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BOLETIM PORTO E NOROESTE EM DEBATE
resumo das notícias de ambiente e urbanismo em linha
Quinta-feira, 15 de Maio de 2008
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Para os textos integrais das notícias consultar as ligações indicadas.
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1. Do esquecimento
Hélder Pacheco, Professor e escritor
Deambulei há dias pelas ruas cheias de carácter e mistérios, carregadas de história e de memória, do Bairro da Sé. Não vi, desta vez, salas de chuto ao ar livre, nos meandros de S. Sebastião ou no espantoso miradouro ao lado dos Grilos. Admirei-me com a fartura. Devem andar por outras bandas a vender, a comprar, a consumir.
Apesar disso, como acontece nos últimos anos, a pior sensação que de lá trago é a do silêncio opressivo dos sítios e casas desabitados. Umas em ruínas, outras abandonadas e muitas lojas fechadas. Os rés-do-chão vazios adensam a desertificação mesmo em zonas com moradores. Por isso considero um erro de cálculo ou planeamento – como quiserem chamar-lhe – a reconstrução, por vezes com inegável mérito arquitectónico, de edifícios ou conjuntos, mantendo, como nos séculos precedentes, a certeza da perenidade do comércio ao nível das ruas.
Tal paradigma acabou. A partir dos anos 70, 80 do século XX, os sinais apontavam nesse sentido. Não há comércio que chegue para ocupar dezenas de espaços devolutos. Tenho para mim que, sem excluir a manutenção de uma ou outra loja de comércio ou ofício, neles, teria sido preferível construir confortáveis habitações T0 e T1 destinadas a casais idosos, deficientes motores, famílias monoparentais, etc.. Chamo a isto requalificar com dimensão social e prospectiva. Em função das exigências do presente e não de projectos dirigidos para um tempo sem regresso.
Mas uma coisa é termos consciência de que o passado passou, outra é renegá-lo ou desprezá-lo, como está na moda da West Coast. Nesse tempo em que a cidade era viveiro de oficiais e universo de lojistas, na década de 40, o sr. Joaquim estabeleceu-se com uma carvoaria na Rua de Santana. Logo ficou a ser designado na vizinhança por “Joaquim carvoeiro”. Sendo apanágio daquela gente que, como disse Jacqueline de Romilly, personificava “espécie de aliança do civismo e do individualismo, do prazer de viver e do sentido do esforço”, o carvoeiro era verdadeiro amigo da vizinhança e valia a quem não tinha dinheiro para comprar carvão ou petróleo para cozinhar ou alumiar a casa. Viviam-se as grandezas patrióticas do Estado Novo mas, na Sé, muitos lares não possuíam luz eléctrica; por isso, usavam candeeiros a petróleo e cozinhavam em máquinas de metal amarelo, preciosas no quotidiano da cidade.
Durante anos, o senhor Joaquim serviu uma população alargada. O bairro era denso e pobre, mas estuante de vida, e a carvoaria abastecia a freguesia abaixo da catedral, da Rua Escura até Santana. E, apesar de haver mais dois carvoeiros, na Bainharia e em São Sebastião, em matéria de clientes batia-os aos pontos. Havia também o “cinema” gratuito. O espectáculo das descargas dos camiões carregados de carvão. Como o trabalho era braçal, com suor, o divertimento da catraiada consistia em pôr-se a ver os carregadores – homens e mulheres -, pretos da cabeça aos pés, a quem só o branco dos olhos reluzia, transportando, derreados, o carvão. O mesmo sucedia com os molhos de carqueja, da Ribeira até Santana, levados pelas carrejonas, a pé, muitas delas descalças. E o espectáculo abrangia ainda o ir ver os barcos rabelos atestados daquela acendalha essencial aos fornos do Burgo, e, além da carqueja, achas de madeira, maná dos deuses para queimar nas fornalhas de quem as podia comprar. Tudo para transportar com a tecnologia da época às costas dos que mourejavam os dias para ganhar o simples direito à sobrevivência.
