O que “declarou o Presidente da Câmara
Ao JN: «”Quem esteve na concentração merece-me respeito porque é capaz de se mobilizar por amor à cidade. Mas estamos a falar de algo irreversível. As críticas têm a ver com estética e são feitas com base em informações correctas. Não me importo nada de incentivar os dois arquitectos [Siza Viera e Souto Moura] a falar com estas pesssoas para tirar dúvidas”.
As declarações do presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, feitas, ao JN, horas depois da concentração, deixam transparecer que o diálogo é ainda possível, mas só se os autores do projecto estiverem disponíveis.
“A nível da Câmara foram dadas todas as informações sobre o projecto, que só aparece porque se decidiu (e não fui eu) que deveria haver uma estação do metro nos Aliados. Por mim, as estações da Trindade e de S. Bento eram suficientes”. »
Ao Público: «”Os temores desaparecerão”
PÚBLICO – Reconhece algum fundamento às críticas dos manifestantes?
RUI RIO – As pessoas que fizeram essa acção de protesto não ganham nada com isso, fazem-no porque se preocupam com a cidade e isso merece todo o respeito. Como não o têm feito com mentiras nem com falsidades, mas com argumentais leais, só posso achar positivo. Contudo, não concordo quando dizem que houve pouco debate: mandámos um mailing para todas as caixas de correio da cidade, dedicámos muito espaço de uma revista da câmara ao projecto, houve uma apresentação pública nos paços do concelho e uma assembleia municipal.
As pessoas foram confrontadas com factos consumados. O projecto tinha que ser feito e nunca colheria unanimidade. As pessoas contestam a retirada dos canteiros, mas não era possível repor os canteiros porque a placa central vai ficar mais pequena oito metros, por força das bocas de entrada e saída da estação de metro. Portanto, não há espaço físico para voltar ao que era. Podia-se pôr outros canteiros, mas ficariam muito estreitos e inestéticos. Já a questão da pedra [cubos de granito] poderia ser alterada, mas essa é uma opção estética dos arquitectos. A actual calçada será recolocada na zona envolvente, provavelmente na Rua de Sampaio Bruno, logo não se perde.
O projecto não poderá ser alterado?
Terá que perguntar aos arquitectos. Ao nível dos traços fundamentais, penso que não, mas até poderei acarinhar alguma proposta que queiram apresentar aos arquitectos. Se Souto Moura estiver disponível para fazer uma sessão, estou convencido que os temores das pessoas desaparecerão como os meus desapareceram. A opção dos arquitectos foi fazer uma avenida desde os Aliados até às Cardosas e o desenho foi condicionado em parte pela estação do metro.»
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Rui Rio, num momento de lucidez? Ou será que a educação o assusta?
Da declaração do Presidente da Câmara
«Já a questão da pedra [cubos de granito] poderia ser alterada, mas essa é uma opção estética dos arquitectos.»
depreendemos que, quando a Câmara encomendou o projecto, não elaborou um caderno de encargos que salvaguardasse sem hesitação as características da Praça e Avenida, que preservasse esse património que ela mesma tinha proposto para classificação pelo IPPAR em 1993. Lindo serviço à cidade!
«Contudo, não concordo quando dizem que houve pouco debate: mandámos um mailing para todas as caixas de correio da cidade, dedicámos muito espaço de uma revista da câmara ao projecto, houve uma apresentação pública nos paços do concelho e uma assembleia municipal.» ?!
Bem estranho este conceito de debate! mailing!? espaço na revista da camara!?
Sobre estes dois primeiros meios referidos como se pode processar o debate?
No caso da apresentação do projecto nos Paços do Concelho, não se fizeram esperar as reações públicas. E foi justamente por nao se querer debate que se observou com enfado que “era impossível realizar algum projecto, sem que se levantassem uma série de vozes em protesto”.
E claro que surgiram, e ainda bem que surgiram! E não faltou vontade de debater (pode seguir-se o historial da discussão aqui)o projecto da chamada requalificação da Avenida dos Aliados e da Praça da Liberdade
Mas qual foi a resposta do Presidente da Câmara? E da Assembleia Municipal? Não estiveram de todo à altura da confiança democrática que os portuenses neles depositavam.
Sobre o suposto debate por ocasião da presença dos arquitectos na Assembleia Municipal, tem que se esclarecer que a intervenção do publico só acontece no final e na referida sessão em que os arquitectos estiveram presentes, estes e mais o presidente da câmara abandonaram a sala justamente antes dessa fase.
Por isso não se pode afirmar que tenha ouvido debate com todas as partes envolvidas.
E é justamente por não ter havido debate que estamos no ponto em que estamos.
(E sobretudo que não se confunda debate com a “consulta pública” prevista na lei para intervenções desta envergadura!)
Aliás Rui Rio afirma «As pessoas foram confrontadas com factos consumados. O projecto tinha que ser feito e nunca colheria unanimidade.»
É bem verdade: factos consumados. Mas por que razão teria que ser feito o projecto?
«As pessoas contestam a retirada dos canteiros, mas não era possível repor os canteiros porque a placa central vai ficar mais pequena oito metros, por força das bocas de entrada e saída da estação de metro. Portanto, não há espaço físico para voltar ao que era.»
Que se saiba as bocas de saída do Metro dos Aliados(dessa tal estação que ninguém justifica, e que os entendidos e PROFISSIONAIS não contestaram na devida altura) apenas existem na primeira plataforma da Avenida! A zona ajardinada que foi destruída foiesta , tudo o resto está intacto!
Também nas audições da Comissão Parlamentar os represntantes do Metro e do IPPAr falaram como se intervenção urbana à superfície de toda a Avenida e da Praça fosse algo obrigatório e necessário decorrente da “implantação do metro”. É incorrecto!