… com tristeza e raiva.
« (…) Mas o que mais me impede de o fazer [ comentar no blogue] é, na verdade, o que lhe disse: o desespero de ver aquilo que se atrevem (para mim é atrevimento!) a fazer a um dos símbolos mais queridos do Porto e à nossa mais bela avenida, na minha modesta opinião, visto os estragos que entretanto já fizeram noutras. Não há respeito por nada, e não ficarei surpreendida se dali tirarem as estátuas dos Meninos e da Menina Nua , que tão desamparados vão ficar. Assim acaba-se com a “memória de tudo”, arruma-se também o escultor Henrique Moreira para um canto e já não estorva ninguém.
Valem-me as muitas fotografias e recordações do “Porto autêntico”, pessoas como os muito poucos que tiveram a coragem de se manifestarem na Praça e não se deixarem engolir pelas falsas “elites” sem primeiro bater o pé. Que vergonha só lá irem umas dezenas de pessoas. Vergonha para os restantes que não foram e tinham obrigação de lá estar.
Peço desculpa por me estar a alongar tanto, não é meu costume. Como o escultor Henrique Moreira, não gosto de magoar ninguém, mas o estado em que vejo a Avenida, pelas excelentes fotos que tem a gentileza de publicar no seu blogue, veio abrir feridas antigas e trazer-me à memória as “desfeitas” que a Câmara destes e doutros governos “nos” têm feito ao longo dos anos.
Acredite que faço parte daqueles que mais choram pelo que se está a passar, mas não é só choro de tristeza, é choro de raiva contra a arrogância, a brutalidade, a falta de consideração e de honestidade de meia dúzia de ignorantes que se julgam ilustres e importantes e ignoram uma petição de mais de 7000 cidadãos, esses sim ilustres, dignos e “altamente qualificados”.
Quando a Menina Nua foi colocada na Avenida e houve protestos por parte de certas
cidadãs que se sentiam ofendidas e não a queriam ali exposta com toda a sua nudez (chegando a ir de noite cobri-la com lençóis), os motoristas dos táxis da Praça e restante população das vizinhanças opuseram-se e fizeram ver à Câmara o disparate das razões apresentadas. Nesses tempos bastou o povo lá ir expor as suas razões, apoiar a Câmara que tinha feito a escolha do local. Hoje, não chegam 7000 assinaturas de cidadãos indignados.
Um abraço “de tripeira” destas paragens longínquas e coragem para o que vier!»
M.R.L. – tradutora (enviado de Toronto, Canada)
Arquivado em ALIADOS-OPINIÃO
0 comentários