É por isso que um amigo meu, natural da Sé, que viveu esses acontecimentos, falando com o coração nas mãos, disse que, quando por lá vê “esses jovens a drogarem-se, sem norte nem futuro”, se lembra desses tempos difíceis e dos filhos da gente que tanto se sacrificou para “sermos os homens que hoje somos”. E desabafou “Este país, que tanto lhe deve, esqueceu-a. Não se fazem homenagens aos heróis anónimos, aos desconhecidos que contribuíram para o engrandecimento desta terra. É como se não existissem. Ninguém se lembra deles.”
Lembro-me eu. Dessa cidade e desses sítios carregados de problemas, mas também de dignidade. Lembro-me e aqui os evoco.
https://jn.sapo.pt/2008/05/15/porto/do_esquecimento.html
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2. Biomassa sem apoio da UE
Ainda não saiu do papel o projecto de produção de biomassa na Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Murça. O sistema de aproveitamento das águas ruças e bagaços húmidos resultantes da produção de azeite foi desenvolvido por investigadores do Departamento de Química da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), mas está dependente da obtenção de fundos comunitários para ser implementado. “Sem eles dificilmente conseguiremos fazer alguma coisa”, revela o presidente da cooperativa, Alfredo Meireles.
https://jn.sapo.pt/2008/05/15/norte/biomassa_apoio_ue.html
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3. PDM estrangula progresso em muitas aldeias
O presidente da Junta de Freguesia de Côta, Joaquim Polónio, considera que o Plano Director Municipal (PDM) de Viseu, em vigor desde 1995, continua a promover a desertificação dos meios rurais ao restringir a construção em muitas zonas com potencial urbanístico.
https://jn.sapo.pt/2008/05/15/norte/pdm_estrangula_progresso_muitas_alde.html
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4. Guarda: Energia alternativa na Quinta da Maúnça
A Câmara da Guarda vai dotar o Espaço Educativo Florestal – Quinta da Maúnça, localizado nos arredores da cidade, com energias alternativas, instalando equipamentos que permitam abandonar as energias comuns, disse à Lusa fonte autárquica.
Segundo a vereadora Lurdes Saavedra, responsável pelo pelouro do Ambiente, a autarquia deliberou instalar um aerogerador (aproveitamento da energia do vento) e uma central fotovoltaica (aproveitamento da energia solar) para produção de energia eléctrica e aquecimento de águas sanitárias.
Por outro lado, numa parceria com entidades espanholas, a Câmara candidatou ao programa comunitário “Interreg” a construção de uma central de compostagem (conjunto de técnicas aplicadas para controlar a decomposição de materiais orgânicos) que, a ser concretizada, possibilitará o aquecimento de águas sanitárias a partir de resíduos florestais.
https://jn.sapo.pt/2008/05/15/norte/energia_alternativa_quinta_maunca.html
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5. Já fecharam 100 lojas no centro histórico
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Vila Real (ACIVR), Fernando Cardoso diz que “está ser muito difícil para os pequenos comerciantes resistir à concorrência dos hipermercados , tendo encerrado nos últimos anos cerca de 100 lojas só no centro histórico da cidade”.
https://jn.sapo.pt/2008/05/15/norte/ja_fecharam_lojas_centro_historico.html
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6. Abaixo-assinado reclama uma solução para canil
Maria da Conceição Bento, que arcou com as despesas de construção do canil de Monte Penedo, em Milheirós, na Maia, está indignada com a decisão da Câmara de demolir aquela estrutura, que acolhe cerca de 20 cães resgatados ao abandono.
“Estou disponível para ajudar as pessoas a construírem um canil, em condições, num local que seja possível licenciar”, afirmou, ao JN, o presidente da Câmara da Maia. Bragança Fernandes repetiu que as instalações improvisadas no Monte Penedo não tem as mínimas condições – desde logo, não tem água – e que aquele local é reserva florestal, pelo que o equipamento nunca poderá ser licenciado. O autarca demonstra, porém, abertura para encontrar uma solução.
https://jn.sapo.pt/2008/05/15/porto/abaixoassinado_reclama_solucao_para_.html
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Selecção hoje feita por Cristiane Carvalho
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