«Temo não vir dizer nada de novo mas, e apesar de não possuir o dom da palavra, pretendo deixar aqui o meu parecer sobre esta problemática que nos toca a todos sem excepção.
Sou aluno de Conservação e Restauro e tenho sido educado, ao longo da minha licenciatura, a não restaurar. Parece uma contradição, não? Antes pelo contrário; deve ser imperativo o acto de conservar de preservar o existente – o tão afamado original em que muitos se refugiam ou que dele facilmente se esquecem. Apesar de se ter evoluído no sentido de novas técnicas de Restauro cada vez mais inócuas e reversíveis, não será por esse motivo que se vai começar um desenfrear de intervenções “em nome do progresso” destruindo (sim, não se trata de desfigurar ou transformar, antes destruir) tudo o que de belo e excepcional se fez pela Cidade e que nos torna (re)conhecidos no estrangeiro.
Não quero, contudo, dizer que o património seja um entrave ao progresso. No meu entender, o progresso só é atingido, no seio de uma cultura civilizada, quando se alia ao património cultural e não quando o destrói. Falemos da Praça dos Leões que se tornou uma enorme praça, ampla sim, mas inerte; falemos do Edifício do Relógio (onde agora está a Casa da Música); falemos da Avenida Nova que começa no Nó de Francos e se prolonga até ao INATEL que, não fosse uma população atenta, corria o risco de também desaparecer (bem como o último reduto daquilo que foi em tempos uma grande Quinta).
Não seria mais produtivo fazer a limpeza das fachadas tão enegrecidas pela poluição que tornam a cidade cada vez mais sombria, uma cidade a que muitos se dirigem como Romântica? Só falta agora substituir os eléctricos velhinhos por uma versão reduzida do Metro… sim, suponho que os carris espalhados pelas ruas da Cidade sejam para o eléctrico. Veremos!
O que quero dizer, no fundo (do ponto de vista ético-moral), é que progresso e património devem coexistir, se possível, na Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade. O Metro está enterrado (e é útil digam o que disserem), porquê enfiar no mesmo saco a requalificação da superfície? É para melhor, dizem uns… não creio! E tal se tem comprovado pelo crescente número de comentários que têm vindo a ser feitos ás obras em questão.
Os portugueses sempre se refugiaram no passado. Há que dar passos para a frente mas controladamente e sem desvirtuar espaços ou caluniar o Porto, cidade Património Mundial…»
Inertes… sim, os espaços roubados à nossa memória, onde ninguém passa ou encontra, os largos para fachada duma cidade pseudo-moderna. Ainda hoje, ao olhar o elefante branco (também dum “grande”arquitecto) o Edificio Transparente no Castelo do Queijo! Que dôr nos dá de tanto nos mancharem a paisagem! Esqueci-me de dizer que vi na Visão da semana passada, no Sete, pag.4, uma referência – finalmente – ao blog Aliados e à discussão em curso.
Tentemos sempre.
EP
E aquela malfeitoria na rotunda do castelo do queijo! Colocar a estátua equestre em cima de uma paragem de autocarro! Cabeças pensantes de famosos arquitectos
antonio gonçalves