada”, disse Aires Ferreira, presidente da Associação dos Municípios do Baixo Sabor e da Câmara de Torre de Moncorvo. “Uma surpresa e grande desilusão”, contrapôs José Teixeira, da Plataforma Sabor Livre, entidade que apresentou a queixa contra Portugal. Enquanto o primeiro alega que a barragem é “imprescindível” para cumprir as metas das energias renováveis, o segundo mantêm que a construção da barragem é uma “ilegalidade” porque põe em risco “valores ambientais únicos”.
A queixa da Sabor Livre terá atrasado o processo do início da construção da barragem em três meses, mas Aires Ferreira pensa que também “houve ganhos”, apontando uma maior flexibilidade das exigentes medidas de minimização de impacte ambiental. Neste contexto, está prevista a redução da capacidade da barragem (inicialmente de 630 milhões de metros cúbicos de água), para proteger locais de nidificação de aves. Vão ainda ser construídos pontes e caminhos que permitam a passagem de lobos e outros animais.
A desilusão de José Teixeira alcança mais longe, não estivesse ele “esperançado numa outra decisão”. Argumenta que a Comissão Europeia “sempre deu razão aos argumentos apresentados pela Plataforma”, como justificou com o processo de infracção levantado contra Portugal. Por isso, não percebe que “alterações possam ter ocorrido durante a terceira fase de alegações”, que redundaram no arquivamento da queixa. A desconfiança materializa-se numa acusação “A Comissão Europeia cedeu a pressões políticas”. Como tal, “deu um sinal claro de que o ambiente europeu e português continua a ser um parente pobre”.
Com a decisão ontem anunciada, a margem de manobra da Sabor Livre fica “limitada”, mas já pondera apresentar uma providência cautelar junto das instâncias jurídicas nacionais e uma queixa no Tribunal Europeu. “Não estou preocupado com o recurso porque foram tomadas todas as garantias”, disse Manuel Pinho.
A barragem do Baixo Sabor vai produzir, por hora, 2500 gigawatt de energia, o que se traduz na capacidade instalada de 170 megawatt. A obra orça em 354 milhões de euros, que sairão dos cofres da EDP, embora possa ter apoios da União Europeia. “Parte substancial do montante será aplicado na minimização dos impactos ambientais”, garantiu fonte da EDP, embora sem detalhar a percentagem.
Associação diz que barragem vai aumentar biodiversidade
O presidente da Associação de Municípios do Baixo Sabor, Aires Ferreira, anunciou ontem que, apesar da decisão de Bruxelas, “não será suspenso” o estudo em curso para avaliar de que forma as alterações climáticas e o inerente processo de desertificação afectariam a fauna e a flora do rio Sabor, caso a barragem não fosse construída. “Servirá para demonstrar a justeza da nossa posição”, justificou Aires Ferreira, convencido de que a inexistência do empreendimento hidroeléctrico seria “muito mais nefasta para a fauna e flora do que a sua construção”. “A barragem permitirá aumentar o número de espécies”, garante. E sustenta que os efeitos das alterações climáticas “já são visíveis”, pois mesmo em anos normais, no que há pluviosidade respeita, o rio chega a secar no Verão.

https://jn.sapo.pt/2007/08/30/primeiro_plano/bruxelas_autoriza_barragem_sabor.html

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2. Retirar os ovários antes da menopausa é um risco

A remoção dos ovários antes da menopausa pode significar um risco acrescido de desenvolver problemas de memória, demência e dificuldades de movimento, como a doença de Parkinson, revelam dois estudos publicados ontem no “Neurology”, o jornal da Academia Norte-americana de Neurologia.·
Um dos estudos dá conta de que as mulheres a quem retiraram os dois ovários e que são tratadas com estrogénio pelo menos até aos 50 anos não viram esses riscos acrescidos.
Esta investigação, que durou cerca de 30 anos, acompanhou várias mulheres e realizou mais de três mil entrevistas, ajuda a clarificar questões sobre o papel do estrogénio na saúde antes da idade natural da menopausa e a sua “habilidade” para proteger o funcionamento do cérebro.
“Remover os ovários antes da menopausa representa antecipar o que naturalmente aconteceria, chama-se a menopausa cirúrgica. O que acontece é que deixa de haver uma produção de estrogénio que reconhecidamente tem um efeito de manutenção da saúde”, explicou, ao JN, o ginecologista Carlos Marques.
Logo, “é natural que na falta dessas hormonas os sintomas da menopausa, bem como alguns problemas, apareçam mais rapidamente”, acrescentou. O outro estudo, sobre a demência, verificou que as mulheres que tiveram um ou mais ovários removidos antes da menopausa tinham quase duas vezes mais probabilidades de desenvolver parkinsonismo, uma síndrome que envolve tremor durante o descanso, rigidez muscular e lentidão de movimentos e cuja forma mais comum é a doença de Parkinson.
“Estas descobertas sobre a demência podem ser explicadas por uma perda prematura do estrogénio e decrescente neuroprotecção”, sublinhou um dos investigadores.
Carlos Marques alertou para o facto de apenas serem removidos os ovários quando existe um problema, por outro lado, quando existem sintomas abruptos utiliza-se a terapêutica hormonal, “para aliviar os sintomas e também para prevenir problemas a longo prazo”, mas, acrescenta, “mesmo essa terapêutica é alvo de críticas, é uma terapêutica ainda em discussão”.

https://jn.sapo.pt/2007/08/30/sociedade_e_vida/retirar_ovarios_antes_menopausa_e_ri.html

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3. Trilho romântico

Debruçada sobre o rio Douro, a cidade do Porto desfruta de uma estrutura urbanística e paisagística inigualável. As marcas desta especificidade sentem- -se na arquitectura, nos monumentos, nos espaços de lazer e até nas ruas. A proposta de hoje é descobrir o Porto, percorrendo duas das mais emblemáticas artérias da cidade. Porto do romantismo e a fábrica de Massarelos e o prestígio da burguesia compõem o itinerário deste passeio pelos “Caminhos do Romântico”.
Antes de iniciar o primeiro percurso, a passagem pelo Palácio de Cristal é indispensável. Composto por um enorme e belo jardim, este espaço engloba ainda a Quinta Tait e a Quinta da Macieirinha, consideradas hoje o coração do romântico portuense. À direita da cúpula central, uma portada em pedra abre caminho para as escadas que conduzem à Quinta da Macieirinha. Aí repousa o Museu Romântico, onde estão recriados ambientes da cidade no século XIX, que ilustram um determinado período de tempo a que se convencionou chamar de “romântico”. Na história desta zona jaz a lembrança do surto de peste que pôs em fuga muitas das famílias burgueses que aí viviam, donos de casas senhoriais situadas junto à antiga aldeia de Vilar.
O primeiro percurso inicia-se na Rua de Entrequintas, à direita do portão da Quinta da Macieirinha. O mapa, enriquecido com breves indicações históricas, localiza geograficamente os visitantes no Porto do romantismo. A flora selvagem embeleza os muros, em pedra, que delimitam o percurso. Quando a Rua de Entrequintas se cruza com a Rua da Macieirinha, a vista é privilegiada. No horizonte, o vale é composto pela simbiose entre o rio Douro e o lado de lá, Vila Nova de Gaia. Também se avista uma zona de frondosos arvoredos, uma espécie de intervalo verde entre edifícios e ruas que espelha uma outra faceta da cidade. As portadas de antigas residências, na maioria desabitadas, espelham um cenário de abandono. A ausência de manutenção e limpeza começa a esconder o seu traço original.
A chegada à Rua da Restauração marca o final da primeira jornada. É também nesta rua, flectindo à direita para a Calçada de Sobre-o-Douro, que se entra no quarto percurso a fábrica de Massarelos e o prestígio da burguesia. As muitas obras em curso escondem a beleza de algumas moradias que ainda conservam as antigas fachadas.
Já na parte final da rua, descobre-se uma pequena praceta, o Largo do Adro. Aí se situa a igreja do Corpo Santo de Massarelos. Reza a lenda que os mareantes, entre eles o infante D. Henrique, ao avistarem o fogo de S. Telmo nos mastros da sua embarcação, prometeram edificar uma capela dedicada a esse santo, caso chegassem a bom porto. O painel de azulejos na parte de trás da igreja, onde se vê o infante D.Henrique a venerar S. Telmo, contribui para a crença nesta lenda. O percurso continua pelas escadas que conduzem os visitantes à longa avenida do Cais das Pedras. O cenário edílico proporcionado pelo rio Douro, por vezes embelezado pela passagem da traineira, marca o fim deste passeio.
Outros percursos
O percurso do aproveitamento da água está traçado em torno do vale de Massarelos. A arqueologia rural e industrial percorre a Rua da Macieirinha, até à Rua da Restauração. O percurso do Gólgota a Massarelos parte do pólo universitário rumo ao lugar de Massarelos.

https://jn.sapo.pt/2007/08/30/porto/trilho_romantico.html

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4. Uma nova cultura de mobilidade é urgente

Em 1909, Henry Ford implementou o trabalho em cadeia na produção dos seus Ford-T. Procurava-se diminuir tempo e custos de produção, tornando o automóvel um bem de consumo acessível a todos. De lá para cá, o automóvel impôs a sua tirania, criando dependências e gerando cada vez mais consumos de combustíveis fósseis. As nossas cidades tornaram-se imensos autódromos. As ruas foram literalmente tomadas pelos carros, remetendo os peões para espaços cada vez mais exíguos e precários, onde a circulação se processa sem segurança e bem-estar.
O sonho da posse individual de um automóvel virou infernal pesadelo. Não são apenas os acidentes de viação, os atropelamentos, mas também os efeitos nefastos da poluição rodoviária responsável pela emissão de mais de 40% de gases com efeito de estufa, principais causadores do aquecimento global planetário. De forma menos visível, mas não menos insidiosa e mortal, vão espalhando na atmosfera que respiramos biliões de nano-partículas desencadeadoras de várias doenças graves. Se a isto tudo somarmos os custos associados à necessária compra de direitos de emissão de CO2, em virtude dos compromissos de redução do mesmo, assumidos pelo nosso país, no âmbito do protocolo de Quioto, que poderão ultrapassar, segundo algumas estimativas, mais de dois mil milhões de euros, temos um problema extremamente grave. O aumento exponencial do tráfego automóvel nas nossas cidades é incomportável.
É necessário e é urgente uma nova cultura de mobilidade na e para a cidade. Em várias urbes europeias já se começaram a tomar medidas condicionadoras e mesmo inibidoras da circulação automóvel.
Em Coimbra, o sentido é o inverso. Ao mesmo tempo que se reivindica, e bem, a urgência de um transporte urbano moderno e qualificado, como o metro de superfície, convida-se o automóvel privado a invadir ainda mais a cidade, multiplicando a oferta de estacionamento no seu centro. Vem esta reflexão a propósito da recente notícia de construção de mais um megaparque de estacionamento subterrâneo com cinco pisos, na Avenida Fernão de Magalhães, a que devemos somar mais um na Praça da República e outro megaparque na Universidade. Rejubilarão muitos. O que é preciso é lugares para estacionarmos o nosso carrinho, de preferência à porta de casa e do emprego…
A questão que se coloca, para além das que já atrás expus, é a de saber até que ponto esta é uma política compatível com um investimento de largos milhões de euros como é o metro de superfície. Se os parques de estacionamento no centro da cidade se multiplicam exponencialmente, convidando à entrada de cada vez mais automóveis, qual o espaço e viabilidade de um transporte público como o metro?
Para termos uma ideia aproximada do que estamos a falar, diga-se que, a cálculos muito por baixo, só no eixo da Avenida Fernão de Magalhães os parques subterrâneos aí situados oferecem mais de 3 mil lugares. Se a estes números somarmos os lugares disponíveis, só no centro da cidade, em outros parques e na via pública os números facilmente ultrapassarão os dez mil lugares. Este aumento de oferta vai no sentido inverso ao rumo que é necessário imprimir para uma mobilidade sustentável, assente numa significativa redução do tráfego automóvel. Ao invés, torna-se necessário, entre outras medidas, completar a circular interna da cidade, evitando o seu atravessamento; construir parques de estacionamento nas entradas da cidade acessíveis, baratos, com interfaces de ligação a transportes públicos de qualidade, rápidos e ajustados aos movimentos pendulares de circulação. Promover novas formas de mobilidade que permitam a coexistência entre carros, peões e bicicletas.

serafim.duarte@sapo.pt

https://jn.sapo.pt/2007/08/30/pais/uma_nova_cultura_mobilidade_e_urgent.html

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de Notícias, do Público e d’O Primeiro de Janeiro (e ocasionalmente
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Selecção hoje feita por Paulo Araújo

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